Mulher de 70 conhece homem de 45 e nasce uma paix�o em "Os jovens amantes"

Poucos dias antes de morrer, em decorr�ncia de c�ncer, em agosto de 2015, a diretora e roteirista americano-islandesa S�lveig Anspach deixou uma recomenda��o para sua equipe. O roteiro que ela havia escrito, baseado na hist�ria de sua pr�pria m�e, deveria ser enviado para outra diretora e roteirista.

Foi desta maneira que a francesa Carine Tardieu conheceu a hist�ria de “Os jovens amantes”. Um dos 17 longas-metragens in�ditos no Brasil que comp�em a programa��o do Festival Varilux de Cinema Franc�s. O drama rom�ntico tem sess�es desta ter�a-feira (28/6) at� o pr�ximo dia 5/7, em tr�s salas de Belo Horizonte.  

Shauna (Fanny Ardant) e Pierre (Melvil Poupaud) se conhecem em meio a uma situa��o-limite. Ele � o m�dico da melhor amiga dela, que est� morrendo em um hospital. Quinze anos depois,  ele se reencontram. Ela � uma vi�va de 70 anos; ele, um casado pai de fam�lia de 45. A despeito das diferen�as, eles se apaixonam de maneira avassaladora. 

E ainda que a personagem de Shauna pare�a ser o elo fr�gil da rela��o, � Pierre o mais impactado com os problemas que surgem � frente. Existe, de certa forma, uma invers�o de pap�is. “Ele tem suas pr�prias feridas e n�o para de avan�ar. Quando se depara com sua pr�pria hist�ria de amor, acaba desmoronando”, afirma Carine. 

 

 

 

A hist�ria que chega � tela n�o � exatamente o roteiro de S�lveig, cineasta que fez toda a carreira na Fran�a. “Ele era mais concentrado no casal principal. Com minha coautora (Agn�s de Sacy), criamos personagens secund�rios fortes. Quer�amos personagens que existem de verdade, n�o est�o ali s� para aparecer em cena”, afirma a diretora.

� desta maneira que a presen�a de Jeanne (C�cile de France), a mulher de Pierre e m�e de seus filhos, se torna crucial para a narrativa – e para o destino dos amantes. Mesmo que lide com temas dif�ceis como luto, doen�a e morte, o filme n�o resvala no melodrama. H�, inclusive,  cenas el�tricas que se d�o de maneira simples, como o primeiro encontro de m�os de Shauna e Pierre, o beijo quase roubado em um beco de Paris.

Fanny Ardant, hoje com 73 anos, tinha a mesma idade de Shauna durante as filmagens, no final de 2020. Foi a primeira op��o de Carine. “Eu n�o queria uma atriz que tivesse feito modifica��es est�ticas no rosto. A Fran�a est� cheia de atrizes de 70 que pretendem ter 50. Queria algu�m que assumisse a idade que tem, e s� h� duas int�rpretes assim hoje”, diz Carine. Uma � Fanny Ardant e a outra, diz a diretora, Charlotte Rampling.

Assim como as op��es de int�rpretes eram poucas, o tema tratado em “Os jovens amantes” tamb�m � raro. “Quando uma atriz atinge os 50 anos, n�o encontra mais pap�is para hist�rias de amor. Ela n�o � mais chamada para este tipo de filmes, como tamb�m n�o est� apta para fazer uma personagem mais velha. Hoje existe na Fran�a at� uma associa��o para isto”, comenta Carine.

Em 2015, a Associa��o de Atrizes e Atores da Fran�a (AAFA) criou a comiss�o Tunnel de la Com�dienne de 50 ans, para advogar pela representa��o das mulheres com mais de 50 anos no cinema e na televis�o.

 

Lan�ado no in�cio deste ano nos cinemas franceses, “Os jovens amantes” fez um p�blico de 400 mil pessoas. “Um n�mero �timo para um filme independente na p�s-pandemia. Mas, se estiv�ssemos em um cen�rio normal, ele faria o dobro”, comenta a diretora. A dificuldade que o cinema de autor vem tendo para chegar at� o p�blico, algo que n�o � exclusivo da Fran�a, � considerada “catastr�fica” pela diretora.

“O setor j� estava fragilizado com o crescimento das plataformas (antes da crise sanit�ria). Com a pandemia, as pessoas simplesmente perderam o h�bito de ir ao cinema. E � algo meio bizarro, porque restaurantes e teatros est�o cheios de novo. Meu receio � que o cinema n�o voltar� mais a ser o que era.”

(2022, 114min., de Carine Tardieu, com Fanny Ardant, Melvil Poupaud e C�cile de France) – Nesta ter�a (28/6), �s 14h30, no P�tio Savassi e �s 19h05, no Ponteio; quarta (29/6), �s 19h10, no P�tio Savassi; quinta (30/6), �s 20h15 e ter�a (5/7), �s 18h25 no Centro Cultural Unimed-BH Minas.