
Morando no Rio de Janeiro desde 2019, quando se apresentou em Belo Horizonte pela �ltima vez, o cantor e compositor Renegado rompe o hiato sem o contato presencial com o p�blico de sua cidade natal e faz neste domingo (31/7), no Catavento Cultural, show que celebra os 10 anos de lan�amento de “Minha tribo � o mundo”.
Cria do Alto Vera Cruz – comunidade de onde despontou a bordo do grupo de rap N.U.C. (Negros da Unidade Consciente) –, ele diz estar entusiasmado com a possibilidade do reencontro com seus f�s na capital mineira.
A apresenta��o celebra uma d�cada de lan�amento do �lbum que � um ponto de virada em sua carreira, mas o repert�rio � bem mais abrangente. Renegado vai mostrar m�sicas de toda a sua discografia, desde “Do Oiapoque a Nova York” (2008) at� o trabalho mais recente, “1221”, um �lbum calcado em participa��es especiais que est� em processo, com novos singles sendo apresentados periodicamente.
Cl�ssicos da MPB
O show conta, ainda, com vers�es para cl�ssicos da m�sica brasileira, como “R�u confesso”, de Tim Maia, “Mas que nada”, de Jorge Ben Jor, “A carne”, gravada por Elza Soares, al�m de sucessos atuais, como “Malvad�o 3”, de Xam�, e “Freio da Blazer”, de L7nnon. A salada musical est� em estreita conson�ncia com o �lbum que o show celebra, segundo Renegado.
“Quando lancei o ‘Do Oiapoque a Nova York’, comecei a acessar lugares onde pessoas que nasceram no Alto Vera Cruz normalmente n�o acessam; foi um disco que me possibilitou viajar muito, conhecer muitas coisas diferentes. Fui criado no rap, no funk, no samba, e a� veio o ‘Minha tribo � o mundo’, que me colocou dialogando com outros ritmos, me ensinou muito sobre me desconstruir; foi quando essa palavra come�ou a orbitar meus pensamentos”, diz.
Com efeito, os trabalhos que sucederam “Minha tribo � o mundo” – o DVD “Suave ao vivo” (2014) e os �lbuns “Relatos de um conflito particular” (2015), “Outono selvagem” (2016) e “Su�te Masai” (2019), gravado com a Orquestra Ouro Preto – apontam para diversos caminhos al�m do universo hip hop. “O Renegado virou uma fus�o art�stica. Trago na bagagem coisas que me influenciaram l� atr�s, que me influenciam hoje e que eu projeto para o futuro”, afirma.
"Pensei, ent�o, em fazer um show onde todas as tribos se encontram. Sei que meu p�blico hoje � muito variado, vai do moleque de 15 anos � senhora de 60, o que � fruto do di�logo que me proponho a fazer. Estipulei para mim que n�o vou ter fronteiras"
Renegado, cantor e compositor
Sem fronteiras
Aludindo ao t�tulo do �lbum que o show celebra, ele diz que sua tribo n�o � uma s�, s�o v�rias. “Pensei, ent�o, em fazer um show onde todas as tribos se encontram. Sei que meu p�blico hoje � muito variado, vai do moleque de 15 anos � senhora de 60, o que � fruto do di�logo que me proponho a fazer. Estipulei para mim que n�o vou ter fronteiras”, diz.
Transitando entre o pop, o pagode, o R&B e o rap, “1221” � uma reafirma��o dessa postura, com Renegado soltando a voz em faixas ao lado de convidados como a jovem cantora ga�cha Mih, o produtor pernambucano de brega-funk JS M�o de Ouro, o cantor baiano Jall e o grupo carioca de pagode Bom Gosto.
O �lbum, que se constituir� como tal quando forem lan�ados 12 singles previstos, tamb�m traz o artista ao lado de Elza Soares, com quem vinha desenvolvendo uma s�rie de projetos pouco antes da morte da cantora, em janeiro passado, e a quem ele dedica um espa�o de homenagem no show de hoje, executando, al�m de “A carne”, duas faixas que gravaram juntos – “Neg�o Negra” (2020) e “Black power” (2021).
Pr�ximo de Elza
“Eu me aproximei muito da Elza a partir da mudan�a para o Rio de Janeiro. A gente fez live, que virou show, que virou turn�. Fui a �ltima pessoa a dividir palco com ela. No dia 19 de dezembro, a gente fez uma apresenta��o para 30 mil pessoas e pouco depois ela partiu, sem dar aviso; estava muito ativa, fez as entregas todas que tinha que fazer”, recorda.
Ele diz que a conviv�ncia com ela foi um aprendizado. “Quando a gente � artista jovem, tem uma ansiedade natural de tudo. Depois, voc� vai perdendo essa ansiedade e, �s vezes, vai ficando uma coisa, n�o digo automatizada, mas cotidiana. Elza nunca perdia o frio na barriga, mas, ao mesmo tempo, tinha a sabedoria de n�o se deixar levar demais pela emo��o. Ela me acolheu e me ensinou coisas que eu precisava saber. A gente ria, se confidenciava.”
Renegado confia em que a parte do show de hoje em que presta homenagem a Elza vai emocionar o p�blico. Ele adianta que, mais do que simplesmente m�sica, ser� uma “viv�ncia” do que foi a rela��o entre os dois. “Vai ser muito especial, porque a gente quis trazer uma experi�ncia da presen�a da Elza para o p�blico”, afirma.
RENEGADO
Show em celebra��o pelos 10 anos de lan�amento do �lbum “Minha tribo � o mundo”, neste domingo (31/7), �s 17h, no Catavento Cultural (Rua Ozanam, 700, Ipiranga. A casa abre �s 14h). Ingresso a partir de R$ 30, � venda no Gofree.