Boogarins promete "acelerar" no MecaInhotim com hits do Clube da Esquina

N�o � de hoje que a banda goiana Boogarins � comparada ao Clube da Esquina. Desde que surgiu e ganhou proje��o dentro e fora do Brasil, a partir de 2013, com o �lbum "As plantas que curam", o grupo ecoa algumas das caracter�sticas do trabalho dos m�sicos, compositores e letristas mineiros que se reuniram em torno da m�sica para, em 1972, entrar para a hist�ria com o �lbum "Clube da Esquina".

"Artistas como Milton Nascimento, L� Borges, Toninho Horta e Beto Guedes s�o uma fonte inesgot�vel de refer�ncia para n�s. E acho que n�s da Boogarins nos sentimos no mesmo lugar que essa galera se sentia nos anos 1970, de tratar a m�sica brasileira com liberdade, inserindo nela refer�ncias que v�o do jazz ao rock, apresentando todo um universo", explica o vocalista Dinho Almeida.

A banda – formada tamb�m por Benke Ferraz, Raphael Vaz e Ynai� Benthroldo – � uma das atra��es do festival MecaInhotim, que ser� realizado a partir da pr�xima sexta (12/8) at� domingo (14/8), no Instituto Inhotim, em Brumadinho. Al�m dos Boogarins, se apresentam no evento Caetano Veloso, Alceu Valen�a, Fernanda Takai, a cantora Majur, a dupla Clara x Sofia e o DJ Vhoor.

A apresenta��o do Boogarins est� programada para o �ltimo dia do Meca, junto com Alceu Valen�a. N�o ser� um show convencional. A banda goiana apresentar� releituras do Clube da Esquina e outras can��es lan�adas por Milton, L�, Beto e Toninho como artistas solo ainda nos anos 1970.

''Milton Nascimento, L� Borges, Toninho Horta e Beto Guedes s�o uma fonte inesgot�vel de refer�ncia para n�s. E acho que n�s da Boogarins nos sentimos no mesmo lugar que essa galera se sentia nos anos 1970, de tratar a m�sica brasileira com liberdade''

Dinho Almeida, vocalista

Na ocasi�o, eles apresentaram oito can��es, entre elas "Trem de doido", "Paula e Bebeto", "Um girassol da cor do seu cabelo" e "Amor de �ndio", al�m das m�sicas autorais "Tempo" e "Auchma". Para a apresenta��o no Meca, saem as m�sicas pr�prias e entram outras do Clube, que ajudar�o a formar um show especial em homenagem ao movimento.

"Vamos ter novidades no repert�rio e incluir algumas m�sicas que s�o mais 'pop', digamos. S�o as mais conhecidas. Como � um show de festival, a nossa ideia � agradar o p�blico. Ent�o vamos acelerar um pouco", afirma o vocalista.

Segundo ele, a releitura das m�sicas acontece naturalmente, porque a banda tem uma abordagem muito livre nas apresenta��es ao vivo. "O Boogarins tem essa coisa de ser uma banda de estrada. A pandemia esfriou um pouco a gente, mas agora estamos retomando isso. Come�ou como um projeto dentro do quarto e de repente a gente se viu muito na estrada. E nosso jeito � pegar as m�sicas e faz�-las serem vivas a cada noite", ele diz.

“Essa coisa de repaginar � algo que a gente faz com nosso pr�prio repert�rio e com essas m�sicas lindas do Clube da Esquina vamos partir desse mesmo lugar", acrescenta. "A ideia � colocar os elementos caracter�sticos do nosso trabalho e lidar com a m�sica com muita liberdade. �s vezes a gente estica um arranjo de voz. Em outras a gente acrescenta um solo. � algo que acontece no momento que est� acontecendo. E n�o � a partitura da m�sica que molda o que a gente sente enquanto est� tocando."

Refer�ncia

Quando o Boogarins surgiu, a banda foi muito associada � neopsicodelia, estilo encabe�ado pelo projeto Tame Impala, do m�sico australiano Kevin Parker. Por essa raz�o, a banda ganhou proje��o internacional e, no exterior, passou a ser comparada aos Mutantes e  a outros artistas da Tropic�lia. No entanto, a principal refer�ncia do quarteto sempre foi o Clube da Esquina.

"Desde o in�cio sinto que a gente respira como esses artistas de Minas. A gente se sente no mesmo lugar que essa galera se sentiu. Talvez por sermos uma banda de Goi�nia. Quem comparou a gente com Tame Impala ou com Mutantes n�o ouviu Clube da Esquina e os artistas que fizeram parte desse universo nos anos 1970. Eles s�o a base de todo o nosso trabalho", pontua Dinho.

Ele conta que cresceu ouvindo Clube da Esquina, muito sob a influ�ncia dos pais, ainda na inf�ncia. Depois, na juventude e na adolesc�ncia, lembra que redescobriu os discos e come�ou a enxerg�-los como os trabalhos monumentais que s�o.

"Essas m�sicas marcaram a minha inf�ncia. J� mais velho, quando eu fui escut�-las de novo, eu lembro de perceb�-las do tamanho que elas s�o: grandiosas. Eu escutava e pensava: 'Isso aqui � uma pintura. Isso aqui � uma pancada na cabe�a'", conta.

Dinho considera, portanto, que conheceu o �lbum "Clube da Esquina" (1972) em dois momentos. "Tive esse primeiro momento de ouvir o �lbum meio perdido junto com meus pais e depois ouvir de novo, mais velho, pescando mem�rias escondidas. Foi nesse segundo momento que eu percebi a pancada que eram as estruturas musicais desse trabalho. � um disco que te impacta conforme voc� vai ouvindo", analisa.

Desde que a banda ganhou a notoriedade que tem hoje, foram poucas as vezes em que eles dividiram o palco com seus �dolos. Uma delas foi no festival Psicod�lia, em Rio Negrinho (Santa Catarina). Na edi��o de 2018, o Boogarins se apresentou no evento, assim como L� Borges.

"Nessas situa��es, a gente fica t�mido. Conversamos um pouco com ele e falamos um pouco sobre m�sica. Recentemente, encontrei um cara que trabalha junto com o L� e ele me disse que ele [o L� Borges] gostou muito das nossas vers�es para o Clube da Esquina", comenta.

"Mas eu confesso que n�o queria muito saber se eles gostaram ou n�o. Queria saber o que eles acham da nossa m�sica. Se eles percebem o eco do trabalho deles no nosso. Se sentem com essa responsabilidade e t�m consci�ncia de que aquilo que eles fizeram no passado gerou frutos", afirma.

Assim que foi anunciada, a apresenta��o do Boogarins em homenagem ao Clube da Esquina gerou uma certa como��o entre os f�s da banda e os f�s do movimento, que pediam por mais shows nesse formato. Por enquanto, n�o h� planos de estender essa homenagem ou eterniz�-la de alguma maneira. No entanto, Dinho afirma que, se a demanda surgir, o Boogarins tentar� supri-la.

"Na nossa carreira, a gente sempre fez as coisas que 'pintam' para a gente fazer. Se eu te falar que agora n�s temos planos para esse projeto, vou estar mentindo, porque n�s realmente n�o temos. Mas se surgir algum contratante que queira esse show ou algu�m que queira patrocinar um registro desse show, a�, sim, n�s podemos come�ar a conversar", ele diz, aos risos.

 

Atualmente, a banda trabalha em um novo �lbum de est�dio, que est� em fase de pr�-produ��o. "Nosso sonho � que at� o final do ano alguma coisa nova seja lan�ada", ele afirma. Se isso se concretizar, este ser� o s�timo �lbum de est�dio da banda, sucessor de "Manchaca vol. 1" (2020) e "Manchaca vol. 2" (2021). Tamb�m fazem parte da discografia do grupo os �lbuns "Manual" (2015), "L� vem a morte" (2017) e "Sombrou d�vida" (2019).

Sexta (12/8), s�bado (13/8) e domingo (14/8). Instituto Inhotim, Rua B, 20, Brumadinho. Ingressos: Passaporte para os tr�s dias, a partir de R$ 990; Sexta e domingo, a partir de R$ 290. Os ingressos avulsos para s�bado est�o esgotados. O ingresso d� direito � visita��o completa do Instituto Inhotim. � venda no site www.ingresse.com/mecainhotim202. Mais informa��es: @mecalovemeca, no Instagram.

Al�m dos shows musicais, realizados no per�odo da noite, o MecaInhotim 2022 contar� com programa��o diurna de experi�ncias, DJs sets e visita��o das galerias de arte e jardins do Instituto de Arte Contempor�nea. O p�blico do festival poder� participar de oficinas de ioga, dan�a, fotografia, mandala bot�nica e massagem coletiva.

Entre os palestrantes que v�o participar do evento est�o o ex-BBB Jo�o Pedrosa, integrante da 21ª edi��o do reality show, e a jornalista Alana Rizzo, l�der de pol�ticas p�blicas e rela��es governamentais do YouTube no Brasil.

Tamb�m conduzir�o palestras Samantha Almeida, J�lio Beltr�o, Marcela Ceribeli, Daniela Arrais, Barbara Soalheiro, Geni N��ez, Bruna Frog, Giovana Heliodoro e Marcelo Rocha.

O MecaInhotim receber� apresenta��es dos DJs Discos Baratos (Gui Scott e PHP), DJ Feu, DJ Naroc, Julia Weck, Kingdom, Mareh Music (Guga Roseli e Rafael Cancian) e Cleu e Guima.