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Estado de Minas ARTES VISUAIS

Bob Wolfenson abre amanh� sua primeira individual em Belo Horizonte

Exposi��o do fot�grafo passeia por diversas vertentes da sua produ��o e ficar� em cartaz na Galeria do Minas T�nis Clube desta quarta-feira (17/8) at� outubro


16/08/2022 04:00 - atualizado 15/08/2022 23:35

Conjunto de prédios fotografado com luz do cair da tarde
O registro de cen�rios urbanos � uma das vertentes do trabalho do fot�grafo Bob Wolfenson, que celebra 50 anos de carreira (foto: Bob Wolfenson/Divulga��o)

"Se h� alguma originalidade no meu trabalho, ela reside justamente nessa possibilidade de eu estar para l� e para c�, um tanto desnorteado. Algu�m que perceba o conjunto da minha obra vai ver que eu sou v�rios"

Bob Wolfenson, fot�grafo


Uma trajet�ria de 50 anos ainda comporta estreias: um dos mais celebrados fot�grafos do pa�s, o paulistano Bob Wolfenson exp�e seu trabalho pela primeira vez em Belo Horizonte, na Galeria de Arte do Centro Cultural Unimed-BH Minas, a partir desta quarta-feira (17/8). Intitulada “Desnorte”, a mostra re�ne cerca de 120 imagens produzidas por ele, divididas em retratos, fotos de moda, polaroides, registros de viagens tur�sticas e de viagens em busca de loca��es, anota��es fotogr�ficas e �lbum de fam�lia.

A exposi��o, batizada com o mesmo nome do livro que celebra as cinco d�cadas de carreira de Wolfenson, lan�ado no ano passado, tem como principal caracter�stica a desordem tem�tica. Segundo o fot�grafo, isso � o que o define: um misto de todos os estilos. “Eu tento oferecer uma viagem pelos caminhos que percorri, mostrando por onde andei e as pessoas que conheci”, diz.

Ele observa que o livro do qual a mostra deriva tamb�m foi concebido de forma a n�o se prender a nenhuma tem�tica, ou seja, sem um norte, mas com o desejo de que pudesse lan�ar uma panor�mica sobre toda a sua trajet�ria. Wolfenson diz que, ao longo desses 50 anos, passeou por muitas vertentes e muitas disciplinas da fotografia.

“Nesse sentido, penso que, se h� alguma originalidade no meu trabalho, ela reside justamente nessa possibilidade de eu estar para l� e para c�, um tanto desnorteado. Algu�m que perceba o conjunto da minha obra vai ver que eu sou v�rios”, diz. Ele ressalva, contudo, que tanto o livro quanto a exposi��o n�o se constituem apenas de imagens jogadas ao l�u. 
 
Vista do edifício Copan, em São Paulo
A imagem do Edif�cio Copan, em S�o Paulo, est� entre as mais conhecidas de Wolfenson, tamb�m famoso por seus retratos de personalidades (foto: Bob Wolfenson/Divulga��o)

Sele��o com nexo

“A sele��o que fiz � subjetiva, mas n�o � uma ca�ada aleat�ria; h� conex�es formais, de conte�do, de movimento, de assunto. Existe nexo”, aponta, destacando o trabalho de coedi��o do livro – que traz 128 imagens – feito pelo designer Eduardo Hirama, tamb�m respons�vel pelo projeto gr�fico.

O fot�grafo diz que nem tudo o que est� no livro est� na exposi��o e vice-versa. “Algumas coisas sa�ram, outras entraram. O ponto de partida foi o livro, mas ele se modificou nas paredes. Tem fotografias que funcionam mais na impress�o em papel, outras que ficam melhor expostas, e por a� fomos trabalhando”, aponta. Ele diz que, na mostra, o espa�o para os retratos � ampliado, j� que essa � a modalidade pela qual sua persona p�blica � mais reconhecida. 

Do alto de seus 68 anos, Wolfenson pontua que a fotografia, presente em sua vida desde os 16, tornou-se mais do que um trabalho; passou a ser voca��o e mesmo sua forma de ver o mundo. “No come�o, foi o meu of�cio, e ao longo dos anos foi entrando na minha vida de uma certa forma que eu passei a n�o conceber a minha exist�ncia sem fotografar, sem olhar para as coisas do ponto de vista de um fot�grafo”, comenta.

Mulher curva o tronco do lado de fora de janela de carro molhada por gotas da chuva
O fot�grafo capturou um instante na vida de sua mulher, Mariza, num dia chuvoso (foto: Bob Wolfenson/Divulga��o)

"Os retratos s�o a coisa mais permanente na minha trajet�ria. Passei por fotos de moda, nus, fotos de fam�lia, e o que sempre esteve presente, como minha atividade principal, � o of�cio de fotografar gente. Sou fot�grafo profissional, ent�o, mesmo focando em outros projetos que n�o tinham a ver com retratos, sempre tinha algu�m a ser retratado"

Bob Wolfenson, fot�grafo


Abrang�ncia da mostra

Ele diz que, sem pretender dar conta desses 50 anos de carreira, a exposi��o, que ocupa a galeria de arte do Centro Cultural Unimed-BH Minas, � uma “leitura desse tempo”. A imagem mais antiga, conforme aponta, data de meados dos anos 1970, e a mais recente de 10 dias atr�s. “Fiz uma foto em Belo Horizonte, inclusive, para integrar a exposi��o � cidade e vice-versa”, destaca.

N�o h� preval�ncia de fotografias produzidas num determinado per�odo, segundo Wolfenson, mas ele aponta a predomin�ncia, sim, dos retratos. Em uma mesa central, usada como vitrine, est�o dispostos 82 deles.

“Os retratos s�o a coisa mais permanente na minha trajet�ria. Passei por fotos de moda, nus, fotos de fam�lia, e o que sempre esteve presente, como minha atividade principal, � o of�cio de fotografar gente. Sou fot�grafo profissional, ent�o, mesmo focando em outros projetos que n�o tinham a ver com retratos, sempre tinha algu�m a ser retratado”, salienta.

Ele aponta que, curiosamente, sua predile��o recai sobre os trabalhos que surgem de forma mais espont�nea, orbitando as demandas priorit�rias. S�o s�ries que o fot�grafo inventou, conforme diz, a partir de observa��es cotidianas ou que derivaram de projetos que n�o tinham propriamente o tema explorado como foco.

Entre essas s�ries, Wolfenson destaca a de apreens�es policiais – fruto de seus encontros com o n�mero quase infinito de not�cias do tipo mostradas diariamente na imprensa; a que registra a cidade de Cubat�o – esp�cie de insubordina��o paisag�stica, como destaca em seu site; e o trabalho que fez sobre a inunda��o de seu est�dio.

“S�o trabalhos que v�m meio que do nada e v�o se engendrando, crescendo e se tornando fisicamente pertinentes. O retrato � algo previs�vel, que, claro, depende de um monte de fatores para que se realize bem, mas esses outros trabalhos despertam mais meu interesse pela forma como se materializam, ent�o tenho uma conex�o muito forte com eles”, afirma, acrescentando que esses trabalhos est�o contemplados de forma generosa na exposi��o.

Grupo de pessoas aguarda na calçada de uma rua do Harlem para atravessar a rua
"N�s outros", a foto de pessoas atravessando a rua na primavera do Harlem, em Nova York, estar� na mostra em BH (foto: Bob Wolfenson/Divulga��o)

"Fui a uma formatura um tempo atr�s e o paraninfo perguntou quem ali falava ingl�s; todo mundo levantou a m�o. Perguntou, depois, quem ali escrevia em ingl�s; todo mundo levantou a m�o. Perguntou, por fim, quem ali era escritor, e ningu�m se manifestou. Todo mundo fotografa, mas nem todo mundo � fot�grafo"

Bob Wolfenson, fot�grafo


Ranking autoral

Instado a pensar um ranking de suas fotos autorais preferidas, ele opta por apontar aquelas que, por uma raz�o ou por outra, se tornaram mais c�lebres. “Posso falar daquelas que se firmaram como as mais ic�nicas, n�o necessariamente as que mais gosto. A foto do Caetano com uma das sobrancelhas mais elevada talvez seja minha fotografia mais conhecida”, diz.

O ranking reserva lugares, ainda, segundo o fot�grafo, para a imagem de Rita Lee segurando uma jaguatirica; os costados do edif�cio Copan, em S�o Paulo; Nina Simone sendo beijada nas bochechas por dois m�sicos amigos dela; Luiz Melodia improvisando uma coreografia pr�pria; uma montagem que fez com os Tit�s; e um grupo de pessoas atravessando uma rua no Harlem, em Nova York, durante a primavera.

Tamb�m entram neste rol o carrinho de supermercado cheio de armas da s�rie “Apreens�es”; a imagem de sua mulher vista pelo vidro do carro em um dia chuvoso; e Gisele B�ndchen sentada em uma cama de madeira, em Paraty, com as pernas abertas. “Essas fotos s�o uma constante, permanecem em todas as retrospectivas que fa�o, embora eu j� esteja um pouco intoxicado delas”, diz Wolfenson.

Refer�ncias e predile��es

No que tange � produ��o alheia, ele n�o hesita em falar de suas predile��es e suas refer�ncias. “Como sou esses v�rios fot�grafos, que transitam por linguagens e tem�ticas distintas, posso dizer que muitas imagens e muitos fot�grafos, de diferentes matizes, me influenciaram”, ressalta.

“A foto que Richard Avedon fez de Marilyn Monroe � uma imagem que n�o sai da minha cabe�a”, aponta. Entre os colegas de profiss�o, no Brasil e no mundo, que, conforme diz, habitam seu repert�rio, est�o Helmut Newton, Annie Leibovitz, Cartier-Bresson, Miguel Rio Branco, Claudia Andujar e Sebasti�o Salgado.

Wolfenson considera que, ao longo de 50 anos de of�cio, muita coisa mudou no universo da fotografia. Ele diz que a virada mais radical e definitiva foi a do anal�gico para o digital. “Isso foi uma revolu��o sem precedentes, que eu acho que s� encontra paralelo na pr�pria inven��o da fotografia. No caso, podemos dizer que foi uma reinven��o. Entendo o digital como um facilitador, porque as coisas ficaram mais baratas, voc� v� mais o que est� fazendo, � mais f�cil expor. Talvez n�o fosse vi�vel fazer ‘Desnorte’ pelo processo anal�gico”, avalia.

Consideradas as mudan�as, o que permanece, no entanto, � o olhar que est� por detr�s da c�mera. Para Wolfenson, o que vai distinguir o profissional do amador � a capacidade de comunicar. “� necess�rio que o fot�grafo tenha ideias, tenha repert�rio e tenha t�cnica”, destaca.

“Fui a uma formatura um tempo atr�s e o paraninfo perguntou quem ali falava ingl�s; todo mundo levantou a m�o. Perguntou, depois, quem ali escrevia em ingl�s; todo mundo levantou a m�o. Perguntou, por fim, quem ali era escritor, e ningu�m se manifestou. Todo mundo fotografa, mas nem todo mundo � fot�grafo”, compara.

Sobre o que o motiva a seguir fotografando, o que estimula seu olhar, ele diz que, na verdade, n�o busca nada, apenas se permite seguir o fluxo da observa��o cotidiana. Os pr�prios acontecimentos do entorno � que lhe d�o ideias para desenvolver projetos.

Possibilidade de ideias

“Eu n�o busco temas; eu espero que o tema venha a mim de alguma forma, no meu movimento, nas minhas andan�as. Se voc� est� cada dia em um lugar, com uma pessoa diferente, com um grupo, vivenciando uma situa��o, isso tudo amplia muito a sua possibilidade de ter ideias, ent�o posso dizer que o que me move � estar vivo e estar ativo”, aponta.

No momento em que concedeu esta entrevista, Wolfenson conferia os �ltimos detalhes da mostra que abre amanh� e se p�s a refletir sobre o que estava diante de seus olhos: “Estou aqui, no ambiente da exposi��o, e me deparo com uma infinidade de temas, de lugares, de possibilidades, de olhares. Fico pensando se eu sou mesmo isso tudo, n�o num sentido cabotino, mas no que diz respeito a essa multiplica��o de um ser”.

“DESNORTE”

Exposi��o fotogr�fica de Bob Wolfenson, a partir desta quarta-feira (17/8) at� 23 de outubro, na galeria de arte do Centro Cultural Unimed-BH Minas (Rua da Bahia, 2.244, Lourdes, 31. 3516-1360). Entrada franca


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