No boca a boca, Tranquilo BH leva 500 pessoas a um show em plena 3� feira
Criado h� quatro anos, atento � produ��o autoral e apostando na ousadia, projeto itinerante ofereceu palco a 300 artistas, como a estrela pop Marina Sena
O m�sico Thales Silva est� � frente do projeto que derrubou o mito de que ter�a-feira n�o � dia de show (foto: Jorge Gontijo/EM/D.A Press)
''BH ser� protagonista nacional da m�sica nos pr�ximos quatro anos, mas se nada for feito, vamos continuar mandando artista para S�o Paulo''
Thales Santos, m�sico
� na base do boca a boca que um dos projetos musicais mais bem-sucedidos de Belo Horizonte vem se amplificando. N�o h� endere�o fixo, a programa��o muda todas as semanas, s� participam artistas autorais e independentes.
O p�blico paga o valor que quiser pelo ingresso – a organiza��o divulga o pre�o sugerido de R$ 20. A trajet�ria do Tranquilo BH, iniciativa encabe�ada pelo m�sico Thales Silva (ex-A Fase Rosa), � repleta de ousadias que deram certo.
Tem sido assim h� quatro anos, quando Thales deu o primeiro passo. Ele achava que sua ideia teria ades�o apenas de alguns amigos pr�ximos. “Fazia os encontros na minha casa, come�ou com 30 pessoas”, relembra.
Marina Sena, muito antes de se tornar estrela pop, cantou no Tranquilo BH m�sicas que bombaram na web (foto: Fernando Tomaz/divulga��o)
Tr�s artistas de cada vez
O tempo foi passando e o p�blico foi crescendo. Desde ent�o, a agenda semanal, que recebe tr�s artistas autorais por edi��o, passou a ser movimentada. Atualmente, � um dos eventos mais interessantes e disputados de Belo Horizonte – este ano, chegou a atrair cerca de 800 pessoas em uma noite.
Todas as ter�as-feiras, os shows costumam atrair p�blico interessado em ouvir m�sica nova e independente – a m�dia de frequentadores atinge a surpreendente marca de cerca de 500 pessoas.
Incentivar o segmento da m�sica independente mineira � o maior ganho do projeto, na avalia��o do seu criador. “Essa turma (da m�sica autoral) foi sendo jogada para escanteio, n�o h� oportunidade. Criei o Tranquilo pensando neles”, diz Thales.
Al�m do retorno positivo do p�blico, o projeto tem a aprova��o dos artistas. Nas contas de Thales, cerca de 300 m�sicos j� passaram por l�, com ao menos um nome in�dito a cada edi��o. A sele��o chama a aten��o tamb�m pela vontade n�tida de contemplar a m�xima variedade de perfis, de novatos a nomes mais conhecidos.
Maur�cio Tizumba, Vitor Santana, Tulipa Ruiz, Tadeu Franco, Leo Minax, Pedro Morais, Nath Rodrigues, Douglas Din e Chico Amaral s�o da turma com anos de carreira. Com menos tempo de estrada, Ma�ra Baldaia, Kdu dos Anjos, Malaca, Felipe Bedetti e Amorin j� estiveram naquele palco. Agora estrela nacional, Marina Sena fez no Tranquilo uma de suas primeiras apresenta��es em BH.
P�blico se diverte no evento itinerante (foto: Tranquilo BH/Instagram)
Barulhinho bom
O quintal de Thales, no bairro Floresta, foi ficando pequeno. � medida que crescia o sucesso do projeto, o inc�modo da vizinhan�a aumentava em propor��o parecida. A visita semanal da PM para reclamar do ru�do – o idealizador jura que n�o era tanto barulho – acabou obrigando o Tranquilo BH a mudar de endere�o.
Assim tamb�m, no improviso, o projeto virou itinerante. Desde ent�o, o Tranquilo faz um passeio semanal por lugares diferentes em Belo Horizonte. Houve edi��es no Museu Mineiro, no Museu de Artes e Of�cios, na Quadra da Escola de Samba da Cidade Jardim e at� no quintal do Noca Restaurante.
Nas contas de Thales, o projeto j� percorreu cerca de 50 endere�os diferentes na capital mineira. Na edi��o desta ter�a-feira (16), ele ser� apresentado em um canto in�dito, na Regi�o Leste. A organiza��o s� divulga o endere�o no Instagram: @tranquilobh
Questionar ideias anteriormente estabelecidas, como a de que evento de m�sica autoral n�o d� p�blico, � apenas um dos feitos do Tranquilo BH. H� outros paradigmas quebrados pelo projeto, que costuma atrair plateia com diversidade um tanto incomum em outros eventos do g�nero na cidade.
A divulga��o dos encontros musicais tamb�m � heterodoxa, pois tudo se d� pelas redes sociais. No domingo, � feita uma enquete perguntando quem deseja comparecer ao evento de ter�a. “Quem responde positivamente depois recebe uma mensagem com a programa��o, o local e outras orienta��es”, informa Thales Silva.
Tadeu Franco est� entre os artistas que fizeram show no projeto (foto: Tranquilo BH/Instagram)
Sil�ncio � a lei
Entre os tra�os que deixam a identidade do Tranquilo BH bastante delineada, certamente o sil�ncio � um dos principais. Sempre antes das apresenta��es, Thales faz quest�o de pegar o microfone e relembrar recomenda��es importantes. Dedicar aten��o total ao artista e evitar a distra��o da conversa ou celular � um dos principais pedidos, quase sempre atendido por todos.
Sempre com discurso afinado sobre a pol�tica cultural, Thales avalia que Belo Horizonte precisa se organizar melhor para dar conta da pot�ncia musical que tem surgido na cidade nos �ltimos tempos.
“� um dos momentos mais bonitos (da m�sica em BH)”, diz. Para ele, o que falta � aprimorar a sintonia entre os atores que participam dessa cadeia criativa com o poder p�blico, empres�rios e at� a imprensa. A avalia��o parte de quem recebe semanalmente uma gama variada de talentos, e v�rios deles veem no Tranquilo um dos poucos espa�os abertos � apresenta��o de sua cria��o.
“Temos muitos talentos, artistas geniais. BH � um terreno pronto”, acredita Thales. “Acho que BH ser� protagonista nacional da m�sica nos pr�ximos quatro anos, mas se nada for feito, vamos continuar mandando artista para S�o Paulo”, conclui.
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