
'Tive tanta raiva com o que vinha acontecendo no Brasil, que boa parte dessa f�ria eu botei no Oleg�rio. Claro, para a gente gargalhar. Ele � um cara destemperado e o destempero dele � o meu destempero, minha falta de paci�ncia com a eterna pol�tica fisiol�gica deste pa�s'
Matheus Nachtergaele, ator
Reunidos em uma sala de cinema no Leblon, no Rio de Janeiro, elenco e t�cnicos de “Cine Holli�dy” n�o escondiam a emo��o de ver pela primeira vez o cap�tulo que marca o in�cio da segunda temporada da s�rie, que chega nesta ter�a-feira (23/8) � TV Globo, logo depois da novela "Pantanal".
Motivos a trupe tinha de sobra para tanta euforia. O principal deles foi voltar aos Est�dios Globo ap�s o per�odo mais ca�tico da pandemia. Lan�ada em 2019, a s�rie teve as grava��es suspensas em 2020 em meio ao avan�o do novo coronav�rus.
Mas n�o � s� isso. "Cine Holli�dy" vem trazer alegria nestes tempos em que as pessoas enfrentam o drama da crise de sa�de, al�m de lidar com fatos assustadores, como a volta do Brasil ao mapa da fome, a tens�o da campanha eleitoral e amea�as � democracia.

O ator Matheus Nachtergaele, que faz o prefeito Oleg�rio, assegura que a segunda temporada chega para fazer o brasileiro gostar novamente de ser brasileiro. “Esta � a pequena opera��o delicada que, espero, o 'Cine' fa�a nos nossos cora��es”, enfatiza.
Chico City, Trapalh�es e J� Soares
O programa � "um caldeir�o", comenta Matheus. De acordo com ele, a s�rie tem o ritmo de "O auto da Compadecida" (filme de Guel Arraes, de 2000); re�ne o elenco do “Cine Holli�dy” (filme de 2013), com comediantes � la Dercy Gon�alves e Ronald Golias; tem um pouco de “Os Trapalh�es” no DNA; tem “Chico City” (humor�stico de Chico Anysio exibido na Globo entre 1973 e 1980); e traz “Viva o gordo”, cria��o de J� Soares e Max Nunes que foi ao ar na d�cada de 1980).
O ator diz que toda boa com�dia � uma cr�tica a problemas que se repetem, atrapalhando a vida de todo mundo. “O pol�tico machista, ignorant�o, que usa o dinheiro p�blico a seu favor, ladr�o, corrupto e fisiol�gico, � uma das figuras que mais atrapalham o Brasil. Portanto, � recorrente voc� querer tirar sarro desse tipo de pessoa”, afirma Natchergaele ao explicar o perfil de seu personagem.
“Te confesso: nos �ltimos anos, tive tanta raiva do que vinha acontecendo no Brasil que boa parte dessa f�ria eu botei no Oleg�rio”, afirma. “Claro, para a gente gargalhar. � toa ele perde a cabe�a, � um cara destemperado. O destempero dele � o meu destempero, a minha falta de paci�ncia com a eterna pol�tica fisiol�gica deste pa�s.”

Socorro (Helo�sa P�riss�) assume a prefeitura da cidadezinha e tem de enfrentar o machismo para se impor, al�m de suportar os embates com o marido, Oleg�rio, antecessor dela na administra��o municipal, que n�o aceita ficar � sombra da mulher.
O elenco traz duas novidades: Lorena Comparato, como Formosa, filha de Lindoso (Carri Costa) e Belinha (Solange Teixeira); e Luisa Arraes, como Francisca.
Francisgleydisson (Edmilson Filho), o her�i da trama, que na primeira temporada se orgulhava de ser o dono do cinema, �nica atra��o cultural de Pitombas, agora tem de se virar para concorrer com a televis�o. Patr�cia Pedrosa assina a dire��o art�stica.
'Estamos enfrentando momentos dif�ceis na cultura brasileira, 'Cine Holli�dy' � mais que Tylenol, � um al�vio pelo que estamos passando hoje'
Edmilson Filho, ator
Realismo fant�stico com amor e humor
“Como novidade, a nossa prefeita, no sert�o do Cear�, vai tentar mandar em um monte de homens, a grande dificuldade dela. E o Francisgleydisson, nosso grande sonhador, ter� uma miss�o tremenda ao conhecer Francisca, menina que chega � cidade cheia de ressentimentos, em busca do pai. Ao longo dos 11 epis�dios, ele vai ajud�-la a conhecer o amor – do pai e por ele”, resume Marcio Wilson.
Luisa Arraes diz que foi o maior barato ver "Cine Holli�dy" na telona, durante a sess�o de quinta-feira (18/8). “Na verdade, � a batalha do cinema contra a televis�o que a gente faz na TV. S� isso � uma piada pronta”, brinca.
“'Cine Holli�dy' � um grande representante da cultura brasileira, que est� tentando resistir a duras penas”, afirma Luisa. E compara essa resist�ncia ao esfor�o de Francisgleydisson para salvar a sua sala de cinema.

Ao lembrar a trajet�ria do projeto, Halder Gomes, diretor do longa que deu origem � s�rie, considera "Cine Holli�dy" case �nico no pa�s.
“� rar�ssimo no mundo um curta que come�ou em 2003, virou filme, que virou parte dois, que virou primeira temporada de sucesso medonho, virou reprise, que foi outro sucesso medonho (a s�rie foi reprisada ano passado). E vem a segunda temporada, que ser� um sucesso medonho”, diz.
Bem-humorado, Halder garante: Pitombas � o 185º munic�pio do mapa cearense. “Criamos um munic�pio querid�ssimo. Pensa na responsa: no Cear�, eles j� consideram Pitombas munic�pio. Ser� oficial daqui pra sempre."
VEJA os bastidores de "Cine Holliudy 2":
Tempero e alegrias do Brasil
Edmilson Filho, que desde o curta-metragem interpreta Francisgleydisson, conta que seu maior orgulho � poder exibir para o Brasil, em cada detalhe, a cultura popular. “A representatividade nordestina, cearense, brasileira, o tempero, as alegrias, as cores, cada v�rgula dos escritores”, enumera.
“Estamos enfrentando momentos dif�ceis na cultura brasileira, 'Cine Holli�dy' � mais que Tylenol, � um al�vio pelo que estamos passando hoje”, diz.
Apesar de ser obra ficcional, Edmilson Filho afirma que tudo o que � visto na s�rie existe. “Se voc� for ao interior, �s cidades do Nordeste, encontrar� o prefeito e todas essas figuras. Me ofende quando algu�m diz que � caricato. S� � para quem nunca viu”, critica.
"CINE HOLLI�DY"
• A s�rie estreia nesta ter�a-feira (23/8), �s 22h35, na TV Globo