(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas TEATRO

Luiz Fernando Guimar�es faz rir e chorar como a idosa dona Vera

Ator interpreta idosa que resiste a envelhecer na pe�a 'Ponto a ponto - 4.000 milhas', em cartaz no Pal�cio das Artes neste fim de semana


27/08/2022 09:40 - atualizado 27/08/2022 09:48

Luiz Fernando Guimarães, vestido de mulher, abraça Bruno Gissoni. Os dois estão sentados no sofá
Vera (Luiz Fernando Guimar�es) repensa a vida quando recebe, a contragosto, a visita inesperada do neto L�o (Bruno Gissoni) em seu apartamento (foto: Caio Galluci/divulga��o)

''H� momentos engra�ados e outros em que a gente chora, chora mesmo. As pessoas saem do teatro com outro pensamento a respeito das rela��es familiares''

Luiz Fernando Guimar�es, ator


Em 2015, Beatriz Segall entregou um texto dram�tico para o diretor Gustavo Barchilon. “Infelizmente, sou a �nica atriz que pode fazer este papel”, avisou. Tratava-se de Vera, senhora solit�ria e no fim da vida, que come�a a refletir sobre dilemas existenciais ap�s a visita inesperada do neto, de quem j� n�o se lembrava.

A pe�a era 4.000 miles, da americana Amy Herzog. Sucesso da Broadway e vencedora do Pr�mio Pulitzer na categoria drama, a montagem chega neste fim de semana ao Pal�cio das Artes, em Belo Horizonte.
 
O t�tulo mudou para Ponto a ponto - 4.000 milhas. O texto tomou outro rumo depois da morte da atriz, em 2018. Barchilon enfrentou um impasse: queria mont�-lo, mas quem faria o papel de Vera?. At� porque, Beatriz Segall j� avisara que seria a “�nica” capaz de encarar a personagem. Entreg�-la a outra seria trai��o...

Solu��o arriscada

A solu��o encontrada foi ousada, arriscada e um tanto quanto perigosa. O diretor escolheu um ator. E n�o um ator qualquer, mas Luiz Fernando Guimar�es. Dividem o palco com ele Bruno Gissoni (L�o, neto de Vera) e Renata Ricci (como Rebeca e Amanda).

Detalhe: Barchilon e Luiz Fernando jamais haviam trabalhado juntos. O diretor conta que o nome de Luiz lhe veio naturalmente � mente porque o ator tem v�rias caracter�sticas de Beatriz Segall.

“Por mais que a Beatriz tivesse aquele semblante s�rio, ela era extremamente engra�ada, ir�nica e debochada. Quando me apresentou o texto da Amy Herzog, ela me disse que as caracter�sticas e dilemas da personagem eram os mesmos que experimentava naquele momento”, relembra Barchilon.

De acordo com ele, por mais que n�o pare�a, Luiz Fernando est� se tornando um idoso - em novembro, completa 73 anos. E experimenta algumas das situa��es que Vera vivencia, como as falhas de mem�ria.

Embora Ponto a ponto – 4.000 milhas seja um drama, h� momentos c�micos. “A primeira cena � a Vera atendendo � porta sem dentadura. Uma coisa horr�vel!”, brinca o ator.

O texto aborda quest�es mais s�rias � medida que a trama vai se desenrolando. L�o, por exemplo, � o contraponto interessante � av�, por ser jovem e aventureiro.

O cen�rio � o apartamento de Vera. O neto, que viaja de bicicleta pelo pa�s, perdeu a comunica��o com a fam�lia e deixa a av� embara�ada com sua inesperada visita. Primeiro, por n�o reconhec�-lo. Depois, por reencontr�-lo num momento dif�cil para ela.

L�o pede � av� para n�o avisar � m�e, filha de Vera, sobre sua chegada. O relacionamento delas � ruim.
 

''Nas primeiras apresenta��es, o p�blico era composto majoritariamente por senhoras. Nas semanas seguintes, muitas voltaram levando as filhas (...) Por fim, voltaram essas senhoras, as filhas mais os netos''

Luiz Fernando Guimar�es, ator

 

Relacionamentos familiares, dist�ncia, idade, morte e pol�tica fazem parte da trama. O bom humor, contudo, � a ess�ncia de Vera. “Senhora muito vaidosa e dona de si, ela tem caracter�sticas muito infantis. N�o admite que est� envelhecendo”, comenta Luiz Fernando.

A identifica��o do p�blico com aquela av� vaidosa impressionou o ator. “Quando estreamos no Rio de Janeiro, foi engra�ado ver que, nas primeiras apresenta��es, o p�blico era composto majoritariamente por senhoras. Nas semanas seguintes, muitas voltaram levando as filhas, que acabaram se identificando com a Renatinha (Ricci). E, por fim, voltaram essas senhoras, as filhas mais os netos”, relembra.

Luiz Fernando quase perdeu a saia

A capacidade de se comunicar com tr�s gera��es revela a sensibilidade de Amy Herzog. Barchilon garante ter sido fiel �s marca��es da autora. Por�m, em se tratando de teatro, imprevistos acontecem.

“Est�vamos nos apresentando em S�o Paulo. Al�m de interpretar, fa�o todo um trabalho de contrarregragem. Na cena em que peguei uma bandeja e mais outras coisas, acabou que me enrolei todo e minha saia caiu. A primeira coisa que pensei foi: ‘Putz, estou de cueca, e a Vera n�o deveria usar cueca’”, diz o debochado Luiz Fernando.

A sorte � que o ator usava outra saia por baixo da que caiu. Mas foi obrigado a encarar o p�blico e avisar: “Pessoal, tivemos um probleminha aqui. Vamos, ent�o, dar aquela paradinha gostosa para relaxar. A� vou levantar minha saia e a gente continua a cena, certo?”.

Rindo, Luiz Fernando revela que saiu completamente da personagem. “O que eu ia fazer? N�o dava para fingir que nada aconteceu.”

O know how do Asdr�bal

A solu��o encontrada pelo ator mostra o quanto ele carrega do Asdr�bal Trouxe o Trombone, grupo de teatro que criou ao lado de Regina Cas�, Perfeito Fortuna e Hamilton Vaz Pereira, na d�cada de 1970. A trupe ficou conhecida pela irrever�ncia e comicidade. L�, Luiz Fernando perdeu o pudor de errar e, sobretudo, de admitir que errou.
 
Gustavo Barchilon diz que Luiz soube dosar o humor para que Vera n�o soasse caricata. E tamb�m destaca a presen�a de mulheres na equipe: Nat�lia Lana � respons�vel pelo cen�rio, Graziela Bastos pelos figurinos, e Graziele Saraiva pela produ��o executiva.

De acordo com o diretor, isso garantiu o enfoque feminino, impedindo que o machismo contaminasse a montagem pelo fato de um homem fazer o papel de mulher.

“A pe�a foi um presente que o Gustavo me deu. Ela proporciona �s pessoas um momento de respiro e reflex�o. H� momentos engra�ados e outros em que a gente chora, chora mesmo. As pessoas saem do teatro com outro pensamento a respeito das rela��es familiares”, garante Luiz Fernando Guimar�es.

“PONTO A PONTO – 4.000 MILHAS”

Texto de Amy Herzog. Dire��o e adapta��o: Gustavo Barchilon. Com Luiz Fernando Guimar�es, Bruno Gissoni e Renata Ricci. Neste s�bado (27/8), �s 20h30, e domingo (28/8), �s 19h. Pal�cio das Artes. Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro, (31) 3236-7400. Inteira: R$ 150 (plateia 1, fileiras A a G), R$ 100 (plateia 1, fileiras H a M) e R$ 75 (plateias 2 e superior). Meia-entrada na forma da lei. � venda na bilheteria da casa e no site Eventim.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)