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Estado de Minas M�SICA

Raquel Coutinho faz show de lan�amento do disco "Koan", amanh�, em BH

Cantora e compositora mostra parcerias com Lenis Rino, marcadas por sonoridades eletr�nicas e tambores ancestrais. Ela se apresenta quinta (8/9), no Sesiminas


07/09/2022 04:00 - atualizado 06/09/2022 23:31

Fotomontagem mostra cantora Raquel Coutinho em imagem fluida, sorrindo, em meio à natureza
Raquel Coutinho levou sua jornada de autodescoberta para o disco 'Koan', que agora chega aos palcos (foto: Pri Garcia/divulga��o)

“Decifra-me ou te devoro.” A frase atribu�da � esfinge de Tebas por S�focles, na pe�a "�dipo Rei", antecede a um dos mais famosos enigmas do Ocidente: o que � que pela manh� tem quatro patas, � tarde tem duas e � noite, tem tr�s? O homem. Foi a resposta adivinhada por �dipo. 

Por s�culos, os enigmas serviram como meio de comunica��o de entidades e seres transcendentais nas mais diferentes culturas e religi�es. E foi por meio deles que muitos disseram ter transcendido a l�gica racional, a fim de compreender os ensinamentos passados. 

Na filosofia budista, por sua vez, mais do que meio de comunica��o com seres superiores, essas charadas, denominadas de koan, servem como recurso para atingir a expans�o da consci�ncia e aux�lio para o autoconhecimento por meio da reflex�o. Exatamente o que prop�e a cantora e compositora Raquel Coutinho em seu mais novo disco, batizado justamente de “Koan”.

Com banda formada especialmente para este trabalho, o disco de Raquel conta com cinco m�sicas, compostas em parceria com Lenis Rino, que transitam entre as batidas dos tambores � la Maur�cio Tizumba e sonoridades eletr�nicas.

''S�o profundas as marcas que o machismo deixou em n�s. As mulheres foram roubadas de sua for�a e de si pr�prias. O que temos que fazer ent�o � olhar para a hist�ria e dar a volta por cima''

Raquel Coutinho, cantora e compositora

 

Lan�ado nas plataformas digitais no �ltimo dia 27, “Koan” ganha show de lan�amento nesta quinta-feira (8/9), �s 20h, no Teatro do Centro Cultural Sesiminas. No palco, acompanham Raquel os m�sicos Richard Neves (teclado e synth), Marc�lio Rosa (guitarra), Isabela Leite (percuss�es) e Estevan Cypriano (bateria).

“Eu chamo o ‘Koan’ de mini�lbum”, brinca Raquel. “Ele nasceu de uma necessidade que eu tinha desde de 2017, quando me mudei do Rio de Janeiro para c� [Belo Horizonte]. Nesse per�odo, eu estava reestruturando minha vida. A�, n�o consegui gravar. Mas, com a chegada da pandemia, tudo parou. Decidi, ent�o, ir para minha fazenda, em S�o Jos� do Almeida, para me conectar com a natureza e conseguir compor”, complementa.

Como companhia para a quarentena, convidou Lenis Rino, que prontamente aceitou. E, em 10 dias, compuseram nove m�sicas, das quais cinco entraram no novo �lbum.

''Levantamos esse show com a ideia de fazer um repert�rio m�ntrico, de sensa��es e imagens, como se fosse minha hist�ria de vida e a hist�ria da minha carreira''

Raquel Coutinho, cantora e compositora


Ta�a de vinho

“A sensa��o que tenho � que o disco n�o � meu. Sinto que tem vida pr�pria, porque ele foi acontecendo de maneira natural. Quando eu e  Lenis nos reun�amos para compor, as m�sicas iam surgindo, como se j� existissem. Sem contar as que foram feitas despretensiosamente, como ‘Ta�a de vinho’, quando eu e o Lenis est�vamos tomando um vinho � noite e, ao pedir mais uma ta�a, falei com ele: ‘Isso d� uma m�sica’”, revela Raquel Coutinho.

Pen�ltima faixa do disco, “Ta�a de vinho” tem versos que, de fato, depois da revela��o da autora, podem ser interpretados de maneira literal, como “Me d� outra ta�a de vinho, por favor/Me conte outra hist�ria/Arruma um trago/J� passou da minha hora”. 

Contudo, quando vai se desenvolvendo, a letra sai da situa��o pessoal e espec�fica de compositores bebendo e jogando conversa fora para tratar de tem�ticas universais, como a vida e o amor em “Mergulha um pouco/menina n�o chora/a vida � breve e o amor j� chegou agora/Me d� outra ta�a de vinho/ Um trago/ Acendo o fogo/ A vida parece uma flor da aurora”.

Diva, deusa e bruxa

Tem�tica que tamb�m se destaca em “Koan” � a mulher. Cansada da cobran�a da sociedade de que a mulher deve, a todo momento, ser sexy, descolada e legal, Raquel decidiu “chutar o balde” e mandar a real. 

 

“Musa, diva, deusa, cavala, astra/Assa, devassa, bruxa, louca, vermelha/Vulva, carne, corte, sangue, segue/Forte, linda, doida �vida”; "Corta, morre, nasce, renasce" – canta em “Astra”, �ltima faixa do disco, em refer�ncia �s mulheres, mas, sobretudo, a si mesma, diva e deusa, mas tamb�m cavala e bruxa (sim, nesses termos, como gosta de destacar), longe dos padr�es de beleza amplamente difundidos pela sociedade contempor�nea.

“S�o profundas as marcas que o machismo deixou em n�s. As mulheres foram roubadas de sua for�a e de si pr�prias. O que temos que fazer ent�o � olhar para a hist�ria e dar a volta por cima”, afirma. Isso j� est� sendo feito, de acordo com a artista. Para ela, h� hoje um processo evolutivo de reconhecimento dos valores e da ess�ncia da mulher na sociedade. 

Disco 'fora da caixinha'

Contradi��es e abstracionismo tamb�m est�o presentes em algumas – sen�o todas – as m�sicas de “Koan”. No entanto, � proposital, garante Raquel. “‘Koan’ � um disco diferente, fora da caixinha mesmo. Ele tem muita conex�o com a natureza, tanto nas letras quanto na sonoridade. Por isso, ele deve ser sentido”, ressalta.

Por isso, para a apresenta��o desta quinta-feira (8/9), ela preparou, al�m do repert�rio – que inclui as faixas de “Koan” e can��es dos discos “Olho D'�gua” (2010) e “Mineiral” (2014) –, imagens, proje��es e fotografias produzidas pela diretora de arte Pri Garcia e pelo cineasta Qualq.

As m�sicas de “Koan”, que t�m em m�dia tr�s minutos de dura��o, foram ampliadas, de modo que, ao vivo, ter�o o dobro do tempo da grava��o para que se assemelhem a uma esp�cie de mantra, fazendo do espet�culo um ritual que leve o p�blico a uma catarse coletiva.

Ao mesmo tempo, revela Raquel, a apresenta��o tamb�m foi concebida de forma que as m�sicas selecionadas representassem um relic�rio po�tico, com refer�ncias sens�veis que contassem a hist�ria da pr�pria artista.

“Levantamos esse show com a ideia de fazer um repert�rio m�ntrico, de sensa��es e imagens, como se fosse minha hist�ria de vida e a hist�ria da minha carreira”, afirma.

Paralelamente, ela est� desenvolvendo um curta-metragem inspirado em “Koan”. A ideia � aproveitar os trabalhos em audiovisual que integram o show para levar o p�blico � reflex�o.

Capa do disco Koan, de Raquel Coutinho
(foto: Reprodu��o)
"KOAN"

• Disco de Raquel Coutinho
• Produ��o independente
• 5 faixas
• Dispon�vel nas plataformas digitais
• Show de  lan�amento nesta quinta-feira (8/9), �s 20h, no Centro Cultural Sesiminas (Rua Padre Marinho, 60, Santa Efig�nia), (31) 3241-7181. Ingressos � venda por R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia), no site do Sympla 


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