
"Percebo que n�o aparentam sentir a idade, pois o show da banda continua com a mesma pegada de 2017 (em S�o Paulo). (Os integrantes) s�o inteligentes, fazem uso de 'atalhos'... como solos de guitarra ou uma m�sica mais lenta para descansar. Ent�o, conseguem levar tr�s horas de show numa boa"
Leandro Nogueira Coppi, cr�tico musical
Nem tudo eram flores (ou rosas) para o Guns N’ Roses em seu auge. A fama e as cifras obtidas por �lbuns do quilate de “Appetite for destruction” (1987), “G N'R lies” (1988) e dos g�meos “Use your illusion I e II” (1991) eram acompanhadas por brigas internas que culminaram em tantas rupturas em sua forma��o que do line-up original somente Axl Rose permaneceu na banda norte-americana em meados dos anos 1990. Cerca de duas d�cadas depois – e muita troca de ‘tiros’ por meio da imprensa entre o vocalista e ex-integrantes –, antigos la�os foram reatados, e o an�ncio do retorno do guitarrista Slash e do baixista Duff McKagan, em 2016, causou frisson aos f�s do grupo. Enfim, chegou o momento de o trio pisar, pela primeira vez, no mesmo palco em Belo Horizonte, nesta ter�a-feira (13/9), no Mineir�o, com in�cio do show marcado para as 21h.
O grupo j� havia se apresentado na capital mineira em 2010, no Mineirinho, e em 2014, no festival Planeta Brasil, na Esplanada do Mineir�o, e retorna para a perna brasileira da turn� "Guns N’ Roses are F' N' back!", que j� passou por Manaus (1º/9), Recife (4/9), Rio de Janeiro (8/9, na quinta participa��o do conjunto na hist�ria do Rock in Rio) e Goi�nia (11/9). Ainda ter� pela frente Ribeir�o Preto (16/9), Florian�polis (18/9), Curitiba (21/9), S�o Paulo (24/9) e Porto Alegre (26/9).
O QUE ESPERAR DO SHOW?
O atrativo mais �bvio para o show em Belo Horizonte � a chance de ver de perto pela primeira vez Axl, Duff e Slash juntos em a��o. Mas o restante da banda tamb�m merece aten��o: completam a forma��o os tecladistas Dizzy Reed, integrante do grupo de hard rock desde 1990, e Melissa Reese, o guitarrista Richard Fortus e o baterista Frank Ferrer.
Jornalista e cr�tico musical da revista Roadie Crew, publica��o especializada em classic rock e heavy metal, Leandro Nogueira Coppi acompanhou in loco aos concertos de 2016 e 2017, em S�o Paulo, e tem assistido aos v�deos recentes de apresenta��es do grupo. Por aquilo que tem visto, os f�s em BH podem esperar um show � altura do nome Guns N’ Roses no quesito “energia”.
“Para muita gente, ser� primeira vez ver o Guns. J� s�o cinco anos desde a �ltima ocasi�o em que a banda veio ao Brasil, e o setlist teve algumas altera��es de l� pra c�. J� a performance n�o mudou tanto. Percebo que n�o aparentam sentir a idade, pois o show da banda continua com a mesma pegada de 2017 (em S�o Paulo). (Os integrantes) s�o inteligentes, fazem uso de ‘atalhos’; algumas partes do show s�o aquelas ‘firulas’, como solos de guitarra ou uma m�sica mais lenta para descansarem. Ent�o, conseguem levar tr�s horas de show numa boa”, comenta.
Contudo, faz uma ressalva: "O �nico problema � a voz de Axl, que vem passando por problemas, como ficou evidente no show desta quinta no Rock in Rio. Fato � que ele contratou recentemente um t�cnico vocal". O vocalista, ali�s, se desculpou ao p�blico brasileiro pelas falhas apresentadas em suas performances.
Contudo, faz uma ressalva: "O �nico problema � a voz de Axl, que vem passando por problemas, como ficou evidente no show desta quinta no Rock in Rio. Fato � que ele contratou recentemente um t�cnico vocal". O vocalista, ali�s, se desculpou ao p�blico brasileiro pelas falhas apresentadas em suas performances.
CL�SSICOS E NOVIDADES
Com rela��o ao repert�rio, Coppi n�o crava; no entanto, acredita que alguma surpresa possa emergir no Mineir�o, assim como se deu em Recife. “Por exemplo, o primeiro show em Manaus n�o teve ‘Reckless life’, e em Recife eles a inclu�ram no setlist. Uma m�sica que n�o haviam tocado nas outras vezes em que lhes assisti”, ressalta.
A base do set, no entanto, compreende m�sicas do debute, “Appetite for destruction”, e dos dois “Illusion”, mas tamb�m haver� espa�o para alguns atos do contestado “Chinese democracy” (2008). “Alguns f�s torcem o nariz para esse disco (‘Chinese’), enquanto outros at� ‘pegaram bem’ com ele. De qualquer forma, n�o � um �lbum esquecido nos shows, embora n�o haja um exagero de m�sicas dele no repert�rio, apenas duas, a faixa-t�tulo e ‘Better’”, diz.
A banda tamb�m acrescentou ao concerto duas can��es disponibilizadas nas plataformas digitais em 2021 – “ABSURD” e “Hard skool”, que, inclusive, foram executadas na sequ�ncia nos primeiros shows do atual giro pelo Brasil. “Muitos torceram o nariz para ‘ABSURD’, mas ter�o a oportunidade de ver algo novo do set desta vez, mesmo n�o gostando da m�sica. E, para muitos, � melhor ver algo in�dito do que uma m�sica manjada, que est� sempre no repert�rio”, comenta Coppi.
F�S ANSIOSOS
Jefferson Gon�alves tinha 13 anos quando viu na televis�o “um peda�o do clipe de ‘Sweet child O’ mine”. Desde ent�o, quis conhecer tudo que estivesse ligado ao Guns N’ Roses. A admira��o chegou ao ponto de montar uma banda cover, batizada de Locomotive (nome de uma can��o do grupo presente em ‘Use your illusion II’).
Figurinha tarimbada em shows do Guns no pa�s, Jeff se diz ansioso para ver novamente seus �dolos de perto. “Estou esperando muita energia, algo que a banda carrega desde os anos 1980, mesmo depois de o Slash e o Duff terem sa�do e tamb�m ap�s o retorno deles, em 2016. Empolga��o total! Espero ouvir algumas novidades tamb�m, mas ciente de que o Guns n�o muda muito o padr�o. Por�m, vai ser demais”, afirma ele, que procura sempre se “atualizar” quando presta tributo aos norte-americanos em casas de shows e pubs.
“Preciso fazer o drive, aquela coisa rasgada, em mais de 90% das m�sicas. Tenho estudado bastante e aprendido cada vez mais. Quanto ao visual, visto roupas como o Axl e fiz as tatuagens que ele tem. N�o para ser cover, mas j� era algo que eu achava fant�stico e curtia. Agora, veio agregar para o Locomotive”, relata.
TRINT�ES
Mais da metade dos �lbuns do Guns j� ultrapassou os 30 anos: “Appetite for destruction” (35 anos), “Lies” (completa 34 em novembro) e “Illusion I” e “II” (chega a 31 ainda neste m�s). "The spaghetti lncident?" vai soprar 30 velinhas em 2023, e “Chinese democracy” � o “ca�ula” (ter� 14 anos em novembro pr�ximo).
H� quem diga que “Appetite” � o melhor disco de estreia de uma banda hard rock dos anos 1980, gra�as a m�sicas como “Welcome to the jungle”, “Sweet child O’ mine” e “Paradise city”. Jefferson Gomes � um dos que corroboram com essa tese. “� um disco que, quando colocam para tocar, n�o se troca de m�sica, escuta-se da primeira � �ltima sem pular. Mesmo depois de 35 anos, quase minha idade, ainda soa muito atual. Disco de cabeceira mesmo. O Locomotive pensa em fazer um especial, de tocar esse �lbum na �ntegra, de t�o importante que � para mim e para 100% dos f�s de Guns (risos)”, diz
Leandro Coppi concorda. Mas faz quest�o de exaltar tamb�m os dois “Illusion”. “O Guns lan�ou o ‘Illusion’ em duas partes, no mesmo dia. E quem sa�a para comprar, comprava os dois. Trabalhei com o Sandro, que foi funcion�rio da Woodstock (tradicional loja de discos de S�o Paulo). Ele me contou que os dois ‘Illusion’ foram os discos de maior venda da hist�ria da loja. O Walcir (Chalas, propriet�rio) pedia n�o sei quantas mil c�pias do disco, e elas se esgotaram em poucas horas. Tinha fila de gente do lado de fora da loja, desde a madrugada, esperando abrir para comprar os discos. N�o sobrou uma c�pia de uma das duas partes”, conta.
Agora, s� falta chegar o dia e a hora para os f�s mineiros conferirem no “quintal de casa” a muitos desses cl�ssicos “trint�es” e a tr�ade Axl-Slash-Duff.
Pol�mica em Manaus
Em 29 de agosto, uma funcion�ria do Hotel Juma �pera, onde a banda estava hospedada antes do show em Manaus, foi demitida ap�s gravar um v�deo de Axl no local e divulgar as imagens nas redes sociais.
“GUNS N’ Roses ARE F' N' BACK!”
Show do Guns N’ Roses. Nesta ter�a-feira (13/9), �s 21h, no Mineir�o (Avenida Ant�nio Abrah�o Caram, 1.001 – S�o Jos�). Abertura dos port�es: 17h. Inteira: R$ 410 (pista, 3º lote) e R$ 310 (cadeira superior, 4º lote). Meia: R$ 205 (pista, 3º lote) e R$ 155 (cadeira superior, 4º lote)