(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas CINEMA

Document�rio "Moonage daydream" mostra as v�rias caras de David Bowie

Com imagens de arquivo do artista brit�nico, filme que estreia nesta quinta (15/9) faz uma colagem de depoimentos e ressalta seu talento como performer


15/09/2022 04:00 - atualizado 14/09/2022 22:36

Retrato de David Bowie, vestido de terno e com semblante sério, com intervenção nas cores sépia e verde
O document�rio "Moonage daydream" faz uma colagem de entrevistas e depoimentos de David Bowie (foto: Universal/Divulga��o)


Foi em janeiro de 2017, por volta do dia em que a morte de David Bowie completava um ano. O diretor americano Brett Morgen teve um infarto e, por tr�s minutos, segundo ele conta, o seu cora��o n�o bateu, levando-o direto para um coma que se arrastaria por cinco dias.

"Minha vida estava fora de controle, eu era um workaholic", disse o cineasta, sentado � beira da praia, durante o Festival de Cannes, em maio passado. "Eu ia morrer aos 47 anos, e tudo o que ia deixar aos meus filhos como li��o era essa ideia de merda de que eles tinham de trabalhar duro."

Ent�o, ainda na maca de um hospital, ele se lembrou de Bowie, com quem havia se encontrado 10 anos antes para um projeto de filme que nunca foi para a frente. "Eu sabia que ele era esse artista incr�vel, mas n�o tinha ideia da pessoa s�bia que ele era e de como eu precisava das mensagens dele."

N�o espanta, portanto, que em "Moonage daydream", document�rio sobre o qual Morgen se debru�ou ap�s o coma e que chega nesta quinta-feira (15/9) aos cinemas, o m�sico brit�nico ganhe ares de coach existencial, falando sobre a vida e sobre a morte em meio a uma edi��o lis�rgica que compila entrevistas e performances ao vivo.



Para realizar o filme, Morgen teve acesso exclusivo a grava��es que pertencem ao esp�lio do artista. "Os cinemas t�m o melhor som do mundo, ent�o eu queria criar um filme que reproduzisse a experi�ncia de arena, e que n�o fosse s� uma coisa biogr�fica. Tipo, todo mundo sabe que os Beatles nasceram em Liverpool. N�o importa esse tipo de coisa, saca?"

De fato, "Moonage daydream" pode n�o ser a melhor das introdu��es aos n�o iniciados no pante�o de personalidades que David Bowie construiu. Ou mesmo � linha hist�rica que segue sua trajet�ria na m�sica desde que ele surgiu, nos anos 1960, um nome na torrente que foi o rock brit�nico, at� despontar, na virada da d�cada, misturando folk, psicodelia, vanguarda, al�m de um pendor pela fic��o cient�fica kubrickiana.

Astronauta, ET e coca�na 

Quem conhece as v�rias m�scaras do m�sico vai reconhecer, por exemplo, o seu astronauta perdido Major Tom, de "Space Oddity", o escalafob�tico alien�gena Ziggy Stardust e tamb�m o elegante Thin White Duke, que vivia � base de leite, pimenta e doses industriais de coca�na. A fase berlinense, de "Heroes", vem marcada por uma depura��o no som e pelo minimalismo para que, nos idos dos anos 1980, o artista brit�nico caia na pista de dan�a em sua fase mais pop.

Embora n�o conte com os chamados "talking heads" – os depoimentos de terceiros que v�o se sucedendo –, � poss�vel vislumbrar detalhes biogr�ficos entregues a pinceladas. Ficamos sabendo do garoto londrino que se entediava com a vidinha de classe m�dia no Bairro de Brixton e que teve no meio-irm�o, um ex-aviador internado com esquizofrenia, seu grande introdutor ao mundo das artes.

Mas tudo o que sabemos chega da boca de Bowie. � ele quem relata sua hist�ria em entrevistas salpicadas ao longo da edi��o do filme, solta algumas frases de efeito, mente e se desmente – pouco importa a veracidade, � um document�rio sobre performance, defende o diretor.

"O filme n�o � sobre Bowie, � sobre performance, porque ele estava atuando a todo tempo, isto �, se voc� acredita no que Bertolt Brecht diz sobre performance", afirma Morgen. O pr�prio encenador alem�o d� as caras a certa altura do filme, empilhado junto a outras refer�ncias como Nietzsche, Issey Miyake, Fats Domino, Kaneto Shind�, Vermeer, William Burroughs, Adorno, Jack Kerouac, Fritz Lang, Lennie Dale, Man Ray, Ingmar Bergman... "N�o podia ser diferente. Foi Bowie quem me introduziu � cultura."

Nesse ponto, o que fica claro � que o diretor al�a o m�sico, um tanto merecidamente, ao altar dos nomes incontorn�veis da cultura – uma antena do pr�prio tempo, como o artista chega a se definir, sem qualquer mod�stia, numa das entrevistas mostradas no filme, emba�ando as fronteiras entre o pop e o erudito.

O Bowie que emerge do filme � "o anti-Kurt", diz Morgen, comparando "Moonage daydream" ao seu document�rio musical anterior, "Montage of heck", sobre outro roqueiro, o l�der do Nirvana, montado a partir de grava��es caseiras feitas pelo guitarrista meses antes de ele dar um tiro na pr�pria cabe�a.

"Kurt Cobain cantava sobre as dores da solid�o, e Bowie tamb�m, de certa forma, mas de uma forma mais emp�tica. Aquele era um filme sobre morte. Esse � sobre vida, que n�o deixa de ser a percep��o de que estamos morrendo a cada segundo." (Guilherme Genestreti – Folhapress) 

“MOONAGE DAYDREAM”

(Alemanha, Estados Unidos, 2022). Dire��o: Brett Morgen. Document�rio. Classifica��o: 14 anos. Estreia nesta quinta-feira (15/9), em salas das redes Cineart e Cinemark




receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)