
Autor de uma cole��o de sucessos que agitam karaok�s de norte a sul do Brasil, Tim Maia dividia suas can��es em dois grupos, as de “melar-cueca” e as de “esquentar-sovaco”. Esse jeit�o c�mico de definir sua obra sintetiza bem a maneira como ele surge na nova s�rie documental do Globoplay. “Vale tudo com Tim Maia”, estreia nesta quarta-feira (28/9), data em que o artista completaria 80 anos.
Dividida em tr�s epis�dios, a s�rie traz o pr�prio Tim narrando sua trajet�ria, quase sempre bem-humorado, cheio de piadas a contar sobre suas dores e conquistas.
Sputniks e 'cornologia'
Trechos de entrevistas antigas e v�deos in�ditos do cantor trazem relatos dele sobre a ef�mera banda Sputniks, que integrou ao lado de Roberto Carlos e Erasmo Carlos, os furtos de comida que cometeu nos Estados Unidos, a vez em que foi deportado de l�, a vida sexual e seu dom para “cornologia”, termo que usava para falar das vezes em que foi tra�do.
Com dire��o de Nelson Motta e Renato Terra, a s�rie mostra ainda como Tim Maia se tornou o pai do soul brasileiro e traz detalhes da composi��o de alguns dos seus maiores hits, que explodiram na d�cada de 1970, mesclando R&B, funk, soul e MPB.
H� coment�rios de Tim sobre o preconceito que teria sofrido por ir na contram�o da bossa nova, numa est�tica agitada e suingada, passando longe dos viol�es de calmaria e vocais suaves do movimento musical.
“Fui mais discriminado pela rapaziada jovem do que pelos 'bossanoveiros'. Eles aceitavam”, diz Tim Maia em entrevista a Branco Mello, dos Tit�s.
Segundo o cantor, por ser negro e gordo, ele pouco atra�a a aten��o das mulheres, hist�ria bem diferente da vivida por seus amigos brancos e magros como Roberto Carlos e Erasmo Carlos, conta ele.
A letra dram�tica de “Azul da cor do mar”, ali�s, teria surgido da inveja de Tim diante do entra-e-sai de mulheres nos quartos de seus colegas. “Eu n�o comia ningu�m”, dizia o m�sico, rindo com lamento.
“Vale tudo” mostra ainda como Tim foi da obsess�o pela Cultura Racional, em eventos m�sticos que cultuavam livros da cole��o “Universo em desencanto”, ao desapego completo por religiosidades.
Um dos temas mais explorados � a fama do cantor de n�o comparecer a shows e programas de TV – v�rias vezes, sem aviso pr�vio. Ora argumentava cansa�o, ora que n�o estava sendo bem pago por isso, mas sempre era criticado, chegando a ser punido pela TV Globo, que o tirou da trilha de uma novela ap�s ele dar bolo em Faust�o.
Pol�micas ficaram de fora
Parte sutil da rela��o de Tim com drogas tamb�m surge na s�rie. Facetas mais controversas do cantor, no entanto, ganham pouco destaque e algumas ficam de fora. H� somente um curto trecho sobre os muitos processos trabalhistas durante a carreira. A acusa��o de ter agredido Jana�na, mulher que namorou, nem sequer � mencionada.
“O Tim n�o sai da s�rie com uma imagem heroica. Ele � o her�i da s�rie”, diz Motta, jornalista, produtor musical e autor da biografia “Vale tudo – O som e a f�ria de Tim Maia”.
Segundo Terra, a s�rie � quase uma autobiografia, j� que exibe somente falas do m�sico e, por isso, n�o faria sentido dar voz a outras pessoas.
“A primeira coisa que eu e o Motta decidimos � que ter�amos s� o Tim Maia, porque quer�amos provocar uma esp�cie de 'experi�ncia Maia'”, afirma.
“A gente n�o usa como prioridade a informa��o. At� falamos, no come�o da s�rie, que quem quiser saber mais detalhes pode ler a biografia escrita pelo Motta, ou falar com o s�ndico.”
Ele diz que a proposta � que o espectador se sinta num show do Tim Maia ou numa discoteca dos anos de 1970 e afaste as cadeiras da sala para dan�ar toda vez que surgirem na tela cenas de apresenta��es do cantor.
“VALE TUDO COM TIM MAIA”
.Dire��o de Nelson Motta e Renato Terra
.S�rie com tr�s epis�dios
.Globoplay
.Estreia na quarta-feira (28/9)