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Estado de Minas ARTES C�NICAS

Inventor do "espet�culo de aberra��es" � tema de musical que chega a BH

Vers�o brasileira de "Barnum - O rei do show", sucesso na Broadway, ter� sess�es neste s�bado (29/10) e no domingo (30/10), no Minascentro


29/10/2022 07:39 - atualizado 29/10/2022 07:40

Atores erguem os braços no palco em cena de 'Barnum - O rei do show'
Al�m da trajet�ria profissional, a tumultuada vida conjugal do protagonista tamb�m � abordada na montagem (foto: Caio Gallucci/Divulga��o )
Charlat�o, inventor do marketing, criador do circo, midas do entretenimento, controverso, showman – foram muitas as ins�gnias coladas em Phineas Taylor Barnum (1810-1891) ao longo dos anos. O personagem, que durante o s�culo 19 circulou pelos Estados Unidos e fez fortuna com o chamado “espet�culo de aberra��es”, � focalizado no musical “Barnum – O rei do show”, que chega a Belo Horizonte para duas apresenta��es, neste s�bado (29/10) e no domingo (30/10), no Minascentro.

Original da Broadway, a montagem escrita por Mark Bramble, com can��es de Cy Coleman e letras de Michael Stewart, estreou em 1980. Naquela d�cada, teve 10 nomea��es ao pr�mio Tony e, mais recentemente, em 2017, foi adaptada para o cinema. No ano passado, ganhou sua vers�o brasileira, assinada por Claudio Botelho, com dire��o de Gustavo Barchilon e elenco encabe�ado por Murilo Rosa, posteriormente substitu�do por Guilherme Logullo.

O musical estreou em S�o Paulo e, desde ent�o, j� passou por Rio de Janeiro, Fortaleza, Recife e Barueri (SP). Al�m de Logullo, que assumiu o posto de titular no in�cio deste ano, o elenco conta com Kiara Sasso, Renata Ricci e Val�ria Barcelos, al�m de diversos outros atores, cantores e bailarinos.

Museu de bizarrices

P .T. Barnum j� tinha 60 anos completos quando fundou o P. T. Barnum’s Grand Traveling Museum, Menagerie, Caravan and Circus, em 1871, no Brooklyn, em Nova York. O show itinerante surgiu depois de dois inc�ndios no museu com uma cole��o de bizarrices que ele mantinha desde 1842.

Misturando circo, zool�gico e as chamadas “aberra��es”, o espet�culo itinerante tinha atra��es como a mulher barbada, o homem mais pesado do mundo, an�es, contorcionistas, engolidores de espada, a Sereia de Fiji – que, na verdade, era um tronco de macaco costurado a um rabo de peixe – e a mulher mais velha da Terra, Joice Heth – uma escrava que Barnum havia comprado e a quem atribu�a a idade de 160 anos; quando ela morreu, descobriu-se que n�o tinha nem 80.

Gustavo Barchilon diz que j� vinha trabalhando com Claudio Botelho h� alguns anos quando surgiu a possibilidade de uma vers�o brasileira para “Barnum – O rei do show”. Ele conta que essa sempre foi uma de suas trilhas favoritas entre as compostas por Cy Coleman e que tamb�m sempre nutriu grande interesse pelo universo do circo, j� tendo, inclusive, trabalhado com o Cirque du Soleil.

Mistura de linguagens

O diretor conta que logo vislumbrou o potencial de uma adapta��o do espet�culo para as plateias brasileiras. “Acredito que o teatro musical seja algo j� devidamente absorvido pelo p�blico daqui e tamb�m percebo que o circo est� no cora��o do brasileiro, � algo que est� na base da nossa cultura. Misturar as duas linguagens tinha tudo para resultar em uma montagem de sucesso”, afirma.

Amalgamar diferentes express�es art�sticas de forma org�nica, ali�s, foi o principal desafio que ele diz ter enfrentado na dire��o do espet�culo. “Primeiro, voc� precisa de um ator que canta, dan�a e que, ainda por cima, tenha certo dom�nio da linguagem circense. Segundo, eu n�o queria um espet�culo em que as cenas pudessem ser confundidas com n�meros de circo. O que estamos fazendo � teatro musical”, enfatiza.

Ele destaca, ainda, outra dificuldade encontrada durante o processo de realiza��o de “Barnum – O Rei do show”: as restri��es impostas pela pandemia. Todo o elenco ensaiou usando m�scaras, o que tornava uma apresenta��o bastante f�sica por natureza ainda mais exaustiva, segundo o diretor.

Esfor�o da equipe

“Todo o elenco era testado duas vezes por semana. Com as m�scaras, a gente n�o conseguia ver a fei��o do ator, o que, em algumas cenas, � muito importante. Foram necess�rios ensaios adicionais com cada um, separadamente, para que a gente pudesse estudar as express�es”, relata. Ele ressalta o esfor�o e o desejo de toda a equipe de concluir com �xito a empreitada.

Barchilon acredita que todo mundo que trabalha com entretenimento tem um pouco de Barnum em si. O que mais chama a sua aten��o no personagem, a prop�sito, � a vontade que ele tinha de fazer acontecer. “Barnum tinha essa coisa da insist�ncia, da perseveran�a. Tamb�m tenho um pouco disso. Quando propusemos essa vers�o brasileira, eu queria fazer acontecer.”

O diretor considera que, apesar de pol�mico, Barnum tinha um prop�sito inclusivo e contribuiu para levantar debates importantes, que ajudam a refletir sobre temas como humanidade, igualdade e diversidade. “Ele dava oportunidade para pessoas que estavam � margem da sociedade. Essa � a caracter�stica boa que posso exaltar nesse personagem”, opina.
 
Ele pondera que o empres�rio e showman era, como qualquer pessoa, reflexo de seu tempo, uma �poca em que “a coca�na era legalizada e amplamente utilizada no cuidado com os dentes, por exemplo”. Barchilon observa que Barnum, no s�culo 19, fez coisas que hoje seriam completamente inadmiss�veis. Ele ressalta, no entanto, que a dimens�o humana do personagem � o que est� no cerne do espet�culo.

“Quis contar a hist�ria dele com a mulher, Charity. Eram duas pessoas que vinham de lados completamente opostos, com vis�es de mundo diferentes e que, no entanto, apesar de todos os percal�os, conduziram a vida juntos. Mesmo diante de um epis�dio de infidelidade, ela ajudou Barnum a realizar todos os sonhos. Meu desejo foi levar isso ao palco como uma hist�ria de amor”, diz.

Essa hist�ria de amor, contudo, � atravessada por v�rias quest�es que permanecem atuais, a despeito de ambientadas no s�culo 19, segundo o diretor. Ele diz que a diversidade � um ponto central no espet�culo. “Barnum dava voz e espa�o para as minorias, para pessoas que estavam marginalizadas, e a gente est� falando disso num contexto de escravid�o, de v�rios n�veis de exclus�o”, observa.

Representatividade

Ele chama a aten��o para o fato de que, desde a estreia do musical, o papel de Joice Heth � interpretado por uma atriz/cantora trans – primeiro Diva Menner, e atualmente Val�ria Barcelos. “O Brasil � o pa�s que mais mata a popula��o LGBTQIA+ no mundo, ent�o fiz quest�o de trazer uma trans para o espet�culo, com protagonismo. Hoje em dia, � preciso ter representatividade em qualquer �rea”, destaca.

Tamb�m para Guilherme Logullo, o que mais chama a aten��o em P. T. Barnum � sua humanidade e a maneira como ele deu voz para pessoas que eram consideradas fora do padr�o e afastadas do conv�vio social por essa raz�o. “Ele empregou essas pessoas para criar um grande espet�culo, um museu de curiosidades. Foi Barnum quem criou o imagin�rio da mulher barbada, da sereia, do homem de borracha, do engolidor de espadas”, diz.

Para o ator, o personagem que interpreta no musical foi o inventor do marketing. Ele observa que Barnum criou express�es como “o maior espet�culo da Terra”, ainda corrente, para atrair o p�blico, e teve �xito. “Junto disso, tem o lado humano. Era um homem casado, que contou muito com o apoio da mulher, mas que tamb�m teve problemas conjugais”, aponta.

Caracteriza��o pronta

Ele diz n�o ter enfrentado grandes desafios para compor o personagem, posto que partiu de uma caracteriza��o previamente constru�da por Murilo Rosa, que deixou a montagem em raz�o de outros compromissos. Logullo conta que teve apenas que seguir a linha interpretativa e as marca��es j� feitas.

“Antes de assumir o papel, eu j� estava escalado como substituto do Murilo, ent�o tinha estudado muito sobre quem era Barnum, tinha um entendimento dele, do que ele significava dentro da hist�ria do entretenimento e de tudo o que criou”, diz. Os muitos anos em que o musical ficou em cartaz na Broadway tamb�m lhe serviram de esteio, diz o ator.

Ele destaca que se trata de um personagem “extremamente f�sico”, que em v�rios momentos demanda o uso de t�cnicas circenses. “A gente pegou muitas coisas de bandeja, mas tive que trazer esse universo do circo para o palco, no �mbito do teatro musical, buscando fazer com essas linguagens pudessem conversar”, destaca.

Corda bamba

O maior desafio, ele aponta, � andar na corda bamba. “Estou cantando e dan�ando e h� uma quebra, fica um momento de sil�ncio total, que � esse da travessia, do passo a mais que o personagem tem de dar na corda bamba para seguir em seu percurso.” Logullo observa tamb�m que “Barnum – O rei do show” tem um texto complexo. “N�o � f�cil contar essa hist�ria de maneira que as pessoas entendam e se envolvam.”

Entretanto, a resposta do p�blico tem sido muito boa, conforme comenta. O espet�culo estreou com uma temporada de dois meses durante o primeiro momento de flexibiliza��o das atividades presenciais na pandemia, fez uma pausa e retornou a partir do in�cio deste ano, no Rio de Janeiro.

“Acho que foi o primeiro espet�culo desse porte a voltar aos palcos. A recep��o tem sido absurda, as plateias enlouquecem, acho que por causa disso mesmo. As pessoas atravessaram um per�odo longo de restri��es e, agora, quando se veem diante de um musical grandioso, com visual exuberante, ficam encantadas mesmo”, diz.

“BARNUM – O REI DO SHOW”

Musical. Neste s�bado (29/10), �s 20h30, e domingo (30/10), �s 19h, no Grande Teatro do Minascentro (Avenida Augusto de Lima, 785, Centro, 31.3658-9140). Ingressos para plateia 1 a R$ 140 e R$ 70 (meia), plateia 2 a R$ 120 e R$ 60 (meia), plateia 3 a R$ 100 e R$ 50 (meia) e plateia 4 a R$ 50 e R$ 25 (meia), � venda pelo Sympla


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