
Foi por sua pr�pria voz que a cantora Gal Costa, morta nesta quarta-feira (9/11), definiu os principais movimentos de sua discografia. Sempre lembrada pelo timbre agudo, a voz de Gal ora descia � placidez bossa-novista de Jo�o Gilberto, ora explodia, num canto para fora.
Em 1967, a cantora come�a sua trajet�ria com o �lbum "Domingo", em parceria com Caetano Veloso. Naquele momento, os jovens artistas ainda traziam a simplicidade interpretativa da bossa nova, em can��es como "Avarandado", "Zabel�" e "Cora��o vagabundo", todas elas recuperadas em tempos mais recentes.
A can��o "Baby", que se tornaria um dos seus maiores sucessos, apareceu dois anos depois, no disco que levava o nome da cantora. No mesmo trabalho, ela entoava outros sucessos de compositores da Tropic�lia, como "N�o identificado", de Caetano, e "Divino maravilhoso", de Caetano e Gilberto Gil.
Em 1971, Gal se torna um acontecimento na cultura brasileira com o disco "Fa-Tal Gal-a todo vapor", em que a cantora mostrou toda a pot�ncia vocal, num grito contra a repress�o da ditadura militar. O �lbum nasceu de uma s�rie de apresenta��es da cantora, no Teatro Tereza Raquel, em Copacabana, no Rio de Janeiro, que seria lembrada por gera��es de artistas brasileiros.
"Fa-Tal"se tornou relato pungente daquele momento, com can��es que n�o sairiam mais de seus shows, como "P�rola negra", de Luiz Melodia. Naquele momento de efervesc�ncia na cultura brasileira, Gal centralizou em sua voz algumas das melhores cabe�as pensantes de sua gera��o. No repert�rio de "Fa-Tal", constavam ainda "Mal secreto", de Jards Macal� e Waly Salom�o, e "Sua estupidez", de Roberto Carlos.

Sensualidade censurada
Na mesma d�cada, s�o lan�ados "�ndia", de 1973, cuja capa sensual foi censurada pela ditadura. No disco, ouvimos, al�m da faixa-t�tulo, "Da maior import�ncia" e "Relance". No ano seguinte, "Cantar" enfileira sucessos:"Barato total", "A r�".
"�gua viva", de 1978, trouxe a rom�ntica "Folhetim", sempre lembrada pelas r�dios, e "M�e", em que o vocalize de Gal assombrava, parecendo um instrumento de sopro ou uma guitarra plangente. Os anos 1980 seriam marcados por dois discos: "Fantasia", de 1981, com "Meu bem, meu mal" e "Profana", de 1984, com a c�lebre composi��o "Vaca profana", de Caetano Veloso.
