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Estado de Minas M�SICA

Emocionado, Milton Nascimento ainda n�o viu as cenas de seu �ltimo show

Cantor e compositor, impactado pelo mar de gente em sua apresenta��o de domingo (13/11), prossegue em BH. F�s curtem lembran�as do momento hist�rico


15/11/2022 04:00 - atualizado 16/11/2022 11:53
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Milton Nascimento regeu o coro de 55 mil pessoas no Mineirão
Com a voz embargada pela emo��o em diversos momentos, Milton Nascimento regeu o coro de 55 mil pessoas no Mineir�o (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)

“Ainda n�o”, foi a resposta que Milton Nascimento deu ao filho na manh� de ontem (14/11). Augusto havia perguntado se ele queria assistir � transmiss�o do show no Mineir�o que encerrou a turn� “A �ltima sess�o de m�sica”, na noite de domingo, colocando um ponto final em sua trajet�ria nos palcos.

“Houve outros shows em que ele se emocionou muito tamb�m, mas este foi mais intenso, pois superou todas as expectativas. Falou que achou uma loucura, n�o estava imaginando aquele tanto de gente”, revela Augusto Kesrouani Nascimento, ele pr�prio surpreso com o resultado – incluindo a chuva, que esperou a segunda-feira para cair.

Isabela Oliveira sorri e ergue o braço, onde está tatuado trenzinho da capa do disco de Milton Nascimento, durante show do cantor no Mineirão
A bi�loga Isabela Oliveira tatuou a ilustra��o da capa de "Geraes" no bra�o, comprou ingresso na Alemanha e ouve Milton no meio da floresta amaz�nica (foto: T�lio Santos/EM/D.A Press)

A "bronca" de Nelson Angelo

Mesmo com muito planejamento, houve coisas decididas em cima da hora. Autor de “Fazenda” (1976), uma das �ltimas can��es do repert�rio do show, o cantor, compositor e guitarrista belo-horizontino Nelson Angelo se tornou parceiro de Milton no in�cio dos anos 1970.
 
“Ele tinha me pedido v�rias vezes para convid�-lo. S� que eu achava que ele morava em BH, e ele vive no Rio. S� no s�bado soube disso e demos um jeito de ele vir. Pois o Nelson Angelo chegou no camarim me ‘enquadrando’, dizendo que queria cantar. Ent�o, 10 minutos antes do show come�ar, foi decidido que ele cantaria”, conta Augusto.

Imprevisto tamb�m foi o final da noite, quando o backstage se tornou uma confus�o. “Seria festa mais fechada para a equipe e acabou chegando um monte de gente que a gente n�o conhecia”, continua Augusto. Na medida do poss�vel, as pessoas foram recebidas, at� que Milton foi retirado para um local mais tranquilo.

A temporada de shows terminou, mas Bituca continua em BH, ainda sem data de retorno ao Rio. Augusto explica que o pai est� andando, mas como a locomo��o no palco � mais complicada, ele teve de ser amparado na hora em que o show terminou. “Temos usado cadeira (de rodas) para dist�ncias maiores.”
 
 

"Renascimento" vem a�

Mesmo com o fim da turn�, h� ainda muita atividade em torno de “A �ltima sess�o de m�sica”. Ontem, a equipe da realizadora Fl�via Moraes foi at� a sede do Grupo Corpo, no Bairro Mangabeiras, para filmagens para o document�rio “Renascimento”.

Foram registrados trechos de um ensaio de “Gil refazendo”, mais recente montagem da companhia, e depoimentos dos irm�os Pederneiras: o core�grafo Rodrigo e o diretor art�stico Paulo.

Desde o in�cio da turn�, em junho, uma equipe faz registros para o projeto sobre a trajet�ria de Milton. A inten��o � lan�ar “Renascimento” em 2023 – ainda n�o se sabe se em formato de longa-metragem ou de s�rie.

�ltima m�sica do show antes do bis, “Maria, Maria” (1976), m�sica de Milton com letra de Fernando Brant, foi composta para o espet�culo hom�nimo que marcou a estreia do Corpo. � tamb�m a can��o mais tocada e regravada de Milton, segundo levantamento do Escrit�rio Central de Arrecada��o e Distribui��o (Ecad) divulgado em outubro, quando o cantor e compositor completou 80 anos.
 
Thaísa Menezes sorri, na entrada do Mineirão, antes do show de Milton Nascimento
Tha�sa Menezes, que descobriu Milton por causa da professora, diz que arrepiou no gramado do Mineir�o (foto: T�lio Santos/EM/D.A Press)
 

Bituca no col�gio

Em 1990, quando a engenheira Tha�sa Menezes nasceu, “Maria, Maria”, gravada por Milton em 1978 (inicialmente tinha apenas vocalise, ganhando letra posteriormente), j� era um dos maiores sucessos de Bituca. Na �poca, o espet�culo do Corpo havia encerrado a longa trajet�ria de 10 anos em cartaz. Aluna de escola municipal de Belo Horizonte, Tha�sa descobriu o mundo de Milton Nascimento por meio de sua professora de artes.

“Meu conhecimento veio dela, que colocava sempre as m�sicas dele para os trabalhos de escola”, conta Tha�sa, que viu Milton no palco pela primeira vez na noite do �ltimo domingo. “De todas, ‘Maria, Maria’ � a que me pega mais. E vou te falar: j� entrei no gramado arrepiando. Quando ele apareceu no palco, ver aquela emo��o com o povo todo do lado foi inexplic�vel”, continua Tha�sa, que estava no Mineir�o acompanhada de um grupo de 15 pessoas.
 
Larissa Souza, de Brasília, chora durante o show de Milton Nascimento no Mineirão
Larissa Souza, que veio de Bras�lia, "desabou" ao ouvir Milton cantar "Bola de meia, bola de gude", a can��o das crian�as (foto: T�lio Santos/EM/D.A Press)
 

O primeiro show de Larissa

Tha�sa passou boa parte da manh� de ontem comentando sobre o show com os amigos. Naquele momento, Larissa Souza, de 28 anos, j� havia arrumado as malas para pegar a estrada. A atriz e iluminadora veio de Bras�lia com o namorado apenas para ver o espet�culo. Tamb�m para ela foi a primeira vez de Milton no palco. “Foi, com certeza, um dos dias mais lindos da minha vida.”

“Sou de Bel�m do Par�. Meu av� era um homem preto, do interior, garimpeiro. Ver o Milton tecendo outras possibilidades, muitas delas restringidas para a popula��o preta, tem um papel social magn�fico. Desde muito pequena escuto ele. ‘Milagre dos peixes’ (1973, disco majoritariamente instrumental) � um dos meus �lbuns preferidos”, diz Larissa.
 
A atriz revela que “desabou” ao ouvir “Clube da esquina 2”, “Ca�ador de mim” e “Bola de meia, bola de gude”. “Nesta chorei sem parar, pois me diz muito, a m�sica tem um olhar muito especial sobre nossas crian�as e baliza minhas atitudes”, completa Larissa.
 

"Trabalho na Amaz�nia, e a m�sica dele fala do contato com povos ind�genas, biodiversidade, rios. (...) Tenho medo de acampar no meio do mato, ent�o quando tenho que dormir na rede, coloco o fone e escuto Milton"

Isabela Oliveira, bi�loga

 

Cada um dos 55 mil f�s que foram ao Mineir�o tem sua pr�pria hist�ria com a m�sica de Milton. A da bi�loga mineira Isabela Oliveira, de 33, diz muito sobre sua vida tanto familiar quanto profissional. Em 18 de maio, quando come�ou a venda de ingressos, que se esgotaram em quatro horas, ela estava em temporada de estudos na Alemanha.

Doutoranda, conseguiu comprar de l� tr�s entradas para o show em BH em novembro. “Ou�o Milton desde a nascen�a, pois meu pai � muito f�. Lembro-me de chegar em casa da escola e ouvi-lo no vinil. Ent�o, ele faz parte da minha vida inteira e da rela��o com meu pai”, conta. Henrique Oliveira acompanhava a filha no Mineir�o.
 

"Sou de Bel�m do Par�. Meu av� era um homem preto, do interior, garimpeiro. Ver o Milton tecendo outras possibilidades, muitas delas restringidas para a popula��o preta, tem um papel social magn�fico. Desde muito pequena escuto ele"

Larissa Souza, atriz

 

Acalanto contra o medo na floresta

A temporada na Alemanha terminou e Isabela foi para Manaus, onde vive atualmente, trabalhando como bi�loga. Ela voltaria a BH para passar o Natal com a fam�lia apenas em dezembro – Milton antecipou o retorno.

“Trabalho na Amaz�nia, e a m�sica dele fala do contato com povos ind�genas, biodiversidade, rios. Quando entro na mata para expedi��es, as m�sicas do Milton sempre v�m na minha cabe�a. Tenho medo de acampar no meio do mato, ent�o quando tenho que dormir na rede, coloco o fone e escuto Milton. Ele � tamb�m um conforto para que consiga dormir no meio da mata aberta”, conta Isabela, que carrega tatuada, no b�ceps esquerdo, imagem da capa do �lbum “Geraes”, lan�ado em 1976.

Hamilton de Holanda e Wayne Shorter sorriem para a câmera com os braços erguidos
Hamilton de Holanda e Wayne Shorter em Los Angeles (foto: Instagram/reprodu��o)
Wayne Shorter viu tudo l� dos EUA

 

A transmiss�o de “A �ltima sess�o de m�sica” pelo Globoplay levou o �ltimo show para o mundo, como a m�sica de Milton Nascimento sempre pregou. “Alegrias da vida adulta: passar uma tarde com a lenda do jazz Wayne Shorter assistindo a ‘A �ltima sess�o de m�sica’ de Bituca”, postou o bandolinista Hamilton de Holanda diretamente de Los Angeles.

 

O saxofonista norte-americano, de 89 anos, � um dos c�lebres parceiros de Milton – juntos, lan�aram em 1974  o �lbum “Native dancer”. Shorter tamb�m d� nome ao anfiteatro na casa do cantor e compositor, no Rio de Janeiro, inaugurado com show que teve a participa��o do pr�prio.


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