O pr�ncipe Harry, filho mais novo do rei Charles III, e sua esposa Meghan criticam o “contrato n�o escrito” entre a fam�lia real e a imprensa brit�nica que os “explora”, na pol�mica s�rie documental que estreou nesta quinta-feira (8/12), na plataforma Netflix. O casal tamb�m denuncia o racismo.
“Um reality show orquestrado” pelo Pal�cio de Buckingham. Assim os dois explicam todas as declara��es e o comportamento deles a partir da primeira entrevista conjunta, em 27 de novembro de 2017, ap�s o an�ncio do noivado.
“H�, essencialmente, um ramo estendido das rela��es p�blicas da fam�lia real, um acordo que existe h� mais de 30 anos”, afirma Harry, de 38.
O filho da princesa Diana responsabilizou a m�dia sensacionalista pela morte de sua m�e enquanto era perseguida por paparazzi em Paris, em 1997.
“Esta fam�lia � nossa para explorarmos, seus traumas s�o nossas hist�rias e controlamos a narrativa”. Assim Harry descreve o pensamento dos meios de comunica��o brit�nicos sobre o “contrato n�o escrito” com os Windsor.
O pr�ncipe denunciou a campanha de propaganda negativa contra ele e a mulher, que foi estendida para amigos e familiares de Meghan nos Estados Unidos.
A s�rie come�a com a hist�ria de amor entre Harry e a atriz, fervorosa feminista criada em Hollywood, e avan�a pelos tr�s primeiros cap�tulos at� a v�spera do casamento dos dois, em maio de 2018.
Os tr�s epis�dios seguintes, que entrar�o em cartaz em 15 de dezembro, provavelmente ser�o mais nocivos para a fam�lia real. V�o detalhar os motivos que levaram o casal a abandonar a monarquia, em 2020, para viver na Calif�rnia.
Racismo em Buckingham
Mal recuperada da morte de Elizabeth II, ocorrida em setembro, a realeza brit�nica se prepara para acusa��es potencialmente explosivas no momento em que busca modernizar sua imagem, impulsionada pelos novos monarcas Charles III e Camilla, e os herdeiros William e Catherine.
O Pal�cio de Buckingham n�o emitiu coment�rios antes da estreia da s�rie. Entretanto, fontes do pal�cio real, citadas pelo jornal Daily Mail, asseguraram que os monarcas est�o “um pouco fartos” dos constantes ataques.
Na primeira parte da s�rie, Meghan faz alus�o ao racismo que denuncia ter sofrido – do broche com uma cabe�a negra usado pela esposa de um primo de Elizabeth II, no primeiro jantar de Natal com a atriz, em 2017, a imagens e coment�rios sobre o passado colonial do imp�rio brit�nico.
“H� um alt�ssimo n�vel de preconceitos inconscientes”, refor�a Harry, revelando que ele pr�prio teve de corrigir a educa��o que recebeu quando era crian�a.
A s�rie chega em p�ssima hora para a fam�lia real brit�nica, atingida na semana passada por um esc�ndalo de racismo. A madrinha de William foi dispensada como dama de honra ap�s fazer coment�rios ofensivos a uma convidada negra no Pal�cio de Buckingham.
Em 2021, em entrevista concedida � estrela da televis�o americana Oprah Winfrey, Harry e Meghan acusaram um integrante da fam�lia real de se preocupar com a cor da pele dos futuros filhos do casal. Por�m, n�o citaram nomes.
Com testemunhos de amigos do casal e colaboradores, a s�rie explica, por exemplo, como a ex-col�nia brit�nica da Jamaica foi o centro de um lucrativo com�rcio de escravos, cujos navios foram financiados durante s�culos pelos reis ingleses.
Benef�cios vindos desse sistema racista permitiram “construir o maior imp�rio que o mundo j� viu”, ressalta o programa.
A impopularidade do duque e da duquesa de Sussex no Reino Unido, onde s�o acusados de tirar vantagem financeira da monarquia sem participar de suas obriga��es, n�o parece melhorar com o document�rio da Netflix.
'Alguns membros da fam�lia eram como minha esposa, tiveram que passar por isso. Ent�o, 'por que sua namorada deveria ser tratada de maneira diferente?', 'por que voc� deveria receber tratamento especial?', 'por que ela deveria ser protegida?'. Eu disse que a diferen�a aqui � o elemento ra�a'
Pr�ncipe Harry
Especialista acusa: 'Hip�critas'
“Eles s�o hip�critas. Por um lado, dizem querer privacidade. Por outro, vejam o que publicam”, diz o comentarista real Richard Fitzwilliams a respeito de Harry e Meghan. Richard j� trabalhou para a brit�nica BBC e a americana CNN.
Na opini�o de Fitzwilliams, o pr�ncipe e a mulher t�m dois motivos para agir dessa forma: “Ganhar muito dinheiro e dar sua vers�o, como forma de vingan�a”.
Contudo, pondera o comentarista, o casal n�o se dirige ao p�blico brit�nico, “mas ao mundo inteiro, com os Estados Unidos no centro.”
A s�rie “Harry & Meghan” � dirigida pela americana Liz Garbus, especialista em document�rios. Ela foi indicada ao Oscar duas vezes, por “The farm: Angola, USA” (1998) e “What happened, miss Simone?” (2015).
O primeiro document�rio aborda o dia a dia numa pris�o de Angola, sob a perspectiva dos presidi�rios. O segundo retrata a complexa personalidade da cantora e compositora Nina Simone (1933-2003).
Imprensa sensacionalista ironiza o casal “Kardashian”
“Sabotagem”. “Declara��o de guerra”. “Harry, por que voc� odeia tanto a sua fam�lia?”.
Estas s�o as manchetes dos jornais sensacionalistas ingleses, que sempre preferiram William e Catherine, considerados o casal perfeito e com senso de dever impec�vel. J� Harry e Meghan s�o comparados �s “Kardashians”, por ganhar dinheiro ao expor a vida pessoal aos quatro ventos.
Desde que deixaram a fam�lia real, o duque e a duquesa de Sussex assinaram contratos lucrativos, estimados em mais de US$ 100 milh�es, com a Netflix e o Spotify. Em janeiro, Harry publicar� suas mem�rias no livro “Spare”.
O jornal “The Sun”, que criticou a “autopiedade obsessiva” do casal e o “desprezo descarado” pela fam�lia real, defendeu que o duque e a duquesa de Sussex deveriam ser destitu�dos de todos os seus t�tulos.
"HARRY & MEGHAN”
S�rie documental dirigida por Liz Garbus, com seis epis�dios. Tr�s deles j� est�o dispon�veis na plataforma Netflix. Os outros tr�s estreiam em 15/12
Os brit�nicos n�o gostam muito deles. Harry e Meghan s�o os membros menos populares da fam�lia real depois do pr�ncipe Andrew, acusado de agress�o sexual. William e Catherine, contudo, t�m 81% e 75% de opini�es favor�veis, respectivamente, de acordo com pesquisa recente da YouGov.