
Um m�s depois de ser ovacionado ao abrir o show de despedida de Milton Nascimento no Mineir�o, o carioca Z� Ibarra volta a Belo Horizonte para se apresentar na casa de shows A Aut�ntica com a Bala Desejo, banda que acaba de conquistar o Grammy Latino de melhor �lbum de pop contempor�neo em l�ngua portuguesa, concedido ao disco “SIM SIM SIM”.
A diferen�a de tamanho entre o Mineir�o e a Aut�ntica � imensa, assim como a expectativa para o show desta banda surgida em 2021, formada tamb�m por Dora Morelenbaum, Julia Mestre e Lucas Nunes.
Ibarra afirma que o Grammy n�o pertence apenas � Bala Desejo. “� conquista coletiva de todo mundo que participou. Uma conquista coletiva do pr�prio conceito do projeto: tentar fazer alguma coisa que n�o fosse sobre n�s – eu, Dora, J�lia e Lucas –, mas al�m. Ou seja, � sobre a cena, a galera, os temas da pandemia e sobre o mundo”, diz o cantor, compositor e instrumentista.
“Fico feliz, mas n�o envaidecido. Muito pelo contr�rio, pois fico com o senso de trabalho cada vez mais agu�ado e com vontade de continuar.”
Integrante da D�nica em meados da d�cada passada, banda criada por Tom Veloso, filho de Caetano, Z� Ibarra, de 25 anos, se sente na linha t�nue da transi��o entre gera��es da MPB. Cantou com Milton Nascimento, Ney Matogrosso e Gal Costa, e tem contato com Marina Sena, Tim Bernardes e Rubel, jovens como ele.
“N�o existe a possibilidade de n�o contato. Se n�o h� contato entre os integrantes, (a gera��o) n�o se configura como tal. Fica s� uma gera��o cronol�gica, n�o uma gera��o cultural. O Bala tamb�m � isso, essa troca. � sobre se olhar, se inspirar, entender e tentar desenvolver as coisas em conjunto.”
Legado de Gal e Erasmo
A despedida de grandes nomes da MPB – como Gal Costa e Erasmo Carlos, que morreram em novembro – �, ao mesmo tempo, triste e emocionante, pois traz a Ibarra senso de responsabilidade, compartilhado com os demais integrantes de sua gera��o. Entre eles, os grupos O Grilo, Francisco el Hombre, Daparte, O Terno e Terno Rei, por exemplo.
“� muito pouco o que posso fazer pela m�sica brasileira, mas posso fazer alguma coisa. Cada um de n�s pode fazer um pouquinho”, diz. “Quando vejo este momento de despedida, a galera ir embora, a vontade de tentar dar continuidade vem com impulso muito grande. � um impulso emocional, de amor.”
Foi simb�lico o fato de a Bala Desejo ganhar o Grammy na mesma semana em que Gal e Erasmo partiram. “Toda nossa gera��o est� sentindo, vai sentir. Mas esta gera��o � boa. A galera est� matando no peito. A gente est� com uma sede, um dever, um respeito por este momento”, afirma.
O primeiro �lbum solo do artista carioca ser� lan�ado em 2023. Ibarra prefere cham�-lo de “disco de escada”. � homenagem � escada do pr�dio onde cresceu, na Rua Marqu�s de S�o Vicente, 256, na G�vea. O endere�o, ali�s, batiza o projeto.
“O disco solo vem depois com orquestra, banda, produ��o musical, toda aquela coisa complexa, que nem o Bala. Neste disco de escada, sentei ali e gravei um filme de meia hora tocando m�sicas minhas e do mundo, no piano. Botei tudo na escada do meu pr�dio, o pr�dio em que nasci e cresci”, conta.
Ali�s, a escada em quest�o foi palco da live de Z� Ibarra durante a pandemia. “� a escada da minha vida. Devo muito do que sou – artista, cantor, sei l� o que eu sou – a essa escada. N�o gosto de cantar fora dela. S� gosto de cantar no corredor, por causa do eco. Eco deixa a voz bonita. Isso desde os 13 anos de idade, desde sempre. Ent�o, � uma d�vida que tenho e precisei retribuir, fazendo um disco”, afirma.
“Nunca trabalhei tanto na vida”, revela Ibarra, ao se referir a este ano, marcado pelo esfor�o para conciliar a turn� com Milton Nascimento e a carreira solo.
“A concilia��o � complexa por conta do tempo, nada mais. � tempo e disposi��o, porque n�o d� para ser meia boca em nenhum dos lugares, e o dia s� tem 24 horas. D� uma felicidade, porque quando voc� trabalha, as coisas v�o acontecendo tamb�m. Voc� se abre e se joga, mesmo cansado, e os frutos v�m.”
Feliz em voltar a Belo Horizonte e reencontrar os amigos, ele � s� elogios � cidade. “Minas tem uma energia... BH tem energia muito boa. O Caetano fala que BH � o melhor lugar para fazer show no Brasil e eu confirmo”, finaliza Ibarra.
BALA DESEJO E ELANA DARA
Festival Palco Ultra. Nesta sexta (9/12), n'Aut�ntica. Rua �lvares Maciel, 312, Santa Efig�nia. Abertura �s 20h. Elana Dara canta �s 22h; Bala Desejo, �s 23h. Ingressos a partir de R$ 47, � venda no site da casa.
* Estagi�rio sob supervis�o da editora-assistente �ngela Faria