"Game of Thrones", s�mbolo da cultura pop do s�culo 21, � um dos sucessos da HBO, que est� investindo pesado em tecnologia (foto: HBO/Divulga��o)
O trono est� vazio. L�deres travam batalhas para ocup�-lo, aquecendo intrigas palacianas. Mas n�o estamos falando de "Game of Thrones", um dos maiores s�mbolos da cultura pop do s�culo 21, ou de "Succession", ambas s�ries da HBO. Estamos falando da guerra dos streamings, que este ano entrou em uma nova etapa.
Os executivos da Netflix agora respiram aliviados com as 2,4 milh�es novas assinaturas registradas em outubro, mas os seis �ltimos meses foram de hemorragia. Durante o per�odo, o valor de mercado do streaming liderado por Reed Hastings e Ted Sarandos despencou de US$ 300 bilh�es para US$ 80 bilh�es. Enquanto isso, a concorr�ncia crescia.
Segundo a pesquisa "Streaming Satisfaction Report 2021-22", da Whip Media, uma institui��o que mede o grau de satisfa��o de assinantes de servi�os sob demanda, a HBO Max foi a que mais agradou este ano, tendo 94% dos participantes dito que est�o satisfeitos ou muito satisfeitos, dois pontos percentuais a mais do que no ano passado.
Logo atr�s vem a Disney+, que pontuou 88% nos dois anos contemplados pelo levantamento. A Hulu, que n�o est� dispon�vel no Brasil, mas exibe no exterior produ��es como "The handmaid's tale" e "Reservation dogs", registrou este ano uma queda de dois pontos percentuais na categoria, mas se manteve no terceiro lugar.
A Netflix, que ocupa a quarta posi��o do ranking, caiu 10 pontos percentuais. A Apple TV , dona de sucessos como "Ruptura" e "Black bird", ficou em sexto lugar no ranking, mas cresceu em 14 pontos, o maior crescimento do ano.
Taron Egerton (Jimmy Keene) protagoniza a s�rie "Black bird", uma das respons�veis pelo crescimento da Apple TV+ em 2022 (foto: Apple/Divulgacao)
EMMY
At� o Emmy parece refletir a prefer�ncia pela HBO, o canal a cabo, que completou 50 anos de exist�ncia, e a HBO Max, o servi�o de streaming. Eles obtiveram 140 indica��es ao pr�mio, enquanto a Netflix, logo atr�s, ficou com 105. A primeira levou 38 trof�us, e a segunda, 26.
A pesquisa atesta, contudo, que, para o p�blico, a Apple TV , com um cat�logo mais enxuto, que prefere qualidade � quantidade, � a grande vencedora do ano.
O pesquisador Eric Steinberg, respons�vel pelo levantamento, realizado nos Estados Unidos com cerca de 2.500 participantes, diz que a ind�stria nunca esteve t�o competitiva. Chegou tamb�m a hora de averiguar como os consumidores reagem �s assinaturas com an�ncios, a novidade do ano, j� dispon�vel na Netflix e na Disney .
"Ao incluir esta op��o, os servi�os podem sacrificar lucros com assinantes, mas t�m a esperan�a de a baixa ser compensada com os lucros vindos dos an�ncios, o que pode aumentar o valor m�dio de cada usu�rio da plataforma", diz o pesquisador.
Os 2,5 milh�es de novas assinaturas n�o mudam o fato de que a Netflix, at� pouco tempo atr�s a l�der do mercado que ela pr�pria inovou, chega ao fim do ano mal em compara��o a dezembro passado em regi�es como os Estados Unidos e Canad�. O aumento do custo de assinatura em meio � infla��o global estimulou os cancelamentos nos EUA. Veio da� a oferta de planos com an�ncios.
"Cancelar uma assinatura � f�cil", diz Steinberg. "Os servi�os n�o v�m com contrato de perman�ncia. O consumidor pode assistir tudo que lhe interessa para depois cancelar e testar outra plataforma."
A Apple TV � exemplo disso, ele argumenta. O modelo de poucas mas boas s�ries faz da plataforma uma das que mais t�m evas�o de assinantes. Por outro lado, a Netflix, que prefere quantidade, tem �ndice menor de evas�o, mesmo ante � crise do momento.
"Round 6", drama sul-coreano da Netflix, conquistou espectadores. Plataforma perdeu pontos neste ano, mas ainda tem motivos
para celebrar os n�meros (foto: Netflix/Divulga��o)
FEBRE GLOBAL
A julgar pelos dados da Whip Media, que fornece dados para empresas de produ��o de conte�do, a Netflix na verdade tem motivos para comemorar. O servi�o lidera nas categorias "experi�ncia do usu�rio", "mecanismo de sugest�o de t�tulos" e "servi�o indispens�vel".
Nem toda s�rie da Netflix vira uma febre global, � verdade, mas nem precisaria, diz o pesquisador. Ele explica que, no modelo de neg�cio por assinatura, a programa��o original atrai assinantes e ajuda a manter sua fidelidade enquanto n�o surge o pr�ximo viral.
Mas a HBO Max, que hoje ocupa a quarta posi��o na categoria de experi�ncia do usu�rio, est� investindo alto em tecnologia, o que pode impactar o mercado. A Disney tamb�m n�o est� para tr�s. Em agosto, ultrapassou a Netflix em n�mero de assinantes.
Fato � que o tempo dispon�vel em casa durante a quarentena contra o coronav�rus acelerou a ades�o aos servi�os de streaming e muitos podem ainda n�o estarem prontos para retornar �s salas de cinema, o que mant�m forte a demanda por produ��es cinematogr�ficas para assistir em casa, mesmo que seja preciso esperar alguns meses a mais por uma estreia.
Ser� que estamos sendo sobrecarregados, diante de uma oferta t�o grande de conte�do? Ser� que isso levou a Netflix a perder tantos assinantes, como sugerem os analistas americanos? O pesquisador discorda. Diz que, se fosse verdade, os servi�os estariam fazendo o oposto do que t�m feito, ou seja, reduziriam a quantidade de produ��es.
CL�MAX
"As plataformas sabem que nem todo mundo quer assistir tudo. A Netflix, por exemplo, segmenta o p�blico por interesses e se preocupa em servir todos os p�blicos", afirma o pesquisador. Parece que estamos mesmo � no cl�max desta guerra dos tronos. (Caio Delcolli, Folhapress)