Galp�o apresenta leitura dram�tica de 'Um conto de Natal', no Memorial Vale

A capacidade do romancista ingl�s Charles Dickens (1812-1870) de falar de temas profundos com simplicidade e clareza sempre encantou o ator e diretor Eduardo Moreira. “Oliver Twist” e “The Pickwick papers” fascinaram o integrante do Grupo Galp�o, mas “Um conto de Natal” despertou nele o desejo de adaptar Dickens para o teatro.

“Todas as obras de Dickens t�m uma gama de personagens cativantes que tocam muito as pessoas. A quest�o social est� muito presente. � a literatura muito pr�xima do povo”, afirma Moreira. A adapta��o foi realizada no ano passado, quando a trupe apresentou a leitura dram�tica do texto na Biblioteca P�blica de Minas Gerais.

A morte de Marley n�o comove o s�cio. Por�m, tudo muda quando o esp�rito dele o visita na noite de Natal. Carregando correntes enroladas pelo corpo, o fantasma revela que, por se preocupar apenas com os lucros, acabou esquecendo valores fundamentais como caridade, miseric�rdia, toler�ncia, paci�ncia e bondade. Por isso, n�o encontrou a paz eterna.

“Estou aqui, esta noite, para lhe avisar que voc� ainda tem uma chance de escapar do meu terr�vel destino”, diz a criatura a Scrooge. Anuncia, ent�o, que tr�s esp�ritos v�o visit�-lo.

O primeiro leva o avarento ao passado, �s noites de Natal da inf�ncia e da juventude. Ele detesta Natal, mas relembra o carinho da irm� ca�ula, que morreu ainda mo�a, e o baile oferecido por seu antigo patr�o.

O segundo fantasma leva Scrooge at� a noite de Natal do presente, nas casas do sobrinho e de um de seus funcion�rios, t�o maltratado por ele. Feliz por comemorar a data com a fam�lia, o empregado faz at� um brinde pela vida do patr�o.

A terceira assombra��o conduz Scrooge ao futuro. Ele havia acabado de morrer e ningu�m considerava sua morte como perda. Profundamente tocado com as revela��es, ele muda seu comportamento, d� novo direcionamento � vida e redescobre o Natal.

“O texto tem essa coisa muito bonita que � a reden��o humana. Dickens atinge pessoas de todas as idades e camadas sociais, mostrando a capacidade do ser humano de se superar, de se tornar uma pessoa melhor”, observa Eduardo Moreira.

O ator faz um paralelo entre a miss�o dos fantasmas e o papel do artista na sociedade contempor�nea. “Acredito muito na possibilidade da arte de tocar as pessoas e transformar o mundo. A gente, inclusive, se move muito por este sentimento”, afirma, referindo-se ao Grupo Galp�o.

A miss�o de emocionar as pessoas faz com que o grupo se mantenha vivo h� 40 anos – a data foi comemorada neste 2022 com turn�s nacionais e homenagens, como aquela recebida no Festival Internacional de Teatro Palco & Rua de Belo Horizonte (FIT-BH).

“� um percurso vitorioso. A pr�pria perman�ncia e manuten��o do grupo num pa�s como o Brasil, onde as coisas s�o muito ef�meras, � um feito extraordin�rio”, ressalta Eduardo. Tamb�m � uma vit�ria o Galp�o conseguir se manter com seu intenso trabalho de pesquisa de linguagens, aponta.

 

O processo de recria��o e reinven��o � constante. O grupo entende que o trabalho coletivo � maior e mais importante do que o de cada integrante.

“Claro que as individualidades s�o importantes. � preciso que elas estejam contempladas e satisfeitas. Mas existe um trabalho maior do que todos n�s, individualmente. N�o � uma equa��o muito f�cil de ser resolvida, n�o”, brinca.

A leitura dram�tica de “Um conto de Natal” encerra a agenda deste ano do Galp�o. Em 2023, o grupo retoma “N�s”, pe�a de 2016 escrita por Eduardo e Marcio Abreu, e planeja estrear espet�culo em parceria com a cantora Cida Moreira.

Com Grupo Galp�o. Texto: Charles Dickens. Adapta��o e dire��o: Eduardo Moreira. Nesta quinta-feira (22/12), �s 19h30, no Memorial Minas Gerais Vale (Pra�a da Liberdade, 640, Funcion�rios). Entrada franca. Informa��es no Instagram(@memorial.vale)