Celso Sim e João Camarero, de pé, olham para a câmera

Amigos h� pouco tempo, o ator e cantor Celso Sim e o violonista Jo�o Camarero descobriram que tinham a admira��o por Elizeth como afinidade e decidiram fazer um disco-tributo � cantora carioca

Pablo Saborido/Divulga��o
 
Homenagear a cantora Elizeth Cardoso (1920-1990) � o objetivo dos m�sicos Celso Sim e Jo�o Camarero ao lan�ar o �lbum “Divina d�diva-d�vida”. Com 16 faixas gravadas em voz e viol�o, o disco traz cl�ssicos que foram imortalizados pela artista carioca.

Camarero conta que o projeto nasceu de um encontro entre ele e o cantor e ator paulista Celso Sim. “A gente se conheceu, at� n�o tem muito tempo, por�m viu que havia muita afinidade musical entre ambos e ficou com vontade de realizar algum trabalho juntos”, diz. 

“Aquela coisa, n�o sabe o qu�, de vez em quando se encontra e fala, vamos fazer algo, vamos e tal... Acabou que, por algumas coincid�ncias, o repert�rio que foi se desenhando era de coisas que foram gravadas pela Elizeth Cardoso. Ent�o, entendemos que t�nhamos que seguir esse caminho e fazer essa homenagem a ela”, conta Camarero.

O violonista revela que esse foi o norte para continuar o trabalho. “A partir disso, a gente foi garimpando m�sicas que ela gravou, algumas bem desconhecidas, outras menos. O crit�rio, o assunto especialmente das m�sicas, como o pr�prio Celso diz, era uma declara��o de amor ao Brasil”, pontua. 

“Elizeth sendo a voz-m�e do Brasil e a gente vivendo esse momento t�o louco da nossa hist�ria n�o deixa de ter quest�es nas letras que, �s vezes, n�o t�o diretamente direcionadas, de maneira �bvia, mas que falam dessas quest�es todas. Por exemplo, ‘Serra da Boa Esperan�a’ fala ‘no cora��o do Brasil, um punhado de terra’.”

Xam� inspirou a dupla

“Essas coisas todas atravessando as m�sicas”, ressalta Camarero. “O disco abre como uma esp�cie de g�nesis, com um texto de David Kopenawa, tirado do livro ‘A queda do c�u – Palavras de um xam� yanomami’ (2015). Ele conta como a hist�ria da cria��o da humanidade a partir do ponto de vista dos ianom�mi. � muito bonita essa maneira de eles descreverem a cria��o.” 

O m�sico afirma que “a partir disso, a gente emenda com uma m�sica, porque o Celso vem do Teatro Oficina, e foi uma experi�ncia muito legal pensar um repert�rio com uma dramaturgia, no sentido do texto. E a gente gravou exatamente como fazemos no show, quando s� paramos depois de ‘Autonomia’, que � a sexta faixa do disco.”

A primeira m�sica do disco � “Aroeira”, parceria de Romildo e Toninho Nascimento, dupla que ficou consagrada pelos sucessos gravados por Clara Nunes, como ‘Conto de areia’, entre outras. “O Toninho, que � o letrista, � do Norte, morou nos arredores de Bel�m do Par� quando crian�a, e a letra de ‘Aroeira’ flerta com o candombl� mais ligado � cultura ind�gena. Ent�o, acaba se fazendo uma ponte com o texto do Kopenawa, de certa maneira, com o candombl�, com essa heran�a africana.”

Na sequ�ncia v�m “Serra da Boa Esperan�a” e “Luz Negra” (Nelson Cavaquinho e Am�ncio Cardoso). “Essa m�sica n�o tinha letra, e o Nelson Cavaquinho sempre a tocava instrumentalmente. Certo dia, o diretor Leon Hirszman (1937-1987) estava filmando ‘A falecida’ (1965), que era baseado em um texto de Nelson Rodrigues, e queria uma m�sica tema. Ent�o o Am�ncio pediu essa melodia para o Nelson e colocou essa letra.”

Versos de Grace Pass�

A seguir vem “Olho da Terra”, que � um poema da atriz e dramaturga mineira Grace Pass�. “A gente emenda com ‘Autonomia’, m�sica de Cartola. Segue ‘Mente ao meu cora��o’ que, assim como a Elizeth, tamb�m foi gravada por Paulinho da Viola, e ‘Tr�s apitos’, de Noel Rosa.” 

“Em tudo buscamos vestir as m�sicas, aos olhos do que a gente estava olhando. Acho que tem um perigo quando se faz uma homenagem, especialmente a uma artista desse tamanho, de voc� cair na mesmice ou tentar reproduzir o que ela fez e virar um pastiche. Mas a gente achou um caminho muito respeitoso e fez tudo com muito carinho e amor para ela.”

Ele cita que “o trecho final do trabalho apresenta ‘Minhas madrugadas’ e ‘Serafim Ponte Grande’, texto de Oswald de Andrade, ‘Ch�o de estrelas’, m�sica gravada por ela e tamb�m por S�lvio Caldas, que � um dos autores, ‘Flor e espinho’ e ‘Chega de saudade’”. 

“Esta �ltima a gente gravou totalmente diferente. E para ir para o final, ‘O canto de regresso � P�tria’, que � um texto do Manifesto do Pau-Brasil, de Oswald de Andrade, e que a gente emenda com ‘Sabi�’. Para mim, o ciclo se encerra a�. Por�m, a gente gravou mais uma, que foi ‘De manh�’, que a Elizeth gravou tamb�m. � uma das primeiras m�sicas gravadas pelo Caetano e que acabou ficando como um ep�logo.”

As m�sicas foram rearranjadas pelo pr�prio Jo�o Camarero. “� tudo cria��o nossa, a gente foi desenhando tudo juntos. O �lbum est� saindo em formato f�sico tamb�m. Gravamos alguns clipes, que j� est�o rodando no YouTube, come�ando por ‘Luz Negra’, que foi o primeiro single que lan�amos. Estamos pensando em rodar com o show neste ano e j� estamos come�ando a ver a nossa agenda para fechar as apresenta��es.”

“DIVINA D�DIVA-D�VIDA” 

�lbum de Celso Sim e Jo�o Camarero. Dispon�vel nas plataformas digitais