Letrux canta seu repert�rio e m�sicas de Caetano em show em BH

“Gosto muito de anos �mpares”, afirma a cantora, compositora, atriz e escritora carioca Let�cia Novaes, a Letrux, sobre a possibilidade de lan�ar novas obras em 2023, n�o apenas nas prateleiras musicais, como em outras �reas por onde transita. 

“Estou h� uns bons meses preparando um disco para este ano, mas n�o posso adiantar muita coisa ainda. E continuo sempre escrevendo. N�o sei se vem livro ou roteiro. A ver”, sintetiza ela, em entrevista ao Estado de Minas, dias antes de seu retorno a Belo Horizonte, para uma �nica apresenta��o n’A Aut�ntica, nesta sexta-feira (13/1), com ingressos j� esgotados.

O vindouro trabalho em est�dio ser� o terceiro �lbum cheio de sua carreira, que j� conta com “Em noite de clim�o” (2017) e “Aos prantos” (2020). Al�m desses discos, Letrux tem em sua discografia, entre outros rebentos, o EP “Prantos pand�micos” (2021), com releituras do segundo disco, e singles, vide parcerias forjadas com Banda Gente, em “Fuma�a”; e Tro�, em “C� sabe que tem algu�m”, ambos de 2022. E, ressalta a cantora, cada caminho musical pavimentado veio junto a um aprendizado.

“Apesar de a gente aprender na pr�tica, em 90% das vezes nossa intui��o est� certa. Assumi h� tempos que minha arte envolve emo��o e intimidade”, afirma ela. “Sou bem observadora, esponja de sensa��es. Nem tudo precisa atravessar minha vida. Sou aberta aos s�mbolos e consigo criar apenas prestando aten��o nas pessoas ou numa paisagem. Eu era mais focada em mim nas composi��es, acho que agora aprendi a n�o deixar que toda minha vida se torne m�sica”, diz.

Datam dos �ltimos meses de 2022 os mais recentes singles lan�ados, frutos de parcerias que trazem “uma troca sincera e admira��o”, conforme Letrux enfatiza. “A Banda Gente � uma banda maravilhosa aqui do Rio, de pessoas da periferia que fazem um som dan�ante, com letras sinceras, divertidas e tamb�m de den�ncia”, aponta.

O single dessa alian�a, “Fuma�a”, veio � luz em dezembro do ano passado. “Conheci a Iolly (Amancio, cantora) num evento, nos demos bem, trocamos e-mails, e ela me mandou essa m�sica. Pensei: ‘Que del�cia!’. Por causa da pandemia, demoramos a fazer clipe e lan�ar, mas foi um processo muito astral”, conta.

O dezembro de 2022 de Letrux tamb�m ficou marcado por um tributo dela a Caetano Veloso, ao revisitar ao vivo, no Sesc 24 de Maio, em S�o Paulo, o �lbum “Transa” (1972).

 

“Como cantora, escritora e compositora, Caetano � talvez o maior para mim. Amo imensamente Tom Jobim e Gilberto Gil, mas, pensando num homem brasileiro com quem eu consiga me identificar, me maravilhar e estranhar (tamb�m acho importante), penso em Caetano. Que intelig�ncia, que escolha de vocabul�rio, que mente curiosa! Eu fico fascinada”, diz ela. “Eu furei esse disco (‘Transa’), muito. Quando descobri, fiquei alucinada. Ent�o cant�-lo foi um barato, uma realiza��o pessoal forte.”

J� no campo da literatura, o mais recente livro de sua autoria � "Tudo que j� nadei – Ressaca, quebra-mar, marolinhas" (2021, Editora Planeta). “Antes da pandemia, recebi o convite da editora Planeta, perguntando se eu tinha um livro para lan�ar, e eu realmente tinha, mas pedi um tempo porque a pandemia estava come�ando a dar sinais de que algo estranho ia rolar no mundo. E, nesse tempo, consegui escrever algumas coisas a respeito”, comenta. 

Ela prossegue: “Me pareceria estranho um livro de poesia contempor�nea n�o citar aquilo naquele momento, sabe? Era nossa vida di�ria. Por mais que haja del�rio e fantasia no meu livro, tamb�m h� muita realidade. Ent�o o tempo que pedi � editora foi importante para a cria��o do livro. Um dia escreverei um romance, mas naquele momento o que funcionou para mim foi aquela divis�o de prosa, poesia e quase haicais mesmo”.

A apresenta��o de Letrux n’A Aut�ntica ocorre pouco mais de seis meses depois de sua participa��o no festival Sensacional!, em julho de 2022. “Vai ser nosso primeiro show sem ser em festival em BH, ent�o vai dar para tocar mais m�sicas, apresentar nosso repert�rio, que inclui meus dois �lbuns. Como recentemente fizemos homenagem ao disco ‘Transa’, devemos tocar alguma p�rola dele”, diz.

A rela��o da artista com o estado vai al�m da m�sica e dos shows. “Durante minha juventude, acampei muito em Minas. Minha vida era Aiuruoca, S�o Thom� das Letras, Ibitipoca... Sou uma pessoa muito da natureza, e voc�s (mineiros) t�m muita riqueza nesse campo.” 

Ela se define como uma pessoa “do mar”, mas ressalta: “Amo muito as cachoeiras mineiras. Na falta de onda mar�tima, voc�s compensam com ondas amorosas, e a gente sente imensamente”.

 

Admiradora tamb�m da cultura do estado, incluindo os versos de Carlos Drummond de Andrade, comenta: “Foi meu primeiro contato com poesia e foi muito impactante. Sou poeta tamb�m por ele. E isso diz muito”.

Show nesta sexta-feira (13/10), �s 22h, n’A Aut�ntica (Rua �lvares Maciel, 312, Santa Efig�nia). Classifica��o et�ria: 18 anos. Ingressos esgotados.