Chef e seu assistente fazem refeição preparada em fogueira improvisada no chão

Os atores Danton Mello e Rodrigo Waschburger fazem as vozes de Jack e seu assistente, Leonard

Sony Pictures/Divulga��o

Estudante de gradua��o em anima��o na Escola de Belas Artes da UFMG, Artur Costa ouviu mais de uma vez de seu professor Ant�nio Fialho que contrastes geravam riqueza na constru��o de hist�rias. Com isso na cabe�a, ficava imaginando o que poderia contrastar mais com uma aventura. A cozinha, por que n�o?

Foi desta maneira que, 10 anos atr�s, ele criou Chef Jack, uma esp�cie de Indiana Jones que entra em um programa que mistura “Masterchef” com “No limite”. O projeto, que nasceu para ser uma s�rie de TV, acabou se tornando um longa-metragem. Criada em Belo Horizonte pela produtora Immagini Animation Studios, a anima��o “Chef Jack – O cozinheiro aventureiro”, com dire��o de Guilherme Fiuza Zenha, chega nesta quinta-feira (19/1) aos cinemas.

Jack foi criado entre panelas e temperos. Filho de um grande cozinheiro, que resolveu aposentar-se dos aventais, tornou-se, adulto, o maior do mundo. Seu segmento � a chamada culin�ria de aventura, basicamente uma busca incessante, pelos quatros cantos do mundo, de ingredientes raros para suas receitas.

Como assistente do pai, ele se tornou campe�o do reality “Converg�ncia de sabores”. O sucesso subiu-lhe � cabe�a. Autoconfiante, Jack cai em desgra�a por conta de uma simples azeitona (a esmeralda, algo raro no mundo). Vira piada nas redes sociais e resolve dar a volta por cima. Quer se tornar o �nico chef a vencer duas vezes o reality. A competi��o n�o � como qualquer programa de TV: s� ocorre de quatro em quatro anos, a exemplo das Olimp�adas e da Copa do Mundo. 

�dolo

Meio a contragosto, aceita como assistente o garoto Leonard, que o v� como �dolo. E a competi��o vai lev�-lo, junto a um time de chefs de todo o mundo, a aventuras em lugares remotos e com popula��es nem sempre amistosas.

“Quando pensei no projeto s�rie, imaginava que em cada epis�dio o chef fosse a um lugar diferente em busca de um novo ingrediente. Para transformar em filme, a ideia da competi��o veio porque desta maneira conseguir�amos reunir v�rios cozinheiros diferentes”, conta Costa. Os dois principais personagens contam com vozes de Danton Mello (Jack) e Rodrigo Waschburger (Leonard).

Fiuza nunca havia dirigido uma anima��o, somente produzido. Diretor de “O menino no espelho” (2014), adapta��o do romance de Fernando Sabino, foi convidado para o projeto precisamente “porque queriam um diretor com vis�o de live action para dirigir uma anima��o”, ele conta.  

“Quando cheguei, j� existia um primeiro encontro. Adorei, pois era uma hist�ria com drama, com�dia e aventura. Mas disse para o Artur: ‘Precisamos cortar umas 30 p�ginas do roteiro, que est� enorme. Acho melhor voc� cortar, pois vai fazer com bisturi, do que eu, que seria na base do machado’. Ent�o ele tirou somente a gordura, foi o roteiro imaginado que ficou”, prossegue o diretor.
 
 

A diversidade chama a aten��o na hist�ria, assim como as brincadeiras com lugares e tipos de comida. O erro cometido por Chef Jack foi com o rei do Gulodist�o, na verdade uma crian�a mimada que tem horror a azeitona, algo que nunca havia provado. H� cozinheiros da Fran�a, do Jap�o, da �frica, cada qual com seu sotaque. Os ingredientes que eles t�m que encontrar em cada prova fogem do comum. 
 
“O mais legal de dirigir filmes infantojuvenis � que eles s�o libert�rios. Voc� faz do jeito que pensa e o retorno � muito original e imediato. A crian�a sai do cinema e pergunta: ‘Por que os personagens s�o castores e n�o capivaras? As capivaras � que s�o brasileiras”, comenta Fiuza sobre uma das sequ�ncias da narrativa.

Os atores trabalharam na constru��o das personagens. “Quando o Danton gravou, s� havia animatic (o storyboard animado). Era tudo rascunho. Ent�o, fomos criando a partir da atua��o dele. � um processo muito interessante, o inverso da dublagem. Nela, voc� tem que encaixar cada frase no tempo (do que foi dito na l�ngua original). Aqui n�o, houve total liberdade”, afirma o diretor.

Um pouco de teatro

Como interpretam os personagens que ficam mais tempo em cena, Danton e o ator ga�cho Rodrigo Waschburger gravaram as vozes juntos.
 
“Um falava e o outro respondia, ent�o houve um pouco de teatro, de set. Foi um pouco do que levei para o filme”, acrescenta Fiuza, que levou sua maneira de trabalhar em live action para a anima��o. “Decupo o filme todo antes de rodar. Defini palavras, planos, como pensei cada cena. Quando chegava o storyboard, havia uma refer�ncia mais clara do que tinha que ser feito.”

O projeto de “Chef Jack” come�ou antes da pandemia. Depois de tudo definido, inclusive a grava��o das vozes j� realizada, veio o fechamento em decorr�ncia da crise sanit�ria. “Foi todo  mundo para casa, e a parte de anima��o foi realizada a dist�ncia”, diz Fiuza. 

Mesmo com a experi�ncia anterior produzindo anima��o, a dire��o do longa trouxe novidades para ele. “Eu conhecia a t�cnica, mas como nunca tinha dirigido, n�o sabia que exigia um n�vel de paci�ncia gigante. � tudo muito lento. Passam-se meses, v�rios rascunhos, e s� dois anos depois voc� vai ver a imagem pronta, como tinha imaginado.” E ainda que o cinema seja uma express�o art�stica coletiva por excel�ncia, na anima��o a coletividade � ainda maior.  

Coproduzido pela Cineart, maior exibidora de Minas Gerais e h� alguns anos no mercado de distribui��o, “Chef Jack” acabou sendo negociado com a Sony Pictures. Tanto por isso, a inten��o � que o longa chegue ao mercado latino-americano.

Sem fazer absolutamente nada na cozinha – “Nem mesmo um tropeiro” –, Artur espera que seu personagem chegue ainda mais longe.
“Temos dois projetos engatilhados: a s�rie j� est� toda estruturada e o roteiro do segundo longa est� pronto. Tudo vai depender do mercado, mas acredito que o filme talvez seja mais f�cil de ser feito primeiro”, diz.

SESS�O EM TIRADENTES

“Chef Jack” ter� uma sess�o na Mostra de Cinema de Tiradentes, cuja 26ª edi��o come�a nesta sexta (20/1), na cidade hist�rica mineira. O filme ser� exibido no domingo (22/1), �s 11h, no Cine-Tenda. Entrada franca.

“CHEF JACK”

(Brasil, 2023, 80min, de Guilherme Fiuza Zenha) – O filme estreia nesta quinta (19/1) nos cines BH 6, �s 13h10, 15h10 e 17h10; BH 9, �s 12h05; Big 4, �s 14h30 e 16h25; Boulevard 5, �s 14h30, 16h30 e 18h30; Cidade 8, �s 11h (sab e dom), 13h, 14h50, 16h40 e 18h30; Contagem 5, �s 13h50, 15h40, 17h30 e 19h30; Del Rey 5, �s 13h30, 15h30, 17h30 e 19h10; Diamond 3, �s 14h40 e 17h15; Diamond 5, �s 13h30 e 15h30; Esta��o 6, �s 14h30, 16h30 e 18h45; Itaupower 1, �s 14h40, 16h30 e 18h30; Minas 6, �s 14h40, 16h30 e 18h30; Monte Carmo 7, �s 14h30, 16h30 e 18h30; Norte 1, �s 14h40; Norte 3, �s 16h45; P�tio 8, �s 13h40, 15h40 e 17h40; Ponteio 4, �s 13h45, 15h25 e 17h05; Via 5, �s 14h40, 16h30 e 18h30