Seis integrantes da banda A Outra Banda da Lua, de perfil, no escuro

No s�bado (4/2), tem show d'A Outra Banda da Lua, grupo onde despontou a cantora Marina Sena, que agora faz carreira solo como estrela do pop nacional

Facebook/reprodu��o
 

'Quando a gente fala em m�sica sertaneja, � a viola que est� impregnada no imagin�rio coletivo. Nossa programa��o passa por a�, mas tamb�m temos rock, com A Outra Banda da Lua, e o que a gente chama de MPB, M�sica Popular Barranqueira'

Gleydson Mota curador

 
O Norte de Minas sertanejo, com seus costumes, cheiros, cores, sabores, saberes e identidades, ser� transportado para o CCBB-BH por 12 dias. Desta quarta-feira (1º/2) at� o pr�ximo dia 13, o Festival Ridimunho: O sert�o Den’da Capital oferece ao p�blico shows, sess�es de cinema, oficinas e express�es da cultura popular, entre outras atra��es.


J� a programa��o de filmes, intitulada “Cine Barranco”, traz oito sess�es com produ��es de realizadoras e realizadores audiovisuais da regi�o, contando com trabalhos do coletivo Cine Barranco, de Janu�ria, e de outros grupos mineiros.

Nos dois pr�ximos finais de semana, haver� apresenta��es de representantes da cultura popular. Grupo de Dan�a de S�o Gon�alo de Bonito de Minas (da cidade de S�o Gon�alo), Lavadeiras de Pedras de Maria da Cruz (de Pedras de Maria da Cruz) e o Grupo Folcl�rico de Santa Cruz (de Pirapora) saem em cortejo pelo pr�dio do CCBB-BH, para celebrar a arte barranqueira do Rio S�o Francisco.
 
Vestidas de branco, lavadeiras de Pedra de Maria da Cruz se apresentam

Lavadeiras de Pedras de Maria da Cruz cantam para o Rio S�o Francisco

BDMG Cultural/divulga��o

Territ�rio criativo de m�ltiplos saberes

Gleydson Mota, produtor-executivo do festival e integrante do Cine Barranco, destaca que o sert�o mineiro � um territ�rio criativo em que as rela��es sociais s�o expressas nas linguagens art�sticas de ind�genas, quilombolas, vazanteiros, veredeiros, barranqueiros, pescadores artesanais e outras comunidades tradicionais ribeirinhas.

“� do interior destas sensibilidades que emerge o Ridimunho, que consiste na intera��o cultural entre Gerais e Minas. � neste lugar de encontro que ressoar�o ondas sonoras dos ritmos que comp�em as narrativas do sert�o, os filmes que provocam reflex�es sobre as identidades culturais, os gostos que enaltecem a cultura alimentar interiorana, os cortejos e apresenta��es que expressam a diversidade cultural do territ�rio”, diz.

Mota informa que o Festival Ridimunho foi poss�vel gra�as ao convite do CCBB-BH em parceria com o BDMG Cultural, proposta que veio na esteira do reconhecimento crescente da cultura produzida no Norte do estado. A produ��o audiovisual do Cine Barranco j� mereceu mostra no Cine Humberto Mauro, aponta o produtor.

“Ao mesmo tempo, sempre que a gente fala das nossas manifesta��es culturais, vem a quest�o: ser� que todo mundo tem o entendimento do que somos, enquanto povo? Ser� que sabem que existimos e manifestamos uma linguagem art�stica muito potente? O festival surge como a possibilidade de a gente reafirmar identidades e criar um espa�o de di�logo”, pontua.
 
 

O pr�prio nome do evento se relaciona com o tra�o cultural do sert�o mineiro. “A gente n�o fala redemoinho, a gente n�o fala dentro. A oralidade est� ligada a essa identidade”, diz Gleydson Mota. Ele chama a aten��o para a quest�o do lugar de fala e da propriedade sobre o que � dito por meio da m�sica, do cinema e das express�es folcl�ricas.

“N�o � algu�m da capital falando sobre como � o sert�o. Somos n�s contando nossas pr�prias hist�rias. Quem for ao CCBB vai ouvir a m�sica que fala de um lugar produzida pelas pessoas deste lugar. O mesmo ocorre com rela��o aos filmes. O festival � a possibilidade do contato real com aquele territ�rio, porque parte da perspectiva de quem pisa naquele ch�o e bebe daquela �gua”, destaca.
 
Pedro Surubim canta e toca violão na beira do rio

Cantor e compositor Pedro Surubim apresenta 'Muxitaw�', no dia 11

Bicho Carranca/divulga��o
 
 
A curadoria levou em considera��o uma somat�ria de fatores. No que diz respeito aos shows, Mota diz que a ideia foi trabalhar com grupos e artistas com produ��o autoral consolidada, com traquejo de palco e expressividade.

Para o curador, o Ridimunho � tamb�m espa�o de promo��o para os participantes. “Pensamos em artistas contempor�neos que carregam o olhar sobre o territ�rio em seus trabalhos. S�o nomes que j� t�m bastante reconhecimento no Norte de Minas, t�m estrada e podem al�ar voos mais altos a partir do festival”, ressalta.
 

"N�o � algu�m da capital falando sobre como � o sert�o. Somos n�s contando nossas pr�prias hist�rias. Quem for ao CCBB vai ouvir a m�sica que fala de um lugar produzida pelas pessoas deste lugar. O mesmo ocorre com rela��o aos filmes"

Gleydson Mota curador

 

Viola, rock e M�sica Popular Barranqueira

A diversidade de ritmos e estilos, partindo de v�rias refer�ncias musicais, tamb�m foi levada em conta no processo de escolha das atra��es.

“Quando a gente fala em m�sica sertaneja, � a viola que est� impregnada no imagin�rio coletivo. Nossa programa��o passa por a�, mas tamb�m temos rock, com A Outra Banda da Lua, e o que a gente chama de MPB – M�sica Popular Barranqueira”, aponta o produtor.
 
CONFIRA performance de A Outra Banda da Lua e Marina Sena:
 
 

A diversidade d� o tom na sele��o de filmes, com obras experimentais, document�rios, anima��o e fic��o. Al�m de produ��es dos pr�prios integrantes do Cine Barranco, h� t�tulos dos coletivos CineBaru e Cinema de Ara�ua�, al�m de realizadores independentes do Norte de Minas.

Os cortejos, segundo Gleydson, revelam muito sobre a organiza��o comunit�ria como lugar de encontros e de afetos.

“A dan�a de S�o Gon�alo, por exemplo, se relaciona com a promessa que a pessoa faz. Caso seja consagrada, ela vai agradecer dan�ando. Isso gera um encontro, as outras pessoas v�o dan�ar tamb�m, v�o partilhar da gra�a concedida. � um momento de festejo”, explica.

O mesmo se aplica �s Lavadeiras de Pedras de Maria da Cruz. “Enquanto est�o lavando roupa na margem do S�o Francisco, aquelas mulheres cantam para o rio, jogam coletivamente versos para o rio. Pensamos muito nesta quest�o, em grupos que se revelam como lugares de encontro, com din�micas que tornam as respectivas comunidades muito singulares, pois aquilo n�o acontece em outros lugares”, pontua.

Boa parte dos detentores de costumes e saberes ancestrais convidados para o Ridimunho nunca sa�ram de seus territ�rios, segundo Gleydson. O produtor considera “maravilhoso” que, depois de participarem do Festival Ridimunho, eles possam levar de volta para as respectivas comunidades as experi�ncias em BH.
 
Cantora Priscila Magella posa, com os braços abertos, encostada em tronco de árvore gigantesco

Priscila Magella apresenta o show "Voz dos rios" neste domingo (5/2)

Caio Esgario/divulga��o
 

O rabequeiro 'Seu Jeny' estreia no cinema

“Seu” Jeny, mestre rabequeiro que aprendeu a construir e tocar rabecas sozinho, � um exemplo. “Ser� a primeira vez dele fora de seu territ�rio. Tamb�m ser� a primeira vez dele dentro de um cinema, assistindo a um filme no qual � o personagem, em sess�o comentada”, diz Gleydson, aludindo ao document�rio “O som do sert�o”, dirigido por ele. O filme ser� o mote de conversa programada para o pr�ximo dia 10.

“Ele vai bater um papo com o p�blico e ainda vai tocar rabeca. � um momento especial. Em ‘O som do sert�o’, pergunto a Seu Jeny qual � o maior sonho dele, e ele diz que � tocar rabeca num palco para todo mundo ouvir. Este dia est� chegando. S�o muitos sentimentos e muitas energias que o festival movimenta”, enfatiza o produtor.

Duas oficinas sobre a cultura alimentar do Norte mineiro ser�o ministradas por mestres extrativistas. No pr�ximo s�bado (4/2), Daniel Vieira vai mostrar o preparo de p�o de queijo com ingredientes produzidos na base comunit�ria do sert�o.

No domingo, ser� a vez de Vicentina Bispo ensinar a fazer barras de cereais com castanhas de frutos do cerrado, na atividade “Di�logos sobre cultura alimentar”.

“A gente fala, por meio dessas a��es, da necessidade de manter o cerrado em p�. O pequi est� l�, no quintal. Voc� faz �leo dele, faz pa�oca com a castanha, faz v�rias receitas, mas o cerrado est� sendo queimado, est� sendo vendido a grandes empresas para virar monocultura. As oficinas buscam tamb�m despertar para essas quest�es. A curadoria do festival traz muitas camadas e m�ltiplas inten��es”, ressalta Gleydson Mota.

>> PROGRAMA��O


NESTA QUARTA (1º/2)
19h: Sess�o de cinema. “Em raiz no futuro”

QUINTA (2/2)
19h: Sess�o de cinema. “Por essas �guas morenas”

SEXTA (3/2)
19h: Sess�o de cinema. “Causo e consequ�ncia”

S�BADO (4/2)
16h: Oficina. “Sert�o-Cerrado no prato”, com Daniel Vieira. Foyer do Teatro I
20h: Sess�o de m�sica. Com A Outra Banda da Lua

DOMINGO (5/2)
16h: Oficina. “O cerrado em p�”, com Vicentina Bispo, no foyer do Teatro I
18h: Apresenta��o de S�o Gon�alo de Bonito de Minas
20h: Sess�o de m�sica. Com Priscila Magella, “Voz dos rios”

DIA 6/2
19h: Sess�o de cinema. “O cinema � den’dagente”

DIA 8/2
19h: Sess�o de cinema. “Em raiz no futuro”

DIA 9/2
19h: Sess�o de cinema. “Meu cinema nosso territ�rio”. Com participa��o do Coletivo Cine Barranco

DIA 10/2 
15h: Prosa. “Os sons e os seres”, com Seu Jeny, mestre rabequeiro. Foyer do Teatro I
17h: Apresenta��o do Grupo de Lavadeiras de Pedras de Maria da Cruz
19h: Sess�o de cinema. “Causo e consequ�ncia”

DIA 11/2 
18h: Apresenta��o do Grupo Folcl�rico da Santa Cruz
20h: Sess�o de m�sica. Com Pedro Surubim, “Muxitaw�”

DIA 12/2
20h: Sess�o de m�sica. Com Caio Bastos, “Parca miragem”

DIA 13/2
19h: Sess�o de cinema. “O cinema � den’dagente”

FESTIVAL RIDIMUNHO: O SERT�O DEN'DA CAPITAL

• De quarta-feira (1º/2) at� 13/2. CCBB-BH (Pra�a da Liberdade, 450, Funcion�rios). Informa��es: (31) 3431- 9400
 
• Ingressos para shows: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia), dispon�veis em bb.com.br/cultura e na bilheteria do CCBB. Pessoas nascidas nos munic�pios do Norte mineiro t�m 50% de desconto, mediante apresenta��o de documento de naturalidade
 
• Entrada franca para filmes, com retirada de ingressos na bilheteria do CCBB duas horas antes da sess�o.

• Entrada franca para oficinas e prosa, com retirada de ingressos na bilheteria do CCBB uma hora antes de cada evento