Mem�rias do diretor foram captadas durante v�rias d�cadas: nesta imagem est� o Cine Metr�pole, demolido em 1983
As imagens e os sons do metr� de uma grande cidade v�o se configurando em outras, de forma ininterrupta. Mas h� tempo para que o espectador entenda cada quadro. Ao fundo, o narrador fala: “Eu me lembro”. As imagens continuam e, alguns momentos depois, ele retorna: “Eu me lembro. As sess�es da tarde no Cine Path�, pr�ximo da minha casa”.
Somente agora, quase dois anos mais tarde, “O suposto filme” ter� sua primeira sess�o presencial. O curta integra o programa Perspectiva Rafael Conde, destaque do Ver�o Arte Contempor�nea (VAC), com sess�es neste s�bado (4/2) e domingo, no Cine Humberto Mauro. Hoje, al�m da apresenta��o de “O suposto filme”, seguida de coment�rio do diretor, tamb�m ser�o exibidos nove outros curtas dirigidos por Conde e o longa “Fronteira” (2008).
“O suposto filme” � um ponto fora da curva na trajet�ria do cineasta, que estreou em curtas com “Uakti – Oficina instrumental” (1987). No primeiro semestre de 2021, com uma nova onda da COVID-19 e aumento das restri��es, o diretor, isolado em casa, come�ou a rever as imagens. Em seu banco, reviu tanto as que havia produzido durante d�cadas quanto as que seu av� e seu tio tinham coletado em Super-8 em um passado mais distante.
Rafael Conde, diretor
Transforma��o
“O filme fala justamente da transforma��o do cinema. Estamos vivendo num mundo com muita acessibilidade e possibilidade de difus�o. E h� um questionamento do valor das imagens, de serem apagadas, que � tamb�m uma quest�o do cinema. Desde que ele surge, sempre estamos pensando no seu fim, ou, pelo menos, em sua transforma��o. Isso n�o deixa de ser um contraponto com o teatro, que sempre pensa em sua hist�ria,” diz Conde.
Na narra��o gravada no celular, o diretor mistura seus pr�prios questionamentos (o excesso de imagens banais da vida contempor�nea � um tema presente no filme), citando passagens de Drummond, Nava e Pirandello que tratam de mem�ria e da passagem do tempo.
Em meio a imagens de viagens, h� algumas que traduzem o que Conde comenta no curta, como a demoli��o do Cine Metr�pole, no Centro de BH, em maio de 1983 – com sua Super-8, ele registrou o fim da importante sala.
O panorama que o VAC exibe n�o traz alguns filmes, entre eles o mais lembrado do realizador, “A hora vagabunda” (1998). Esse curta, assim como o j� citado “Uakti” e o primeiro longa, “Samba can��o” (2002), est�o precisando ser restaurados. “Estou tentando ver se consigo uma remasteriza��o dos tr�s.”
Neste ano, ele pretende lan�ar seu novo longa, “Z�”. Rodado em Cataguases, na Zona da Mata, no final de 2021, o filme � uma fic��o baseada em fatos sobre Jos� Carlos Novaes da Mata Machado (1946-1973), l�der estudantil morto pela ditadura militar (1964-1985).
O filme, protagonizado por Caio Horowicz, acabou de ficar pronto e dever� come�ar sua trajet�ria nos festivais. “A hist�ria � passada em BH, S�o Paulo, Bahia, Recife, Fortaleza. E tudo foi filmado em Cataguases. Depois deste filme, foi confirmado que l� � o maior est�dio de cinema a c�u aberto. Tem at� praia”, brinca Conde.
"O filme fala justamente da transforma��o do cinema. Estamos vivendo num mundo com muita acessibilidade e possibilidade de difus�o. E h� um questionamento do valor das imagens, de serem apagadas, que � tamb�m uma quest�o do cinema. Desde que ele surge, sempre estamos pensando no seu fim, ou, pelo menos, em sua transforma��o"
Rafael Conde, diretor
Programa��o
» S�bado (4/2)
•16h – Longa “Fronteira” (2008)
•18h – Curtas “O suposto filme” (2021), “A brincadeira” (2018), “Berenice e a Funda��o da m�sica” (2018) e “Musika” (1989). Debate com o diretor ap�s a sess�o.
» Domingo (5/2)
•16h – Curtas “A chuva nos telhados antigos” (2006), “Rua da Amargura” (2003) e “Fran�oise” (2001)
•18h – Longa “Fronteira” (2008)
•20h – Curtas “O ex-m�gico da Taberna Minhota” (1996), “Bili com lim�o verde na m�o” (2015)
PERSPECTIVA RAFAEL CONDE
Neste s�bado (4/2) e domingo (5/2), no Cine Humberto Mauro, no Pal�cio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro). Entrada franca (ingressos devem ser retirados na bilheteria)
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