Gloria Pires interpreta Rita, uma mulher solteira que tem compuls�o por compras, m�e de Duda (Maisa), que decide fazer interc�mbio fora
Helena Barreto/Divulga��o
Gloria Pires e Maisa s�o m�e e filha em "Desapega!", com�dia sobre compulsivos que chega aos cinemas nesta quinta-feira (9/2). A veterana interpreta Rita, uma mulher de meia-idade solteira que lidera um grupo de apoio para compradores desenfreados depois de supostamente superar o problema. O conflito se d� quando sua �nica filha, Duda, vivida por Maisa, decide fazer interc�mbio em outro pa�s.
O longa tenta expor os problemas que trazem a compuls�o por compras com leveza ao levar �s telas personagens caricatos – como uma blogueira que filma tudo o que v� pela frente. "� uma oportunidade para falar disso com humor, com todo mundo rindo junto e n�o um do outro", afirma Pires.
Hsu Chien, o diretor do longa e criador da trama, j� sofreu com o v�cio por compras. Ele conta que quis explorar o tema num filme de com�dia que servisse como terapia para ele.
"Desapega!" engorda uma lista extensa de filmes de com�dia brasileiros, a seara mais explorada pelo cinema nacional. "A gente aprendeu a rir da nossa desgra�a, n�o � � toa que esse g�nero cativa tanto", afirma Maisa.
Marcos Pasquim, que vive Ot�vio, o par rom�ntico da personagem de Pires, tem uma percep��o semelhante. "Brasileiro gosta de com�dia porque a gente sofre, n�?", diz. A atriz concorda. Para ela, s�o as dificuldades da vida que levam o p�blico a escolher com�dias para aliviar o estresse.
Na trama, Rita precisa encontrar um alento quando descobre que a filha quer mudar de pa�s para perseguir o sonho de ser fot�grafa. Desestabilizada, a personagem acaba caindo na tenta��o das promo��es e cede � compuls�o que tinha superado.
Decep��o
O filme ganha tons dram�ticos quando Duda se decepciona com as decis�es da m�e. A trama vai al�m do bom humor para tentar arrancar l�grimas ao falar de fam�lia.
Maisa diz que, apesar da experi�ncia, ainda se intimida ao atuar com veteranos como Gloria Pires. "Minha primeira grava��o foi uma cena de reconcilia��o, das mais importantes do filme. Quando se come�a pela parte mais dif�cil, e d� certo, tudo flui naturalmente." Hsu abre um sorriso largo enquanto v� ela falando.
O cineasta deu entrevista a este jornal no dia em que os indicados ao Oscar foram anunciados. Ele participou da comiss�o que escolheu o filme brasileiro enviado para avalia��o da premia��o. "Marte um", aposta nacional para esta edi��o do pr�mio, n�o foi aprovado para a lista de pr�-indicados.
Particular
Para o diretor, isso n�o significa que a premia��o tenha resist�ncia com longas brasileiros. "O que precisamos � de obras que falem de temas caros � comiss�o. Amo 'Marte um', mas talvez esse tipo de filme seja muito particular para o universo brasileiro", afirma.
Pires virou meme ao dizer que n�o era capaz de comentar um filme do Oscar na cobertura da Globo, em 2016, mas agora n�o hesita em dar pitaco sobre a premia��o. Na opini�o dela, h� uma supervaloriza��o em volta do evento, embora admita que uma estatueta d� mesmo prest�gio aos premiados.
"Existe uma expectativa muito grande pelo Oscar. Para se ter chance, � preciso de um filme que esteja dispon�vel no circuito americano. Falta investimento e falta entender que essa � uma ind�stria superpoderosa."
"Desapega!" � um dos primeiros filmes brasileiros a estrear ap�s a vit�ria de Luiz In�cio Lula da Silva (PT) nas elei��es do ano passado. O governo de Jair Bolsonaro (PL) ficou conhecido por sucatear a cultura no Brasil e fazer uma condu��o let�rgica da Ancine, a Ag�ncia Nacional do Cinema.
Marcos Pasquim tem boas expectativas para o setor audiovisual no novo governo. "Agora, com a Ancine tendo mais dinheiro e a lei Rouanet voltando a ajudar os atores, a tend�ncia � melhorar bastante."
Para Hsu, a cultura brasileira est� em boas m�os, sob a condu��o da ministra Margareth Menezes. "Precisamos voltar a ter produ��es no cinema para que as pessoas voltem a frequentar esse espa�o. Afinal, o cinema brasileiro praticamente desapareceu."
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