O pernambucano Lucas Mamede gravou seu �lbum em S�o Paulo e pretende se mudar para a capital paulista
BOB WOLFENSON/DIVULGA��O
No final de 2019, o pernambucano Lucas Mamede postou v�deo tocando “Caf�”, hit de Vit�o. Gravado em casa, pelo irm�o Jo�o, o v�deo logo se tornou popular em seu col�gio, onde ele cursava o terceiro ano do ensino m�dio. Desde ent�o, cerca de 800 v�deos j� entraram nas redes sociais de Lucas, que, fen�meno digital, chega ao primeiro �lbum, “J� ouviu falar de amor?”.
N�o � uma estreia qualquer. Lucas, hoje com 20 anos, foi para S�o Paulo gravar o disco, produzido por Al� Siqueira, que traz no curr�culo trabalhos com os Tribalistas, Carlinhos Brown e Omara Portuondo. Das 12 faixas, 10 s�o de autoria de Lucas. O violoncelista Jaques Morelenbaum participou da can��o “Barco de papel”; Spock tocou sax em “Dia de chuva”; Jess� Sadoc fez os trompetes em “Baile” e “A luz do luar”.
A banda-base que gravou o disco � formada pelo baterista Big Rabello, que acompanha Hamilton de Hollanda; o violonista Webster Santos, que toca com Z�lia Duncan; e o percussionista Felipe Roseno, que integra a banda de Ney Matogrosso. O grupo se completa com dois instrumentistas que tocam com o duo Anavit�ria, a tecladista Mari Jacintho e o baixista Leomaristi.
Detalhe: Lucas nunca fez um show, somente algumas participa��es. Sua agenda, a partir de 28 de abril, j� tem 19 datas confirmadas – em 12 de maio, vem pela primeira vez a Belo Horizonte, onde vai se apresentar n’A Aut�ntica.
Aula
Ele tampouco tem uma educa��o formal em m�sica: � autodidata em viol�o (teclado, seu primeiro instrumento, veio da igreja evang�lica que frequentava na adolesc�ncia, em Sirinha�m, no litoral sul de Pernambuco). “Aprendi viol�o sozinho com a ajuda da internet. S� no ano passado comecei a ter aula de canto e de viol�o para poder fazer os shows”, conta.
Esta virada de 180 graus se deu quando o empres�rio Felipe Simas, descobridor do duo tocantinense Anavit�ria, viu um v�deo de Lucas fazendo um cover de uma can��o da dupla. “J� ouviu falar de amor?” est� sendo lan�ado pelo F/Simas, bra�o fonogr�fico da empresa de gerenciamento de carreiras.
“Estou me preparando muito, ansioso, contando os dias para estar no palco. Deve ser uma experi�ncia incr�vel”, comenta Lucas, do Recife, onde vive com o irm�o quatro anos mais velho (e tamb�m seu empres�rio), os pais, donos de uma confec��o de uniformes, e os av�s. Em alguns meses, ele acredita, dever� se mudar para S�o Paulo.
N�o houve planejamento algum, ele conta. Quando a pandemia come�ou, Lucas intensificou a produ��o de v�deos caseiros. As primeiras can��es vieram em 2020. “Tudo feito em casa, com meu irm�o pegando o v�deo e aprendendo a gravar na marra.” A ideia, segundo ele, era um dia gravar um disco. Mas nada perto do que acabou realizando.
A m�sica de Lucas � o pop suave e cheio de afetos que tem Anavit�ria e Vitor Kley como alguns dos nomes mais reconhecidos. S� que a produ��o do �lbum acrescentou n�o s� grandes m�sicos, mas tamb�m elementos da m�sica brasileira (e a diferen�a fica latente quando se comparam as can��es iniciais dele, ainda em busca de uma voz, e o disco que est� sendo lan�ado agora).
“J� ouviu falar de amor?”, a faixa-t�tulo e can��o de abertura, � acompanhada por uma zabumba; As Ganhadeiras de Itapu�, forma��o de canto que une senhoras e crian�as da praia na regi�o de Salvador, faz coro em “Aquarela”; os metais destacam-se em “Samba”.
Can��o mais conhecida de Paulinho Pedra Azul, “Jardim da fantasia” (que boa parte do p�blico conhece como “Bem-te-vi”) foi regravada com pifes e sanfona. “Eu j� tinha escutado essa m�sica em casa com meus pais. Quando o Felipe (Simas) me mandou como uma das op��es para gravar, ela falou muito com meu cora��o, por causa dessa conex�o com a minha fam�lia”, diz ele. Lucas tamb�m gravou “Dia de chuva”, in�dita de Ana Caetano, do Anavit�ria.
Sem experi�ncia alguma com est�dio, ele chegou a S�o Paulo em 2022 para uma maratona. As 12 faixas foram gravadas ao vivo, no Da P� Virada, durante uma semana, com todos os m�sicos da banda-base tocando ao mesmo tempo.
“Essa grava��o � moda antiga, com todos os m�sicos juntos, foi um privil�gio”, diz ele. Posteriormente, foram registrados (em uma dezena de est�dios diferentes) os instrumentos extras e coros. As vozes foram gravadas em um momento diferente. “Minha voz foi gravada em mais de 50 canais, com v�rias linhas mel�dicas. Foi um trabalho bem- feito, suado”, diz ele. Agora s� falta o palco, que ser� a prova dos noves.
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