Dois competidores correm para pegar uma bola que devem segurar por três minutos.

Dois competidores correm para pegar uma bola que devem segurar por tr�s minutos

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Tudo come�ou com a busca do “f�sico perfeito”.

A s�rie da Netflix A Batalha dos 100 � um grande sucesso de audi�ncia em todo o mundo. O programa coreano de sobreviv�ncia encabe�ou a lista mundial de s�ries de TV de l�ngua n�o inglesa na semana de 6 a 12 de fevereiro e esteve presente no Top 10 de 78 pa�ses (perdendo em popularidade para apenas um outro programa, em ingl�s).

A Batalha dos 100 � tamb�m o primeiro reality show sul-coreano a ocupar o primeiro lugar de audi�ncia na Netflix.

O programa mostra 100 participantes no auge do preparo f�sico nas suas especialidades, competindo pelo t�tulo de “f�sico perfeito”. O �ltimo remanescente recebe o pr�mio de 300 milh�es de wons (a moeda sul-coreana – cerca de US$ 230 mil, ou R$ 1,2 milh�o). O ganhador foi anunciado no �ltimo epis�dio, em 21 de fevereiro.

Embora os espectadores tenham notado semelhan�as com a s�rie Round 6, tamb�m coreana, A Batalha dos 100 � um programa �nico, diferente de tudo o que havia sido visto antes: um formato mais simples de corpos seminus lutando entre si, n�o importando a idade, g�nero ou etnia.

Eles podem precisar ficar pendurados em uma barra, roubar uma bola de outro participante ou arrastar um barco de duas toneladas atrav�s de um grande est�dio coberto de areia.


Competidores puxando um barco

Os desafios incluem for�a e resist�ncia, como mover um barco de duas toneladas

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Os f�s descrevem a s�rie como um programa de sobreviv�ncia “positivo”.

“� mais do que apenas ver meninos e meninas geniais”, declarou � BBC Elodie Wu, que acompanhou a s�rie na Fran�a. “Gosto de certos valores que ela transmite sobre esp�rito de equipe, os grandes sucessos e a resili�ncia mental e f�sica.”

“Ao contr�rio dos reality shows ocidentais, as pessoas n�o criticam os outros participantes. � competitivo e feroz, mas continua sendo muito positivo”, afirma Wu.

Apresentamos a seguir seis pontos de destaque sobre a s�rie.

1. Primeiro reality show do seu criador


produtor Jang Ho Gi

A Batalha dos 100 � o primeiro reality show do produtor Jang Ho Gi

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A Batalha dos 100 foi criada por Jang Ho Gi, produtor de uma das principais emissoras de TV da Coreia do Sul. Ele passou toda a carreira fazendo document�rios – programas s�rios que abordam fraudes complexas e delitos sociais.

Este foi seu primeiro reality show. O sinal verde para a produ��o veio em apenas duas semanas e ele conseguiu transform�-lo no reality show coreano de maior sucesso j� financiado pela Netflix.

“A proposta era simples e promissora”, disse o contato da Netflix que leu a proposta pela primeira vez, por correio eletr�nico.

2. Sem legendas no original

A experi�ncia do seu criador na produ��o de document�rios fez com que A Batalha dos 100 mantivesse um enfoque muito concentrado na a��o principal.

Mais de 200 c�meras captam cada gota de suor, cada flex�o de m�sculos e tend�es. C�meras especiais, algumas de alta velocidade, s�o usadas para capturar cada fra��o de segundo das express�es faciais e dos movimentos corporais dos participantes.

� um enfoque muito diferente dos reality shows de sucesso produzidos at� ent�o na Coreia do Sul. Eles se baseavam, em grande parte, em legendas, notas no rodap� da imagem e gr�ficos.

O programa n�o tem apresentador, nem um quadro de celebridades – o que tamb�m foi intencional e � outro elemento caracter�stico da s�rie.

Acredita-se que este seja um dos fatores de sucesso para atrair a audi�ncia global. O enfoque no corpo com jogos simples foi suficientemente intuitivo para que os espectadores estrangeiros compreendessem o programa, mesmo sem conhecer o idioma.

3. N�o � transmitida na Coreia


 participantes exibindo tatuagens nos braços enquanto batem palmas

Para que o programa fosse exibido na Coreia, seria preciso apagar as tatuagens de todos os participantes

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Jang, o criador da s�rie, segue trabalhando para a emissora de TV l�der da Coreia do Sul, a MBC, que � coprodutora de A Batalha dos 100. Mas ele contou a hist�ria para a Netflix, que financiou totalmente a s�rie de sucesso internacional, transmitida apenas pela plataforma.

Muitos especialistas afirmam que teria sido imposs�vel transmitir o programa na Coreia. Como emissora p�blica, a MBC precisaria ocultar todas as tatuagens dos participantes, seguindo a pr�tica de n�o perturbar alguns espectadores.

As tatuagens est�o se tornando cada vez mais populares, especialmente entre a gera��o mais jovem, mas elas foram fortemente associadas �s quadrilhas ou ao crime no passado. A Coreia � t�o conservadora com rela��o a elas que, legalmente, apenas os m�dicos podem atuar como tatuadores.

Al�m disso, os palavr�es pronunciados com frequ�ncia durante os extenuantes desafios precisariam ser eliminados ou omitidos com sinais sonoros para atender �s normas de transmiss�o. As palavras originais, traduzidas em termos mais suaves, nunca teriam chegado �s televis�es coreanas.

4. Round 6 real

Muitos espectadores observar�o imediatamente as semelhan�as entre A Batalha dos 100 e uma s�rie de TV coreana de sucesso (fict�cia) anterior: Round 6. Na verdade, os pr�prios participantes comentaram que o programa � “como Round 6”.

O formato de sobreviv�ncia, que leva um �ltimo participante a vencer o jogo, ganhando uma alta soma em dinheiro, � o tema central das duas s�ries. E a simplicidade das provas (jogos infantis em Round 6 e proezas de for�a em A Batalha dos 100) � outra semelhan�a entre os dois programas.

Jang mencionou recentemente, em entrevista coletiva, que sua inten��o era fazer com que o cen�rio fosse “surrealista”, ao mesmo tempo em que lidava com seres humanos na vida real. “Da mesma forma que em Round 6, eu esperava que o programa fosse uma mistura de realidade e fantasia”, segundo ele.

O diretor musical de A Batalha dos 100, Kim Sung-soo, tamb�m participou da trilha sonora de Round 6.

5. Diversidade


Mulheres participando de prova na lama

O programa inclui diversidade de g�neros e etnias para atrair a audi�ncia

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O programa se prop�e a encontrar o f�sico perfeito, independentemente da idade, g�nero ou etnia.

E � exatamente este o foco da s�rie. A altura dos participantes variou de 1,50 a 2 metros e o peso, de 40 a 130 kg.

O campe�o ol�mpico de salto de 2012, Yang Hak-seon, que mede apenas 1,60 m e pesa 51 kg, competiu com corpulentos lutadores profissionais de diversas artes marciais e ex-agentes de elite da marinha coreana. E 23 mulheres, com diferentes portes corporais, tamb�m demonstraram sua for�a f�sica e mental.

Poucos participantes eram de fora da Coreia. Eles eram frequentemente chamados de “estrangeiros” no programa. Este aspecto talvez precise ser reanalisado, caso seja produzida uma sequ�ncia para uma audi�ncia mais abrangente.

Jang revelou em recente entrevista coletiva que sua inten��o era cobrir todos os portes f�sicos do mundo no futuro, seja por continente ou por regi�es culturais.

6. Controv�rsias

Mas algumas cenas causaram controv�rsias. Em uma delas, um homem participante elogiou uma fisioculturista em um combate pessoal e, em seguida, pressionou seu joelho contra o peito da oponente.

A fisioculturista declarou posteriormente, na sua conta no Instagram: “foi um espet�culo de sobreviv�ncia e foi justo”. Mas acrescentou que entraria na Justi�a contra os autores de coment�rios maliciosos que a assediaram sexualmente ou editaram as imagens.

� medida que o programa ganhava popularidade em todo o mundo, tamb�m surgiam as queixas e contesta��es sobre acordos de produ��o conjunta.

O provedor de conte�do Ascendio afirmou, em um relat�rio de janeiro, que participou da produ��o de A Batalha dos 100, o que causou forte alta no valor das suas a��es. Mas a MBC e a coprodutora Luyworks Media negaram a afirma��o. � prov�vel que este caso seja resolvido na Justi�a.