Celso Adolfo exibe seu coco calangado e faz shows para lan�ar 'Pratiano'
Mineiro vai cantar neste domingo (5/3), no Quintal da Dona In�s, em BH. Novo �lbum tem homenagens a Paulinho da Viola, Chico Buarque, Pedro Muriel e ao Nordeste
Neste m�s de mar�o, Celso Adolfo far� tr�s shows para lan�ar "Pratiano", que traz 18 faixas in�ditas
Eduardo Gontijo/divulga��o
O cantor e compositor Celso Adolfo faz tr�s shows em BH para lan�ar “Pratiano”, seu 11º �lbum, com 18 can��es in�ditas. O repert�rio chega �s plataformas digitais neste domingo (5/3). Hoje � noite, ele se apresenta no espa�o Quintal da Dona In�s, no Bairro Esplanada, e volta ao palco nos dias 11 e 31.
O t�tulo “Pratiano” remete a S�o Domingos do Prata, no Vale do A�o, cidade natal de Celso. “O disco n�o � aquela declara��o expl�cita e objetiva � minha terra. � maior do que isso, porque, a partir da minha terra, � que fui entender o mundo. E o estou entendendo agora com as m�sicas deste disco”, afirma.
Conselho de Xangai
O repert�rio traz samba, valsa e bolero, entre outros ritmos. Celso at� criou um g�nero musical, ao qual deu o nome de coco calangado. “Ele surgiu depois que ouvi o coco nordestino, alagoano, sempre sob sugest�o do cantor, compositor e violeiro baiano Xangai”, diz.
De tanto escutar “G�rias do Norte”, composi��o de Onildo Almeira e Jacinto Silva, o mineiro decidiu dar uma esp�cie de “resposta” a ela. “� homenagem, partindo da estrutura musical dessa can��o. Descobri que estava criando algo que vem deles (nordestinos), mas n�o � deles, � um passo diferente. O coco � deles, mas o calango � nosso, de Minas”, explica Celso Adolfo.
'O disco n�o � aquela declara��o expl�cita e objetiva � minha terra. � maior do que isso, porque, a partir da minha terra, � que fui entender o mundo. E o estou entendendo agora com as m�sicas deste disco'
Celso Adolfo, cantor e compositor
A can��o “Coco calangado” cita tamb�m o poeta pernambucano Jo�o Cabral de Melo Neto (1920-1999). “Tem fraseados que beiram o absurdo, porque nordestino � cheio de non sense em muitas composi��es. Eles s�o assim, gostam mesmo de fazer trucagens, n�o s� de ritmos, mas de linguagem. 'G�rias do Norte' � cheia de trucagem o tempo todo, cheia de absurdos internos que s�o desafiadores para quem ouve”, conta Celso.
Outro homenageado � Paulinho da Viola, que inspirou a faixa “Eu bebo do samba”. “� uma resposta ao disco 'Bebadosamba'”, explica o mineiro, referindo-se ao LP lan�ado pelo compositor carioca em 1996. “Come�o o meu samba respondendo a Paulinho da Viola e tamb�m homenageando o Chico (Buarque)”.
Em “Eu bebo do samba”, Celso Adolfo tamb�m faz refer�ncia ao poeta belo-horizontino Pedro Muriel, que morreu em junho do ano passado.
“G�nio da poesia, ele se foi aos 30 e poucos anos. Passou a maior parte da vida em uma cadeira de rodas, com respirador, por causa de um problema pulmonar. Tinha um lirismo assustador, nunca foi vencido pelo infort�nio de passar quase a vida toda daquele jeito. Pedro soube se superar isso com a poesia.”
Ali�s, tem mais gente nesta can��o: os amigos com quem Celso toma caf� e bate papo na Savassi e no Bairro do Trevo. “A gente se encontra todas as semanas para falar de futebol, da vida, de tudo. Ent�o, juntei todos eles e vou citando as nossas coisas. Criamos um nome para a turma: Caf�, Lingui�a, For�vis.”
Na faixa “Divina luz de janeiro”, ele diz praticar “o absurdo lingu�stico” para fazer o ouvinte “ficar fora do eixo”. E explica: “� para ativar a aten��o da pessoa com sentidos inusitados e contradit�rios entre uma coisa e outra que est� ali na letra.”
O repert�rio do novo disco tem duas baladas rom�nticas, “Amor doendo” e “N�o tem outro jeito”. Outra faixa � uma valsa – “bem vienense”, segundo ele –, feita para a av� de 100 anos de um amigo.
'Descobri que estava criando algo que vem deles (nordestinos), mas n�o � deles, � um passo diferente. O coco � deles, mas o calango � nosso, de Minas'
Celso Adolfo, cantor e compositor
Lembran�as de menino
A faixa-t�tulo “Pratiano” � especial para seu autor. A ideia surgiu quando Celso se deparou com o retrato dele aos 8 anos, em S�o Domingos do Prata.
“Estou de cal�as curtas, m�os no bolso, sapato envernizado, camisa branca e palet�. Me achava o cara mais elegante do mundo com aquela roupa. Olhei para a foto e me fiz uma pergunta: O que eu pensava com aquela idade? A�, a melodia e a letra foram surgindo em minha cabe�a.”
Com sete minutos, a can��o autobiogr�fica homenageia as bandas de m�sica interioranas e � quase um bolero, segundo ele. “Quando menino, eu queria tocar em banda. N�o tocava nada, mas sonhava com o baixo tuba”, revela.
Ali�s, o “momento banda” de “Pratiano” remete tamb�m � alegria das andorinhas dentro da igreja e ao circo. “A m�sica tem v�rias tiradas de um menino que tinha 8 anos, com o cara de 70 descrevendo aquilo.”
A carreira fonogr�fica de Celso Adolfo se iniciou nos anos 1980, quando ele chamou a aten��o do pa�s com o LP “Cora��o brasileiro”, produzido por Milton Nascimento.
“Pratiano” sai tamb�m no formato f�sico, com tiragem de 2 mil CDs. “� a �ltima vez que vou prensar um disco. N�o est� valendo mais a pena, pois as pessoas est�o migrando para as plataformas. O CD estar� � venda nos meus shows”, informa o m�sico.
Capa do disco Pratiano traz a foto de uma folha
“PRATIANO”
• Disco de Celso Adolfo
• 18 faixas
• Dispon�vel nas plataformas digitais
• Shows neste domingo (5/3), �s 16h, no Quintal da Dona In�s (Rua Hort�nsia, 523, Esplanada); no pr�ximo s�bado (11/3), �s 20h, na Casa Palma (Rua Monte Alegre, 225, Serra); e em 31/3, �s 20h, no Teatro Est�dio Art & Sound (Rua Asc�nio Burlamarque, 405, Mangabeiras).
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