Esculturas de Daniela Schneider podem ser tocadas, convidando o p�blico � intera��o e ao di�logo
Daniel Pinho/divulga��o
'O desejo de ser m�e, mais uma vez, foi maior do que a in�rcia de ficar presa naquele luto. Na semana em que enviei o projeto de exposi��o para o programa, nosso segundo filho, Gustavo, chegou por ado��o. (...) � um novo nascimento'
Daniela Schneider, artista visual
Uma experi�ncia traum�tica reelaborada e transformada por meio da arte. Essa � a s�ntese da exposi��o “O corpo que pariu, o corpo que partiu”, a primeira individual da artista visual Daniela Schneider, que ser� aberta nesta ter�a-feira (25/4), na Piccola Galleria da Casa Fiat de Cultura.
A mostra foi idealizada a partir do luto de Daniela pela morte do primeiro filho, Theo, apenas cinco dias ap�s o nascimento, em 2013. O conjunto re�ne cinco esculturas em croch� em tons de rosa e vermelho, que fazem refer�ncia a corpos – ora cheios, ora murchos, gr�vidos ou vazios, com ou sem vida. O pol�ptico de fotografias de uma performance tamb�m faz parte da exposi��o. S�rie de 51 imagens � exibida no monitor.
Di�rios da dor
Tudo come�ou com o pequeno di�rio que Daniela iniciou depois da morte do filho. Cerca de 11 meses ap�s a partida de Theo, as ideias no papel come�aram a ganhar a forma de esculturas e de performance. Entre 2018 e 2022, a artista iniciou efetivamente a cria��o das obras em tecido, elaboradas com a t�cnica do croch�.
Daniela Schneider diz que se trata de um trabalho autobiogr�fico, mas concebido com o desejo de dialogar com as pessoas e espelhar outras exist�ncias.
“Fala da minha hist�ria, do meu luto. � uma exposi��o at� bem literal, mas quero tocar as pessoas de diversas formas, n�o s� quem viveu uma experi�ncia de perda. O mais importante foi a ressignifica��o do luto”, diz.
A dor, em croch� cor-de-rosa
Daniel Pinho/divulga��o
As obras reunidas em “O corpo que pariu, o corpo que partiu” est�o menos vinculadas � tristeza, e mais a seguir em frente, a como decidir continuar, afirma a artista. “N�o encaro como um trabalho triste. Ele vem a partir do pior momento da minha vida, porque nada se compara � perda de um filho. Mas � uma hist�ria que teve outros desdobramentos.”
A mostra foi uma das seis escolhidas pelo 6º Programa de Sele��o da Piccola Galleria, entre cerca de 300 inscri��es vindas de todas as regi�es do pa�s. A proposta de Daniela foi enviada para o edital quando chegou a cabo o processo de ado��o que vinha se desenrolando h� cinco anos.
“O desejo de ser m�e, mais uma vez, foi maior do que a in�rcia de ficar presa naquele luto. Na semana em que enviei o projeto de exposi��o para o programa, nosso segundo filho, Gustavo, chegou por ado��o. Ent�o, encaro a mostra como o fechamento de um ciclo e homenagem ao Theo”, afirma. “� um novo nascimento.”
A rela��o de Daniela com o croch� vem desde a inf�ncia, por meio dos ensinamentos da av� e da m�e, e se consolidou como express�o art�stica durante o curso de artes visuais na Escola Guignard, na segunda metade dos anos 2000.
O trabalho t�xtil � o ponto de partida das pesquisas que a artista vem desenvolvendo mais recentemente nas searas da fotografia, v�deo, performance e instala��o.
Daniela destaca que o trabalho com croch� se relaciona tanto com o feminino quanto com a ancestralidade. “Um ponto de croch�, para surgir, vem de dentro do ponto anterior, assim como as gera��es. � uma trama que se relaciona com a tentativa de honrar a minha ancestralidade. Todo o meu trabalho como artista passa pelo universo das mulheres da minha fam�lia”, diz.
Para marcar a abertura da exposi��o, haver� bate-papo virtual com Daniela nesta ter�a-feira (25/4), �s 19h, com inscri��es gratuitas. Ela vai falar sobre sua trajet�ria, inspira��es e t�cnicas utilizadas para criar as esculturas de croch�, que podem ser manuseadas pelos visitantes.
No dia 4 de maio, ser� a vez do bate-papo sobre o tema “Arte e recome�o”. Daniela vai conversar com a curadora da mostra, Bianca Dias, no hall da Casa Fiat. Elas v�o falar de quest�es envolvendo o feminino, a maternidade e o luto, al�m da arte como instrumento para transfigurar a dor em inven��o.
CONVERSAS
• Bate-papo virtual com a artista Daniela Schneider, nesta ter�a-feira (25/4), das 19h �s 20h, com transmiss�o ao vivo. Ingressos gratuitos pelo site https://bit.ly/BatePapoDaniela
• Bate-papo presencial “Arte e recome�o”, com Daniela Schneider e Bianca Coutinho. Em 4 de maio, �s 19h30, no hall da Casa Fiat de Cultura. Inscri��es: https://bit.ly/ArteRecomeco
“O CORPO QUE PARIU, O CORPO QUE PARTIU”
Exposi��o de Daniela Schneider, a partir desta ter�a-feira (25/4), na Piccola Galleria da Casa Fiat de Cultura (Pra�a da Liberdade, 10, Funcion�rios). Aberta de ter�a a sexta-feira, das 10h �s 21h; s�bados, domingos e feriados, das10h �s 18h. Em cartaz at� junho
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