Periferias de Johanesburgo e de BH ocupam a Mitre Galeria
O sul-africano Jabulani Dhlamini faz exposi��o na capital mineira, ap�s participar de resid�ncia art�stica no bairro Palmital, a convite de Paulo Nazareth
Foto do bairro Palmital mostra senhora sentada em cadeira, na rua, e carro Bras�lia estacionado com cartazes de pol�ticos em campanha
Detalhe de registro do bairro Palmital, que faz parte da mostra que artista o sul-africano Jabulani Dhlamini apresenta em BH
'O trabalho reflete minhas viv�ncias e as conversas ao meu redor. Enxergo as casas como museus pessoais, onde muitas hist�rias est�o guardadas. A partir disso, proponho novas mem�rias'
Jabulani Dhlamini, artista pl�stico sul-africano
A periferia de Johanesburgo se encontra com a periferia de Belo Horizonte na exposi��o “Casa/iKhaya Lami”, do artista Jabulani Dhlamini, em cartaz na Mitre Galeria at� 1º de julho. � a primeira mostra do autor sul-africano no Brasil.
O visitante vai se deparar com um conjunto de imagens por meio das quais Dhlamini examina criticamente as origens hist�ricas, com implica��es duradouras, de munic�pios na �frica do Sul e favelas no Brasil como constru��es coloniais, com foco em seu surgimento durante o colonialismo europeu.
A exposi��o � fruto da parceria da Mitre Galeria com a Goodman Gallery, que tem sede na cidade sul-africana, e contou com a intermedia��o do artista pl�stico mineiro Paulo Nazareth. Foi ele quem convidou Dhlamini para vir a Belo Horizonte, por meio do programa de resid�ncia com os criadores que encontra durante seus trabalhos pelo mundo.
Nazareth est� presente na exposi��o com o v�deo “Old hope”, produzido na �frica do Sul com participa��o de Dhlamini. O local onde o mineiro mora – o Conjunto Palmital, em Santa Luzia, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte – serviu de palco para o desenvolvimento do trabalho criado para a mostra.
Do Palmital a Soweto
Diretor da Mitre Galeria, Rodrigo Mitre explica que o sul-africano passou um m�s convivendo com a comunidade do Palmital, interagindo e fazendo os registros fotogr�ficos apresentados lado a lado com outros realizados em Soweto, cidade cont�gua a Johanesburgo que foi estabelecida em 1963, durante o apartheid, destinada aos negros.
“A Mitre bancou essa estadia do Jabulani. Ele diz que o Palmital e a periferia da cidade dele se parecem muito. As fotografias come�am com o envolvimento com a comunidade, num processo de conversa e escuta. ‘Casa/iKhaya Lami’ prop�e o paralelo entre trabalhos feitos em Soweto, durante a pandemia, e no Palmital”, diz Mitre.
Segundo ele, o t�tulo da exposi��o entrela�a dois termos distintos e interconectados: “casa” (lar, em portugu�s e espanhol) e “ikhaya lami” (“minha casa”, em zulu). A inten��o � destacar o anseio humano universal por um lugar de pertencimento, seguran�a e enraizamento.
“A mostra investiga como a pol�tica espacial, que carrega consigo o legado hist�rico do colonialismo, do apartheid e das desigualdades sist�micas, influencia o desenvolvimento, a estrutura e as percep��es dessas paisagens urbanas”, diz Mitre.
Museus pessoais
H� essa dimens�o global e hist�rica, mas tamb�m um vi�s de intimidade que atravessa “Casa/iKhaya Lami”, segundo Dhlamini. “O trabalho reflete minhas viv�ncias e as conversas ao meu redor. Enxergo as casas como museus pessoais, onde muitas hist�rias est�o guardadas. A partir disso, proponho novas mem�rias”, explica.
A pol�tica espacial dos “townships” sul-africanos � �rea de interesse para Dhlamini, pois continuam sendo moldados por quest�es de poder, desigualdade e resist�ncia. Uma �rea de particular interesse s�o os espa�os �ntimos desses ambientes, que desempenham papel significativo na forma��o das rela��es sociais e da resist�ncia pol�tica.
Nestas �reas dentro de casa ou da comunidade, as pessoas interagem e compartilham a vida di�ria em espa�os marcados por pobreza, superlota��o e falta de infraestrutura. Por meio da cria��o de arquivos fotogr�ficos, Dhlamini pretende amplificar as vozes daqueles que viveram e continuam a viver nestes espa�os.
JABULANI DHLAMINI
• Exposi��o “Casa/iKhaya Lami” • Em cartaz at� 1º de julho, na Mitre Galeria (Rua Tenente Brito Melo, 1.217, Barro Preto)
• Aberta de ter�a a sexta-feira, das10h �s 19h, e aos s�bados, das 10h �s 16h. • Entrada franca
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