Atriz com lata na cabeça canta, cercada por atores, na peça infantil dedicada a Elza Soares

A favela, onde a cantora nasceu e viveu, e a famosa lata d'�gua da can��o que a fez famosa s�o lembradas em "A menina do meio do mundo"

J�nior Mandriola/divulga��o

O projeto “Grandes m�sicos para pequenos” traz a Belo Horizonte o espet�culo “A menina do meio do mundo – Elza Soares para crian�as”, neste domingo (4/6) � tarde, no Pal�cio das Artes.

O musical se baseia nas hist�rias contadas pela pr�pria Elza sobre sua vida, a rela��o afetuosa com a m�e, Ros�ria, a inf�ncia pobre, a gravidez precoce e a luta para levar � frente os sonhos de inf�ncia.
 
A pe�a foi criada no fim de 2019 e estreou em 2022. O autor Pedro Henrique Lopes teve conversas com a cantora, que lhe fez revela��es sobre sua vida. “Sempre fui muito f� e estava h� anos querendo escrever esse musical. Come�amos a fazer o espet�culo ainda quando Elza estava viva, tive a oportunidade de conversar com ela. Elza compartilhou hist�rias que nunca haviam sido divulgadas”, afirma Lopes.

Com cuidado redobrado ao representar momentos delicados da vida da cantora, Pedro se baseou tanto nos relatos biogr�ficos quanto nos sonhos que ela alimentou desde jovem.

“A Elza me contou uma hist�ria muito especial. Quando era pequena e morava no morro, via as luzinhas l� embaixo, � noite, que se misturavam com os pontos luminosos no c�u. Achava que todas eram estrelas, tinha vontade de toc�-las e de um dia se tornar uma delas. E de fato se tornou”, diz.

O t�tulo da pe�a tra�a um paralelo com “A mulher do fim do mundo”, �lbum lan�ado em 2015. A proposta � enviar mensagens l�dicas para o p�blico infantil.
 
“Elza � uma menina, mulher preta que canta, vive, tem ambi��es e desejos. Ela passa pelas dificuldades sempre com muita for�a. Ensinamos � crian�a a defender e acreditar em seus pr�prios sonhos”, afirma Pedro.
 

'Ap�s a morte dela, decidi mudar o fim do espet�culo. Ainda em vida, Elza tinha se tornado, de fato, uma grande estrela. No fim do musical, ela vai morar no c�u. � a maneira delicada de explicarmos a morte para as crian�as'

Pedro Henrique Lopes, dramaturgo

Morte alterou roteiro

Elza Soares morreu em 20 de janeiro de 2022, o que levou o roteirista a alterar o texto da pe�a. “Ap�s a morte dela, decidi mudar o fim do espet�culo. Ainda em vida, ela tinha se tornado, de fato, uma grande estrela. No fim do musical, ela vai morar no c�u”, explica.

“� a maneira delicada de explicarmos a morte para as crian�as. � um jeito de ensin�-las a lidar com este momento delicado”, completa.

Al�m da rela��o de Elza com a m�e, a pe�a aborda as dificuldades financeiras, a dor da perda de um filho e a supera��o de adversidades.

Elza nasceu em 1930 e o pai a obrigou a se casar aos 12 anos. Engravidou aos 13, perdeu o beb� e ficou vi�va aos 21. Come�ou sua carreira aos 23, enfrentou ataques racistas e mis�ginos por parte de donos de r�dios e das gravadoras.

J� famosa, viveu uma hist�ria de amor com o craque Man� Garrincha e sofreu com o alcoolismo dele, o que acabou separando o casal. A cantora lan�ou o primeiro �lbum, “Se acaso voc� chegasse”, em 1960, aos 30 anos. Em 2000, foi eleita A melhor cantora do mil�nio, pela BBC de Londres.
 

'Quando fomos mostrar o momento em que ela perde o filho para a fome, escolhemos um boneco da Elzinha, que vai se descosturando. Por falta de linha, ele aos poucos vai sumindo'

Pedro Henrique Lopes, dramaturgo

 

Refer�ncia para jovens negros

Esta carioca batalhadora e talentosa viveu 91 anos e morreu de causas naturais em sua casa, no Rio de Janeiro. Sem jamais perder a esperan�a, tornou-se refer�ncia para a juventude negra do Brasil.

A pe�a busca retratar toda essa saga de forma leve, alimentando o imagin�rio infantil. “As hist�rias s�o contadas de maneira l�dica. Elza teve uma vida muito dif�cil em alguns momentos, n�s n�o citamos tudo da forma como aconteceu”, explica Pedro.

“Quando fomos mostrar o momento em que ela perde o filho para a fome, escolhemos um boneco da Elzinha, que vai se descosturando. Por falta de linha, ele aos poucos vai sumindo, at� chegar ao ponto em que se acaba”, explica.
 
A can��o � importante nessa narrativa, mas nem sempre da forma como Elza a gravou. “A m�sica aparece no espet�culo de acordo com a dramaturgia. Pode ser que algum cl�ssico que voc� conhe�a de algum CD seja interpretado aqui de maneira diferente. Vamos contornando os arranjos a favor da hist�ria. Can��es r�pidas podem se tornar lentas e m�sicas calmas podem ficar agitadas. � diferente e especial”, adianta o dramaturgo.

Atores dan�am e cantam cl�ssicos que eternizaram Elza na hist�ria da m�sica popular brasileira. “Meu guri”, “A carne”, “Se acaso voc� chegasse”, “Mas que nada” e “Lata d’�gua” s�o alguns deles.

Elza Soares segura o microfone e olha para o alto

S�rie de homenagens lembrar� as sete d�cadas de carreira de Elza Soares

Paolo Giron/divulga��o

Tributo e disco chegam em junho

Elza Soares completaria 70 anos de carreira em 2023. Duas homenagens para ela ser�o realizadas neste m�s de junho. No dia 17, Larissa Luz e Caio Prado se apresentar�o no Sesc Palladium, em BH. O tributo reunir� cl�ssicos da carreira dela, como “A mulher do fim do mundo” (Romulo Fr�es e Alice Coutinho), “Dura na queda” e “O meu guri” (Chico Buarque), “Volta por cima” (Paulo Vanzolini) e “O morro” (Antonio Carlos Jobim / Billy Blanco), entre outros.

A dupla ser� acompanhada pela banda de Elza, formada por Rovilson Pascoal (guitarra e cavaco), Luque Barros (baixo e synth), Victor Cabral (bateria), Mestre DaLua (percuss�o), Ricardo Prado (guitarra e teclados), Ana Guimar�es e Net�o (backing vocals). A inteira custa R$ 160, R$ 150 e R$ 100, com meia-entrada na forma da lei.

No dia 23, data do anivers�rio de Elza, ser� lan�ado o �lbum “No tempo da intoler�ncia” que ela gravou pouco antes de morrer, com 10 in�ditas em sua voz. H� composi��es de Rita Lee (“Rainha africana”) e de Dona Ivone Lara (“No compasso da vida”, com letra da pr�pria Elza e Pedro Loureiro).

O lan�amento � da gravadora Deck, com produ��o assinada por Rafael Ramos.

“A MENINA DO MEIO DO MUNDO: ELZA SOARES PARA CRIAN�AS”

Neste domingo (4/6), �s 17h, no Pal�cio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro). Ingressos custam R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia-entrada), � venda no site Eventim e na bilheteria do teatro. Classifica��o: 3 anos. Informa��es: (31) 3236-7400.
 
* Estagi�ria sob supervis�o da  editora-assistente �ngela Faria