"Transformers - O despertar das feras" tem miss�o de revigorar a franquia

Lorenzo di Bonaventura, o produtor de "Transformers", tinha um problema nas m�os no come�o de 2019. A franquia inspirada nos brinquedos da Hasbro se via diante de uma sequ�ncia e um derivado que renderam os piores desempenhos na bilheteria desde o seu salto ao live-action, em 2007.

"Transformers: O despertar das feras", que chega aos cinemas nesta quinta-feira (8/6), � o rein�cio simb�lico da hist�ria dos rob�s que se transformam em carros – um que Bonaventura alimentou desde a g�nese do projeto.

� a solu��o para uma situa��o delicada, j� que os filmes anteriores despertaram rea��es opostas. "Transformers: O �ltimo Cavaleiro", a despedida do diretor Michael Bay do comando da saga, foi massacrado pelo �pico inchado e incoerente; "Bumblebee", primeira aventura solo fora da hist�ria principal, foi elogiado pela premissa inocente e desconectada dos outros cap�tulos.

"A gente tinha um ponto de vista espec�fico", diz o produtor em entrevista. "Quer�amos a intimidade de ‘Bumblebee’ e do primeiro ‘Transformers’ e a escala maior dos cinco filmes de [Michael] Bay."

A ideia tamb�m era manter a continuidade entre os filmes. O novo cap�tulo se passa nos anos 1990, pouco depois de "Bumblebee" e antes dos outros longas. De velhos conhecidos, s� Optimus Prime e o pr�prio Bumblebee: mocinhos, vil�es e personagens humanos s�o todos in�ditos.

Tudo isso ajudou na escolha de Steven Caple Jr. para comandar a aventura. At� porque o diretor tinha passado por algo similar em "Creed 2", de 2018. O filme era parte de uma franquia longeva e em nova encarna��o, "Rocky", com estrelas do porte de Michael B. Jordan e Sylvester Stallone em uma hist�ria mais ampla.

 

Olhar de f�

Essa afinidade ajudou o cineasta a adentrar a franquia. "Quando assumi o projeto, busquei um olhar de f� da s�rie, do que eu queria ver e de quem eu sou", diz o diretor.

Foi assim, para refletir a realidade do mundo no elenco, que Anthony Ramos e Dominique Fishback foram escolhidos.

Pela primeira vez, um ator de origem latina e uma atriz negra s�o o rosto da franquia – com espa�o para tal. Fishback diz que sentou com os roteiristas em tr�s ocasi�es s� para discutir sua personagem, a arque�loga Elena. Tanto ela quanto Ramos afirmam que se viram motivados com essa abertura.

"Quando o diretor me perguntou o que queria trazer � s�rie, respondi que eu queria levar o cora��o", afirma o ator. "Eu queria fazer um filme que fosse mais que rob�s explodindo uns aos outros, e que o p�blico se importasse com os humanos."

 

 

A decis�o mais arriscada de Caple Jr., por�m, foi destacar outros grupos de personagens rob�ticos na trama. O filme traz duas novas fac��es, incluindo os mocinhos Maximals, que se transformam em animais met�licos, como um gorila e um falc�o, e os malvados Terrorcons – vers�es mais amea�adoras dos vil�es anteriores, os Decepticons.

Eles s�o o chamariz principal da hist�ria, que preserva os Autobots como protagonistas pela conveni�ncia. Em "O despertar das feras", o l�der Optimus Prime ainda teme a humanidade e busca maneiras de retornar o grupo para o planeta natal. Mas a procura desperta a guerra com os Terrorcons, que querem fazer da Terra uma refei��o para o Unicron, um rob� com forma de um imenso planeta.

Caple Jr. diz que queria expandir o horizonte da franquia e manter o p�blico na ponta dos p�s, mas confirma que isso virou um desafio nos efeitos visuais. Com os Maximals, por exemplo, foi um problema encontrar uma escala que permitisse aos personagens se misturar com o ambiente da selva no Peru, onde o cl�max acontece. Ele queria ainda que o p�blico observasse as transforma��es entre rob� e animal.

Nessa hora, a compara��o com os filmes de Michael Bay � inevit�vel. Em especial porque o diretor da vez queria algo mais simples.

"Com o Bay, voc� v� que os Autobots deixarem de lado os carros. Em ‘O �ltimo Cavaleiro’, por exemplo, eles lembram mais cavaleiros. Eu queria voltar � semelhan�a com os carros. Gastei tempo com o design do Optimus para encontrar um estilo elementar, similar aos desenhos."

Di Bonaventura tamb�m lembra desses desafios, mas os entende como parte do processo ca�tico de qualquer produ��o. O executivo at� compara a experi�ncia de "Transformers" com a de "Onze homens e um segredo", o qual gerenciou quando trabalhava na Warner Bros., em 2001– ambos os projetos vivem o drama de lidar com muitos personagens.

O produtor duvida de colegas que afirmam ter um plano fechado para seus filmes desde o in�cio. Ele afirma que o caso de "Transformers" foi o oposto e diz que isso tornou o processo mais org�nico.

(EUA, 2023, 127 min.) Dire��o: Steven Caple Jr. Com Peter Cullen, Pete Davidson e Anthony Ramos. Estreia nesta quinta-feira (8/6), em salas dos complexos Cineart, Cinemark, Cinsercla e Cin�polis.