Percy Fawcett em Pelechuco, em 1911
Em dado momento de Indiana Jones e o Templo da Perdi��o (1984), quando o intr�pido protagonista sai � procura de uma pedra sagrada na �ndia, Willie Scott, a cantora de boate interpretada por Kate Capshaw, vira-se para Indiana Jones, o famoso arque�logo imortalizado por Harrison Ford, e alerta: "Voc� vai acabar morrendo ao perseguir fortuna e gl�ria".
Em tom de gracejo, Indy responde: "Talvez. Mas hoje n�o".
� prov�vel que Nina Paterson (1871-1954) tenha dito algo parecido quando o marido, o explorador ingl�s Percival Harrison Fawcett (1867-1925), anunciou que ia sair em miss�o � procura de uma civiliza��o perdida no Brasil — os dois se conheceram no Ceil�o, atual Sri Lanka, onde Percy serviu como oficial da Artilharia Real brit�nica.
N�o seria a primeira vez que ele viajaria para a Am�rica do Sul. Mas, dessa vez, poderia ficar at� dois anos longe de casa.
Em fevereiro de 1920, ele desembarcou no Rio de Janeiro para uma expedi��o que, no fim das contas, durou apenas quatro meses, de agosto a dezembro daquele ano. Enquanto estava no Brasil, Nina, sua mulher, e os tr�s filhos do casal, Jack, Brian e Joan, viveram na Jamaica.
Assim que chegou, Fawcett foi recebido pelo presidente da Rep�blica, Epit�cio Pessoa (1865-1942), que agendou uma reuni�o com o Marechal C�ndido Rondon (1865-1958). O encontro foi desastroso.
Rondon disse que o Brasil n�o precisava de estrangeiros para fazer expedi��es. O presidente ponderou que estava atendendo a um pedido do embaixador ingl�s, Ralph Paget, para apoiar Fawcett em sua viagem at� o Mato Grosso. Rondon, ent�o, sugeriu que Fawcett fosse acompanhado por uma comitiva brasileira. O ingl�s recusou a oferta: "Pretendo ir sozinho", avisou. "Uma viagem com muita gente tem os seus inconvenientes".
O marechal n�o desistiu. Sugeriu que o coronel estrangeiro fosse acompanhado por um civil ou militar da confian�a do governo brasileiro. N�o houve acordo. Se n�o pudesse ir sozinho, avisou Fawcett, n�o iria.
A essa altura, Rondon j� estava desconfiado de que, mais do que uma civiliza��o perdida, o ingl�s estava � procura de ouro e prata. L� pelas tantas, perguntou o percurso que Fawcett pretendia fazer. Sua resposta — "� sigiloso. N�o posso revelar" — deu por encerrada a conversa. "Fa�o votos para que tenha boa sorte", e Rondon se despediu.
"A ideia da Cidade Perdida Z veio do Documento 512, que se encontra na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro", explica o jornalista Hermes Leal, autor de O Enigma do Coronel Fawcett – O Verdadeiro Indiana Jones (Gera��o Editorial, 2007). "� um relato do s�culo 18 de uma pessoa que teria se perdido no sert�o da Bahia e encontrado as ru�nas de uma cidade abandonada. Uma c�pia desse documento chegou �s m�os de Fawcett ainda na Inglaterra".
"Ouvi falar da lenda do Fawcett ainda crian�a, quando vivia em Goi�s", prossegue Leal. "Quando descobri que ela nunca tinha sido contada em uma biografia, resolvi transformar sua hist�ria em livro. Minha grande dificuldade foi refazer seus passos. Descobri, entre outras coisas, seu interesse em comprar uma mina de pedras preciosas na Bahia".

Brian Fawcett com dois ind�genas kalapalo
Divulga��o'Os �ndios mais selvagens da Amaz�nia'
No dia 12 de agosto de 1920, seis meses depois de chegar ao Brasil, Percy Fawcett finalmente partiu do Rio de Janeiro rumo a S�o Paulo e, da capital paulista, para Corumb� (MS). Em seguida, viajou de barco at� Cuiab� (MT).
Em sua comitiva, apenas dois estrangeiros: um australiano, Butch Reilley, e um americano, Ernest G. Holtt, o "Felipe". Cada um embolsou 600 libras pela aventura.
Al�m de contratar os dois ajudantes, atrav�s de um an�ncio de jornal, Fawcett comprou dois cavalos e dois bois para transportar a carga, que inclu�a, al�m de cordas, redes e barracas, utens�lios de cozinha e instrumentos musicais.
Logo no quarto dia de viagem, Butch pediu para sair. O sujeito n�o sabia sequer montar a cavalo. Em dois dias, caiu quatro vezes. A �ltima delas dentro de um riacho.
Ernest era menos pior. Mas, num acesso de f�ria, atirou em Vermelho, um dos cachorros da comitiva. Al�m de procurar ca�a, c�es montavam guarda � noite.
Ao longo da viagem, Fawcett atravessou fazendas, como a do Laranjal, e cruzou rios, como o Tabatinga. Numa delas, a do Rio Novo, conheceu o fazendeiro Hermenegildo Galv�o. Durante a estadia, ouviu falar dos �ndios morcegos, "os mais selvagens da Amaz�nia". Segundo a lenda, tinham apar�ncia de macacos e viviam em cavernas. Ao ouvir a hist�ria, Fawcett se convenceu de que estava no caminho certo.
Da fazenda Rio Novo, a comitiva seguiu para o Posto Sim�es Lopes, na aldeia Bakairi, onde descansou por tr�s dias. De l�, prosseguiu viagem.
No caminho, mais infort�nios: um cavalo morreu afogado e um boi por exaust�o. N�o bastasse, chovia bastante. E os c�rregos transbordaram.
Mais adiante, pr�ximo ao rio Tanguro, o cavalo de Fawcett caiu e n�o conseguiu mais levantar. Armado com um rifle Winchester e uma pistola Mauser, o coronel deu fim ao sofrimento do animal. O lugar foi apelidado de Campo do Cavalo Morto.
Sem mantimentos, Fawcett decidiu voltar. Por ora, desistira da expedi��o.
A quem perguntava o que tinha acontecido, limitava-se a responder: "Os animais n�o resistiram", e completava: "Pretendo voltar brevemente para reiniciar meus trabalhos a partir de onde parei".

Charlie Hunnam d� vida a Percy Fawcett em filme adaptado do livro do jornalista americano David Grann
Divulga��oQue fim levou Percy Fawcett?
Em janeiro de 1925, como sempre fazia antes de sair em expedi��o, Percy Fawcett comprou um chap�u novo. N�o um modelo qualquer. Mas um car�ssimo da marca Stetson, seu preferido.
Em vez de contratar ajudantes no local da expedi��o, levou dois expedicion�rios de casa: o filho mais velho, Jack, de 21 anos, e um amigo dele, Raleigh Rimell, mais ou menos da mesma idade. Os dois n�o viam a hora de encontrar um tesouro escondido, comprar possantes motos e se exibir pelas ruas de Seaton, na Inglaterra, onde moravam.
Para n�o fazer feio na viagem, Fawcett ensinou os rapazes a nadar em rios caudalosos, a se alimentar somente de vegetais — n�o se pode contar com ca�a onde n�o se sabe se ela existe, dizia o coronel — e a preparar mochilas de at� quinze quilos. Outra li��o importante era aprender a falar algumas palavras em portugu�s.
Os tr�s viajaram a bordo do S.S. Vauban, da empresa Lamport and Holt Line, e desembarcaram no Rio de Janeiro em janeiro de 1925.
Na ent�o capital federal, Fawcett foi recebido pelo embaixador ingl�s no Brasil, John Tilley, e pelo ministro da Agricultura do governo Artur Bernardes, Miguel Calmon. Ao pedir apoio financeiro para a viagem, recebeu tr�s passagens de trem at� Cuiab�.
Em S�o Paulo, os tr�s visitaram o Instituto Butantan e conheceram o m�dico Assis Brasil, que cedeu algumas doses de soro contra veneno de cobra. Na bagagem, levavam comida em lata, rem�dio contra febre, armas e muni��es.
Em Corumb�, ficaram hospedados num hotelzinho �s margens do rio Paraguai, que nem banheiro tinha. No dia 23 de fevereiro, embarcaram numa chalana (pequena embarca��o fluvial) at� Cuiab�. Seriam dez dias de viagem, atrav�s dos rios Paraguai, S�o Louren�o e Cuiab�, a menos de seis quil�metros por hora.
A lota��o m�xima da embarca��o era de 20 passageiros, mas, naquele dia, o Iguatemi transportava mais de 50. � noite, os passageiros estendiam suas redes no conv�s e enfrentavam os mosquitos como podiam. Jack, por exemplo, dormia com uma camisa sobre o rosto.
A chalana chegou � capital mato-grossense no dia 4 de mar�o. L�, Fawcett comprou cinco mulas e cinco cavalos, e conseguiu mais dois cachorros, Chulim e Pastor, para ajudar na expedi��o. Al�m disso, contratou dois mateiros, Sim�o de Oliveira e Jos� Gald�ncio.
Jack ficou respons�vel por tirar as fotos e Rimell, por preparar as refei��es. Em geral, tomavam caf� �s seis e meia da manh� e almo�avam por volta das cinco da tarde. O card�pio n�o variava muito: um prato de sopa, duas x�caras de ch� e leite condensado dissolvido em �gua pela manh�, e arroz e carne de charque � tarde. �s vezes, matavam a fome com biscoito e sardinha em lata; outras, com farinha de mandioca.
Caminhavam, em m�dia, duas l�guas por dia, o que corresponde a seis quil�metros. Dormiam e acordavam cedo, antes do dia clarear. � �poca, fazia 27 graus � sombra. No terceiro dia, montaram acampamento bem em cima de um formigueiro de sa�vas. Por pouco, n�o perderam toda a comida.

Fawcett, de chap�u e no meio do grupo, na nascente do Rio Verde
Divulga��oVolta e meia, se perdiam no mato. Nessas horas, voltavam alguns passos na esperan�a de encontrar o lugar onde se desviaram da rota. � certa altura, Rimell tirou a bota e quase caiu para tr�s: seu p� estava vermelho e inchado. "Mordida de carrapato", explicou Fawcett. Sim�o improvisou um curativo com folhas de uma planta do brejo.
No dia 30 de abril, chegaram � fazenda Rio Novo, do ‘coronel’ Hermenegildo Galv�o. O anfitri�o ofereceu refei��o para os viajantes e pasto para os animais. Descansaram l� por cinco dias. Partiram 4 de maio, rumo ao Sim�es Lopes, na aldeia bakairi. No trajeto, cruzaram v�rios rios, como o Paranatinga. Nessas ocasi�es, pai e filho cuidavam da bagagem enquanto os pe�es atravessavam os animais.
Chegaram ao posto ind�gena no dia 15 de maio. O chefe do Sim�es Lopes, Valdomiro, cedeu a escola para descansarem. Havia oito ind�genas do Xingu: cinco homens, duas mulheres e uma crian�a, todos da etnia batovi. Para fazer fotos do grupo, Jack ofereceu doce de goiabada. E trocou um colar com conchas de caracol de uma das ind�genas por oito caixas de f�sforo. De dia, ele tirava fotos; � noite, revelava nas �guas do Paranatinga.
No dia 19 de maio, Jack Fawcett completou 22 anos. Para comemorar a data, seu pai improvisou uma festa. Tocaram instrumentos musicais, como flauta, banjo e viol�o, e beberam vinho de caju. L� pelas tantas, Fawcett foi apresentado a Yamar�, chefe da etnia mehinako. Valdomiro, o chefe do posto, serviu de int�rprete.
"Por que o senhor n�o me acompanha?", perguntou Fawcett. "Estou muito velho", respondeu o l�der ind�gena.
Dali a pouco, Yamar� cochichou algo no ouvido de Valdomiro. Est� desaconselhando o senhor a seguir viagem, explicou o chefe do posto. Os �ndios morcegos n�o toleram invasores.
S�o canibais. "Posso me defender", disse o homem branco. "� muito perigoso", insistiu o l�der ind�gena.
No dia seguinte, Fawcett comprou comida e dispensou os pe�es. Queria estar sozinho quando encontrasse a Cidade Z. No dia 21 de maio, se despediu do Posto Bakairi. Pr�ximo destino: o Campo do Cavalo Morto.
Quando chegou l�, oito dias depois, escreveu a �ltima carta para Nina. "Voc� n�o precisa temer nenhum fracasso", foram suas �ltimas palavras, em 29 de maio de 1925. Ind�genas levaram a correspond�ncia at� o Posto Bakairi e militares do Marechal Rondon, at� Cuiab�.
Desde ent�o, n�o se ouviu mais falar de Percy, Jack ou Rimell. Especula-se que tenham visitado outras aldeias, como a dos povos kalapalo, nafuku� e sui�. Mas n�o se sabe ao certo.
Semanas depois, agentes do Servi�o de Prote��o aos �ndios (SPI) foram atr�s de not�cias, mas n�o encontraram pistas.
Antes de embarcar, Fawcett pediu a Nina que, caso desaparecesse na selva, n�o enviasse miss�es de salvamento. Para piorar, tinha o h�bito de deixar pistas falsas sobre sua localiza��o para ningu�m seguir seus passos.
"O desaparecimento de Fawcett e seus companheiros permanece um mist�rio. A hip�tese mais prov�vel � a morte por inani��o, em decorr�ncia de doen�as ou de ataques de �ndios ou de animais. Mas, sem evid�ncias, n�o h� como ter certeza", diz a historiadora Deborah Lavorato Leme, mestranda em Hist�ria Social da Universidade de S�o Paulo (USP) e autora do artigo Registros da �ltima Expedi��o do Coronel P. H. Fawcett no Brasil (2021).
"Alguns grupos, como a Sociedade Brasileira de Eubiose, seguem acreditando na possibilidade de Fawcett e seu filho, Jack, terem encontrado a cidade perdida de Z, onde ambos teriam liderado uma comunidade esot�rica".

Harrison Ford volta a interpretar o arque�logo com esp�rito de aventura em 'Indiana Jones e a Rel�quia do Destino'
Divulga��oO mist�rio da ossada do Xingu
Quase 100 anos depois, ningu�m sabe dizer ao certo o que aconteceu � expedi��o: foram mortos por �ndios ou encontraram a cidade perdida? Nina Fawcett morreu no dia 6 de setembro de 1954, aos 83 anos, sem aceitar a morte do marido. At� o fim de seus dias, continuou esperando por ele, em sua casa na Su��a.
Brian Fawcett, o filho mais novo, nunca desistiu de procurar pelo pai e o irm�o. Em janeiro de 1952, 27 anos depois do sumi�o deles, aceitou o convite do empres�rio Assis Chateaubriand, dono dos Di�rios Associados, para integrar uma expedi��o at� o Mato Grosso. Se fossem encontrados vivos, Percy Fawcett estaria com 85 anos e Jack, com 49.
Viajaram, al�m dele, o sertanista Orlando Villas B�as (1914-2002) e o jornalista Ant�nio Callado (1917-1997), ent�o rep�rter do jornal Correio da Manh�, que escreveu o livro Esqueleto na Lagoa Verde (Companhia das Letras, 2010), sobre o misterioso desaparecimento do coronel ingl�s.
A expedi��o ganhou vida depois que Villas B�as ouviu, em abril de 1951, um ind�gena da etnia kalapalo dizer que teria matado os "cara�bas" ("homens brancos") a golpes de borduna, jogado os corpos de dois deles na Lagoa Verde e enterrado o terceiro numa cova rasa � beira do rio Culuene, no Xingu.
N�o demorou para os peritos do Instituto Real de Antropologia de Londres e do Museu Nacional do Rio de Janeiro descobrirem que os restos mortais encontrados n�o eram de Fawcett ou de qualquer membro da expedi��o. Enquanto o explorador ingl�s media 1,82 metro de altura, aquela ossada era de um homem de 1,68 metro.
N�o foi a primeira expedi��o realizada para encontrar vest�gios de Percy Harrison Fawcett. Apenas tr�s anos depois do misterioso sumi�o do militar ingl�s, o explorador americano George Miller Dyott (1883-1972) embrenhou-se no mato atr�s de pistas. Levava consigo 26 homens e tr�s toneladas de mantimentos.
Entre outras descobertas, conheceu Aloique, do povo nafuku�, que trazia no pesco�o uma plaquinha de cobre com a inscri��o da firma londrina que fornecera o material de viagem para o coronel. E mais: dentro de uma das malocas da aldeia, maletas id�nticas �s usadas pelos oficiais brit�nicos.
At� o jornalista Peter Fleming (1907-1971) se aventurou pelo Brasil � procura de Fawcett. Ele � o irm�o mais velho de Ian Fleming (1908-1964), o criador de James Bond, o mais famoso agente secreto da literatura universal.
A expedi��o de Fleming, financiada pelo jornal The Times, durou sete meses, de abril a novembro de 1932. Da experi�ncia, nasceu o livro Brazilian Adventure (1933).
Em novembro de 1943, o mesmo Assis Chateaubriand patrocinou a ida do rep�rter Edmar Morel (1912-1988) ao Xingu para apurar a hist�ria contada por uma mission�ria americana chamada Marta Moennich.
Em 1937, ela escreveu uma carta para a vi�va de Fawcett relatando a exist�ncia de um �ndio loiro e de olhos azuis na aldeia dos kuikuros. Os membros do grupo acreditavam que o tal �ndio era filho do estrangeiro com uma ind�gena.
Em pouco tempo, Morel descobriu que Dulip�, que ganhou o apelido de "Deus branco do Xingu", n�o era filho de Percy Fawcett. Era apenas albino.
A pedido dos Di�rios Associados, Dulip� teria sido levado para Cuiab�. N�o se adaptou � cidade grande e come�ou a beber. Na madrugada de 20 de abril de 1959, se envolveu numa briga e terminou morto a facadas.
"Muitos n�o se conformam com as hip�teses mais coerentes sobre o desaparecimento de Fawcett (morreu ou foi morto na selva) e d�o origem a mil teorias ins�litas", observa Andr� Diniz Fernandes, autor da graphic novel Fawcett (Devir, 2010), em parceria com o ilustrador Flavio Colin (1930-2002).
"Numa delas, estaria vivo at� hoje em um mundo secreto no qual Jack seria o pai de uma nova ra�a humana. Noutra, teria descoberto um mundo subterr�neo e viveu por l� muitas d�cadas depois de seu desaparecimento".

Brian com Comatzi, o chefe dos Kalapalos
DivulgA expedi��o que n�o tem fim
O livro Esqueleto na Lagoa Verde, de Ant�nio Callado, n�o foi o �nico escrito sobre a vida de Percy Fawcett. H� pelo menos mais dois: Z — A Cidade Perdida (Companhia das Letras, 2009), do jornalista americano David Grann, que deu origem a um filme hom�nimo, dirigido por James Gray; e Citt� Invisibili (in�dito no Brasil), da jornalista italiana Margherita Detomas, escrito em parceria com Timothy Paterson, bisneto de Nina.
A princ�pio, Brad Pitt, que comprou os direitos de filmagem do livro americano, interpretaria o protagonista. Mas, depois, se contentou com a fun��o de produtor-executivo e confiou o papel ao ator brit�nico Charlie Hunnam. J� Jack Fawcett � interpretado por Tom Holland, que veste a m�scara do Homem-Aranha na atual franquia da Marvel. O diretor Fernando Meirelles teria sido convidado por Pitt para dirigir o longa, mas declinou do convite.
O mais recente livro sobre o tema � A Expedi��o Fawcett – Jornada para a Cidade Perdida de Z (Record, 2023). Organizado por Brian Fawcett, re�ne cartas, di�rios e manuscritos do explorador ingl�s. O livro foi lan�ado em 1953, mas s� agora, 70 anos depois, chega �s livrarias brasileiras. Brian Fawcett morreu em 1984, aos 78 anos.
Ao longo das d�cadas, Percy Fawcett inspirou uma infinidade de personagens: do velho explorador Ridgewell, da obra Tintim e o �dolo Roubado (1935), do quadrinista belga Herg�, ao arque�logo com esp�rito aventureiro Indiana Jones, da franquia dirigida pelo cineasta americano Steven Spielberg.
"O Indiana Jones foi inspirado no protagonista de um filme de 1954 chamado O Segredo dos Incas", diz S�vio Queiroz Lima, doutorando em Hist�ria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e autor do artigo Arqueologia, Antropologia e Hist�ria em Indiana Jones (2021).
"Tanto o Indiana Jones quanto o Harry Steele, interpretado por Charlton Heston, compartilham elementos est�ticos e perform�ticos do Fawcett e de outros arque�logos famosos como o escoc�s Mortimer Wheeler (1890-1976), o americano Junius Bolton Bird (1907-1982) e o ingl�s William Flinders Petrie (1853-1942)".
Para 2025, ano do centen�rio do misterioso desaparecimento, Hermes Leal planeja relan�ar O Enigma do Coronel Fawcett e estrear um document�rio e uma s�rie de fic��o. Sinal de que, t�o cedo, a expedi��o n�o chegar� ao fim.
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