Morte de Cazuza completa 33 anos no s�bado que vem. Can��es dele n�o ficaram datadas e inspiram novos talentos da MPB
Acervo
Na pr�xima sexta-feira (7/7), completam-se 33 anos da morte de Cazuza (1958-1990). Mas ele est� bem vivo nas vozes de Mahmundi, Carol Biazin e Bryan Behr no EP “Exagerados”, projeto que uniu Lucinha Ara�jo, m�e do cantor e compositor carioca, e a gravadora Universal Music.
O tributo re�ne quatro can��es: “Faz parte do meu show”, gravada por Mahmundi; “Codinome beija-flor”, por Carol Bazin; “Pro dia nascer feliz”, por Bryan Behr; e “Exagerados”, nas vozes dos tr�s cantores – o hit de Cazuza ganhou um “s”. Cada um deles escolheu sua m�sica preferida para interpretar.
Quatro v�deos chegar�o ao YouTube. O primeiro, “Exagerados”, com a participa��o dos tr�s int�rpretes, saiu ontem. A can��o com Carol Bazin ser� lan�ada na ter�a-feira (4/7); Mahmundi, na quinta-feira (6/7); e Bryan Behr, em 11 de julho.
Cazuza morreu aos 32 anos, em decorr�ncia da Aids. “A gravadora quis fazer a homenagem e escolheu tr�s artistas novos, contratados dela, que gravaram quatro sucessos com outros arranjos. Todas ficaram muito bonitas, n�o posso nem dizer de qual gostei mais”, comenta Lucinha. “Isso � sinal de que quem � bom n�o morre nunca. Quem deixou sua mensagem, como meu filho, pode morrer fisicamente, mas o esp�rito est� a�.”
Brian Behr, Carol Bazin e Mahmundi s�o os 'Exagerados' do s�culo 21
Carolina Vianna/divulga��o
Oito anos, 280 can��es
Lucinha lamenta a carreira de apenas oito anos do filho, mas observa que Cazuza deixou mais de 280 m�sicas. “Tenho mais de 20 can��es que ainda n�o foram gravadas. De modo geral, todas as m�sicas dele se tornaram sucessos, � isso que embala a minha vida hoje. Cazuza n�o foi s� aquele porra louca que muitos diziam, pois tinha uma vida interior muito rica. Tinha tanta coisa na cabe�a que, �s vezes, n�o cabia ali”, diz.
Ela n�o deixa se reconhecer que o filho fez “muitas bobagens”, comenta que foram “coisas da juventude” e revela: “N�o sei se queria um filho quietinho, casadinho. Prefiro o homem que foi feliz. Cazuza viveu a vida que quis viver.”
Cazuza era vision�rio, diz a m�e. “Ele estava alguns anos na frente, por�m pagou um pre�o muito alto por isso, pois n�o merecia o que aconteceu com ele. Mas, enfim, um dia ainda vou entender o que aconteceu. Ali�s, nem quero entender. Hoje, j� penso diferente. Ningu�m vem ao mundo para nada. Cazuza viveu pouco, deu o recado dele e pronto. Prefiro pensar assim.”
Lucinha aponta a mudan�a ocorrida na obra do filho ap�s o diagn�stico de Aids. “Antes de saber que era HIV, ele cantava seus amores desatinados e suas loucuras. Depois que descobriu a doen�a, parou de olhar para o umbigo e passou a cantar seu pa�s. Cantava ‘o nosso amor a gente inventa pra se distrair’, passou a cantar ‘Brasil, mostra a tua cara’ e “ideologia, eu quero uma para viver’.”
At� o fim de 2023, ela promete atualizar o livro com letras do filho que re�ne h� 20 anos. “Quero lan�ar um livro, tipo livro de arte, com capa dura, para as pessoas terem em cima de suas mesas na sala”, diz.
'Tenho mais de 20 can��es que ainda n�o foram gravadas. De modo geral, todas as m�sicas dele se tornaram sucessos, � isso que embala a minha vida hoje'
Lucinha Ara�jo, m�e de Cazuza
Letra para vov� Maria Jos�
Entre as can��es que a emocionam, cita “Poema”, que Ney Matogrosso gravou. Cazuza fez a letra para a av�, Maria Jos�, quando tinha 17 anos.
“Esta letra s� apareceu 23 anos depois que ele morreu. Estava guardada com minha sogra, que nunca havia me mostrado. Quando morreu, as filhas encontraram nas coisas dela e me deram. O Ney a eternizou na voz dele e o Frejat na melodia. Foi uma coisa muito linda o encontro dos tr�s”, diz Lucinha.
A m�e de Cazuza lembra que o filho n�o conheceu computador nem celular, compunha seus versos na m�quina de escrever el�trica. “Ele era o profeta das coisas boas e tamb�m das ruins”, acredita.
“At� hoje, alguns pol�ticos usam frases dele. Lembro-me de que Gabeira, quando deixou o Partido dos Trabalhadores, afirmou: ‘Estou saindo porque vejo um museu de grandes novidades, como dizia meu amigo Cazuza’.”
De acordo com o cantor e compositor Bryan Behr, o projeto � especial por lhe permitir colocar “um pouquinho” de sua m�sica na obra de Cazuza. Elogiando as companheiras Mahmundi e Carol Biazin, ele comenta que “Exagerados” � uma forma de manter vivo o legado do artista.
Selecionar a can��o que gravaria, “Pro dia nascer feliz”, foi a parte mais dif�cil, mas Behr diz que a escolha foi certeira. “� uma daquelas m�sicas que a gente cresce ouvindo. V�o passando os anos e a gente n�o consegue tir�-la da cabe�a, por conta do poder dela e por tudo o que Cazuza representa”, explica.
*Para comentar, fa�a seu login ou assine