Rapper Teto vai misturar trap e ritmos baianos em seu �lbum de estreia
Aos 21 anos, MC est� entre os destaques do hip-hop do Nordeste, trazendo ax�, afrobeat e percuss�o para sua batida. Singles dele bateram 100 milh�es de views
Teto diz que trabalha para dar oportunidades a rappers do Nordeste, como ele: 'Eu sei o quanto � dif�cil para n�s'
Pedrita Junckles/divulga��o
Um dos principais ber�os musicais do Brasil, a Bahia gerou artistas importantes do ax�, pagode, rock, MPB e reggae. No hip-hop, o estado demorou a ganhar visibilidade, mas conseguiu se estabelecer como um dos grandes polos ap�s a descentraliza��o do g�nero, muito ligado a S�o Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal at� o meio da d�cada passada.
Entre os nomes mais populares do g�nero nas plataformas de streaming est� o rapper Teto, natural de Jacobina, no interior da Bahia. O artista, de 21 anos, promete para o segundo semestre seu �lbum de estreia, que mescla trap, subg�nero do rap, com estilos baianos.
O primeiro disco de Teto vai sair pela gravadora cearense 30PRAUM, respons�vel pela gest�o das carreiras dos cantores Matu� e WIU. As can��es mais populares do jovem MC baiano s�o “M4”, “Fim de semana no Rio” e “Vampiro”, todas com mais de 100 milh�es de reprodu��es no YouTube e no Spotify.
“Ax�, m�sica baiana e afrobeat est�o em minhas ra�zes. Esses estilos sempre foram uma inspira��o. Seja com o suingue, a guitarra que a gente consegue mesclar, a forma de criar m�trica, voz e letra ou com a escolha do beat. Sempre escolho batidas com o m�ximo poss�vel de instrumentos percussivos. Isso sempre fez parte de mim. No meu �lbum, quero traduzir essa musicalidade”, explica Teto.
'O p�blico, a cena e os artistas nordestinos s�o muito unidos (...) Abrimos as portas porque � nossa terra, povo do nosso povo, sangue do nosso sangue. Vibra junto, sente junto e entende o que a gente passa, porque todo mundo do Nordeste passa por perrengues para ser aceito'
Teto, rapper
Estreia solo
Lan�ado em 30 de mar�o, o single “Minha vida � um filme” foi o primeiro trabalho solo de Teto desde “Fim de semana no Rio”, lan�ada um ano antes. O rapper vinha de uma longa sequ�ncia de colabora��es com Matu� e Wiu, al�m de artistas de outras gravadoras.
Apesar de ter sido produzida com base no afrobeat e contar com clipe gravado em paisagens exuberantes da Bahia, Teto garante que a can��o mostra nova proposta de sua carreira, mas n�o estar� entre as 13 faixas do �lbum de estreia.
“Tive um choque de realidade ao fazer esse som, foi como se estivesse come�ando tudo do zero de novo. Senti as mesmas incertezas e inseguran�as de quando lancei 'M4'. Foi lindo ver a resposta positiva do meu p�blico e o carinho que a galera desenvolveu pela faixa. As pessoas v�m me falar que mudei a vida delas com esse som, que elas se sentiram como eu gostaria que elas sentissem. Isso n�o tem nada que pague”, diz.
O rapper acredita que o afrobeat tem imenso potencial no Brasil. E aponta os nigerianos Burna Boy e Ajebo Hustlers como as maiores inspira��es de sua nova fase.
Criado em Jacobina, cidade de menos de 100 mil habitantes, Teto � o verdadeiro jovem interiorano. Ap�s morar cerca de dois anos em S�o Paulo devido � carreira, o rapper diz que logo se mudar� de volta para a Bahia.
Para o novo �lbum, promete a melhor colabora��o que j� fez com Matu� e Wiu. Revela que planejou apenas mais duas participa��es, sendo uma carioca e outra baiana, pois acredita que o disco deve ter foco em m�sicas solo que definam sua identidade.
“Estou sofrendo, porque quero contar uma hist�ria real no meu �lbum, n�o quero inventar uma hist�ria. Todos os dias estou quebrando a cabe�a para entender como traduzir o que quero que meus f�s entendam. Essa � minha maior miss�o agora, n�o � nem fazer m�sica. M�sicas a gente faz em um estalo, fico 20 minutos no est�dio e j� saio com um som. Agora, conseguir amarrar isso na cabe�a do p�blico e fazer com que ele entenda as perguntas, os porqu�s e as respostas, essa � a grande dificuldade”, afirma.
Teto, Matu� e Wiu: parceria que chamou a aten��o na cena do rap nacional
Matheus Aguiar/reprodu��o
Fidelidade ao trap, com tempero afrobeat
O afrobeat ser� um dos temas, mas n�o o foco da produ��o. O artista pontua que n�o pode deixar de lado o trap. “N�o estou com pressa (para terminar o �lbum). Estou todos os dias anotando, apagando e escrevendo (letras). Quando acho que estou no caminho certo, falo: ‘Isso n�o est� fazendo sentido nenhum’ e volto para o come�o. S�o acertos e erros. Este �lbum � meu primeiro filho, e n�o quero que seja um filho rebelde, quero que ele cres�a saud�vel”, comenta, aos risos.
Teto faz quest�o de destacar a uni�o dos rappers do Nordeste. “O p�blico, a cena e os artistas nordestinos s�o muito unidos. Sempre que fa�o show em Salvador ou Fortaleza, o camarim fica lotado, enche mesmo. E abrimos as portas porque � nossa terra, povo do nosso povo, sangue do nosso sangue. Vibra junto, sente junto e entende o que a gente passa, porque todo mundo do Nordeste passa por perrengues para ser aceito”, comenta. “Nosso povo � amado, carente e precisa de cultura, que estamos a� para levar”.
Ao comentar o rap da Bahia, ele cita Baco Exu do Blues, de Salvador, Jovem Dex, de Feira de Santana, e o coletivo soteropolitano ICEDMOB, com Aimar, Dael, Cold e Izzat.
“Vejo in�meros pivetes de Salvador no ‘corre’ e com muito potencial para estourar. O que falta para esses moleques � um pouquinho de oportunidade e vis�o. � para isso que estou fazendo meu corre. Estou trabalhando para que um dia eu possa, de algum jeito, dar oportunidades para a rapaziada da minha �rea, porque eu sei o quanto � dif�cil para n�s. � muito escassa a oportunidade de ter uma gravadora ao nosso alcance, de botar nosso trabalho na pista da forma honesta como a gente sonha e recebendo o que merecemos”, conclui Teto.
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