Estrelas como Lily Tomlin e Jane Fonda est�o prontas para se juntar aos roteiristas na paralisa��o
Roteiristas de Hollywood est�o em greve h� dois meses — e, em breve, atores podem se juntar a eles, trocando os tapetes vermelhos pelos piquetes.
O contrato estabelecido pelo sindicato que representa os artistas — Screen Actors Guild-American Federation of Television and Radio Artists (SAG-AFTRA, na sigla em ingl�s) — expirou � meia-noite desta quarta-feira (12/7), ap�s uma prorroga��o do prazo, que atrasou a possibilidade de uma grande greve em quase duas semanas.
Tanto a SAG-AFTRA quanto a AMPTP disseram que n�o far�o coment�rios enquanto as negocia��es de contrato estiverem em andamento.
Essa seria a primeira vez que sindicatos de roteiristas e atores entrariam em greve ao mesmo tempo desde 1960. � �poca, Ronald Reagan — que se tornaria presidente dos Estados Unidos em 1981 — era o l�der do sindicato dos atores.
Um terceiro sindicato, o Directors Guild of America, que re�ne os diretores, j� negociou um novo contrato e n�o vai aderir � greve.
Dezenas de produ��es j� foram interrompidas desde que os roteiristas entraram em greve, incluindo Stranger Things, Billions e Blade.
Se a greve de atores virar realidade, � poss�vel que ocorram mais atrasos — e algumas atra��es podem at� ser canceladas.
Para o p�blico, isso provavelmente significa que a pr�xima temporada de sua s�rie favorita ser� adiada.
Embora algumas produ��es internacionais continuem, elas ficar�o limitadas, porque o SAG-AFTRA representa mais de 160 mil artistas em todo o mundo — como a atriz e dramaturga brit�nica Phoebe Waller-Bridge, que falou sobre a greve na estreia do �ltimo filme de Indiana Jones em Londres.
"Realmente espero que possamos resolver essa quest�o. Roteiristas s�o as pessoas mais importantes nesta ind�stria", afirmou ela.
Os representantes dos atores dizem que os servi�os de streaming n�o compartilharam os lucros obtidos, mesmo com a explos�o de conte�do de entretenimento oferecido pelas plataformas.
A busca intermin�vel por novos assinantes � um modelo de neg�cios insustent�vel, argumentam eles, e os executivos dos est�dios est�o recebendo sal�rios enormes, enquanto muitos atores e roteiristas n�o conseguem ganhar a vida de forma decente.
Atores e roteiristas costumavam ganhar dinheiro com reprises na TV aberta. Eles recebiam um valor a mais toda vez que um filme ou programa em que trabalhavam era retransmitido. Isso permitia que esses profissionais sobrevivessem nos hiatos entre um projeto e outro.
Mas os servi�os de streaming derrubaram essa din�mica de Hollywood. Agora, atores e roteiristas ganham pouco ou nada quando algu�m assiste o trabalho deles em um servi�o de streaming — que tradicionalmente j� paga menos do que as redes de televis�o.
As negocia��es s�o conduzidas em segredo, ent�o ainda n�o est� claro quais s�o os pontos de disc�rdia (ou se um acordo entre as partes � iminente). Os membros dos sindicatos votaram a favor de uma greve de forma esmagadora se um acordo n�o for alcan�ado.
“Se eles pudessem nos substituir, j� teriam feito isso h� muitos anos”, apontou o escritor e ator Adam Conover durante um piquete na frente da sede da Netflix.
"Eles v�o nos substituir por reality shows? Ou por estrelas do YouTube? Bem, eles podem tentar", disse ele, acrescentando que as pessoas ao redor do mundo ligam a TV para assistir a programas como Stranger Things e eventos esportivos.
Em um movimento surpresa, muitas das estrelas mais disputadas de Hollywood assinaram uma carta ao sindicato apoiando uma greve caso n�o seja poss�vel obter um novo contrato "transformador" com os est�dios.
A carta — amplamente divulgada em Los Angeles — foi assinada por nomes como Meryl Streep, Mark Ruffalo, Jennifer Lawrence e Quinta Brunson. At� o momento, o documento reuniu mais de mil assinaturas, de acordo com a Deadline, uma publica��o do setor.
Roteiristas e atores podem convergir para uma greve n�o apenas por melhores sal�rios, mas tamb�m por restri��es ao uso de intelig�ncia artificial (IA) nas produ��es — o que eles classificam como uma amea�a "existencial".
Os atores dizem que a IA criaria um cen�rio apocal�ptico, onde falsifica��es e celebridades que j� morreram podem virar as estrelas de amanh� por meio de rostos e vozes gerados pelos computadores.
Para muitos no ramo, esse � um pensamento sombrio: um filme gerado sem equipes de filmagem, atores ou roteiristas envolvidos.
A influente musicista e artista Kim Gordon, fundadora do Sonic Youth e membro do Screen Actors Guild, disse que nunca consideraria permitir uma vers�o de IA de si mesma.
"� importante se preocupar com isso", afirmou Gordon durante um piquete na entrada da sede da Netflix. "Mas sinto que a IA nunca substituir� a criatividade."
*Para comentar, fa�a seu login ou assine