Jane Birkin e a filha, a diretora e atriz Charlotte Gainsbourg, no festival de Cannes, em julho de 2021
Nome central para a cultura dos anos 1960, cuja obra transcendeu as d�cadas em discos, filmes e pe�as de roupa, Jane Birkin, a inglesa mais francesa de todos os tempos, a beldade atemporal da can��o, morreu ontem, aos 76 anos, em seu apartamento em Paris, na Fran�a. A causa da morte n�o foi divulgada at� o fechamento desta edi��o.
Sua vida mudaria ao conhecer o cantor e compositor Serge Gainsbourg, um dos pensadores da can��o francesa. Foi em 1969: os dois atuaram juntos em “Slogan”, filme de amor dirigido por Pierre Grimblat. Logo, a hist�ria de amor, que duraria 13 anos, se tornou conhecida no mundo inteiro.
O casal gravou, naquele ano, o disco “Jane Birkin/Serge Gainsbourg”, que inclu�a a pol�mica faixa “Je t'aime moi non plus”. A can��o simulava uma rela��o sexual, com gemidos e sussurros. Para o deleite de Gainsbourg, provocador nato, o disco causou um esc�ndalo internacional, sendo censurado em v�rios pa�ses, inclusive no Brasil, que j� vivia o regime militar.
Serge Gainsbourg e Jane Birkin no Festival de Cannes, em 1976
S�o v�rias as fotos e os v�deos que mostram o cotidiano do casal. N�o por acaso, a intimidade de Birkin e Gainsbourg ainda � alvo do interesse das pessoas, nos tempos de Instagram. Do relacionamento, nasceu, em 1971, a atriz Charlotte Gainsbourg.
O cantor, relataria mais tarde a pr�pria Birkin, se tornou uma pessoa temperamental. Consumido pelo �lcool e pelo cigarro, Gainsbourg n�o tratava bem a companheira. Misturando a vida pessoal com o personagem pol�mico e maltrapilho, ele n�o pouparia nem a filha de seus esc�ndalos.
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Em 1986, a participa��o de Charlotte, com 13 anos, no clipe de “Lemon incest” causou pol�mica, por supostamente incentivar rela��es incestuosas e mesmo a pedofilia.
Seis anos antes, Birkin j� havia se afastado de Gainsbourg. Apesar das pol�micas, m�e e filha louvaram at� o fim a vida do artista.
Swinging London
Jane Birkin nasceu em 14 de dezembro de 1946, em Londres. Filha da atriz Judy Campbell e do militar da Marinha brit�nica David Birkin, ela cresceu em Chelsea e na cena cultural da Swinging London. Foi casada com o compositor John Barry entre 1965 e 1968. Com ele, teve sua primeira filha, a fot�grafa Kate Barry, morta em 2013.
Al�m de Charlotte Gainsbourg, ela deixa a filha Lou Doillon, nascida em 1982, fruto da rela��o com o diretor de cinema Jacques Doillon.
Nas telonas, atuou ao lado de Serge Gainsbourg em diversos longas menos c�lebres, como “Nineteen girls and a sailor”, do cineasta b�snio Milutin Kosovac. A partir do final dos anos 1970, participaria de produ��es maiores, como “Morte sobre o Nilo” (1978).
A grande cineasta francesa Agn�s Varda daria protagonismo � atriz em “Kung-Fu Master!”, no qual a personagem de Birkin se apaixona por um garoto de 14 anos, e “Jane B. por Agn�s V.”, retrato impressionista no qual a estrela rev� sua vida e sua carreira at� ali.
“Foram 20 segundos de nudez em 'Blow up', mas a Inglaterra nunca me perdoou. Me chamavam de Jane-Blow-Up-Birkin”, diz ela no filme.
Ela se lan�ou na dire��o em 2007 com o drama reflexivo “Caixas”, que tamb�m protagoniza, como uma senhora de meia-idade que tenta lidar com suas mem�rias.
Seu �ltimo trabalho nas telas foi o document�rio “Jane por Charlotte”, de 2021, dirigido pela filha. Neste mesmo ano, a atriz teve derrame ap�s sofrer problemas card�acos, mas se recuperou.
Estrela fashion
No auge de sua popularidade, Birkin se tornou nome importante da moda. Inspirada bela, a grife Herm�s criou um modelo de bolsa com o seu nome, que ainda � disputada no mercado internacional.
Jane gravou 14 discos de est�dio, entre eles “Di doo dah” (1973), “Lost song” (1987) e “Fictions” (2006). Cantou “Le�ozinho”, de Caetano Veloso, ao lado do artista baiano, no disco “Rendez-vous”.
Apesar da longa trajet�ria, Birkin se voltava, invariavelmente, ao repert�rio de Gainsbourg. Assim nasceu “Birkin/Gainsbourg: Le symphonique”, disco de 2017 com os sucessos que marcaram a vida do casal em arranjos sinf�nicos.
Dona de voz pequena e maneira sensual de cantar, Birkin se inscreveu na constela��o de mulheres que, na can��o francesa, falaram baixo e fizeram arte. O procedimento se aplica a Fran�oise Hardy e Carla Bruni.
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