Thiago Arancam

Aos 8 anos, Thiago Arancam viu Pl�cido Domingo, Jos� Carreras e Luciano Pavarotti cantarem na TV e decidiu ser artista como eles

Bruno Fiovarante/divulga��o

Na v�spera da partida final da Copa do Mundo de 1990, na It�lia, entre Alemanha e Argentina, os cantores l�ricos Jos� Carreras, Pl�cido Domingo e Luciano Pavarotti (1935-2007) se apresentaram nas ru�nas das Termas de Caracala, em Roma, momento televisionado para o mundo. O show “Os tr�s tenores” tinha como objetivo aproximar a m�sica erudita dos mais diferentes p�blicos.

Deu certo. O projeto fez sucesso estrondoso nas d�cadas de 1990 e 2000, com apresenta��es em diferentes pa�ses – inclusive no Brasil, em julho de 2000, no Est�dio do Morumbi, em S�o Paulo.

De olho na TV

Voltando � estreia dos tenores no encerramento da Copa de 1990, h� um fato curioso: a quase 10 mil quil�metros de Roma, o pequeno Thiago Arancam, de 8 anos, acompanhava a cobertura da Copa pela televis�o, em S�o Paulo, quando viu a apresenta��o de Carreras, Domingo e Pavarotti.

O menino cantava em coral e ficou fascinado com a possibilidade de apresentar um repert�rio que transitasse de cl�ssicos oper�sticos a trilhas sonoras, algo at� ent�o in�dito.

Arancam se tornou f� do trio de astros. Mal poderia imaginar que futuramente seria apadrinhado artisticamente por Pl�cido Domingo, ao vencer, em 2008, a competi��o Operalia de Pl�cido Domingo.

Hoje com 41 anos e carreira consolidada na m�sica, Arancam considera ter certa d�vida com os tenores italianos. Formado em canto l�rico pelo Teatro Alla Scala, de Mil�o, ele j� se apresentou em diversos pa�ses, e foi dirigido por Pl�cido Domingo em “Carmen”, �pera de Georges Bizet.

Dessa rela��o de f� e afilhado nasceu o show “Tributo aos tr�s tenores”, que Arancam estreia em Belo Horizonte, no pr�ximo s�bado (29/7), no Grande Teatro Cemig Pal�cio das Artes.

Acompanhado por orquestra e banda, ele resgata cl�ssicos famosos nas vozes de Carreras, Domingo e Pavarotti, como “Non ti scordar di me”, de Ernesto De Curtis; “My way”, de Jacques Revaux, eternizada por Frank Sinatra; e “Singing in the rain”, de Arthur Freed e Nacio Herb Brown, gravada por Gene Kelly no musical que se tornou cl�ssico do cinema.
 
Plácido Domingo, José Carreras e Luciano Pavarotti

Pl�cido Domingo, Jos� Carreras e Luciano Pavarotti: trio que apostou com sucesso no repert�rio erudito e popular se apresenta no Jap�o, em 2022

Yoshikazu Tsuno/AFP/27/6/2022
 

“Tributo aos tenores” � um “crossover”, explica Arancam, referindo-se � jun��o de m�sicas cl�ssicas e populares. Embora cante sozinho, ele presta homenagem aos tr�s tenores sem deixar ningu�m de fora.

Transitando por repert�rio m�ltiplo entre erudito e popular, em determinados momentos a banda executa arranjo mais orquestral e, em outros, o chamado arranjo de banda, ou seja, para baixo, guitarra, bateria e teclado.

“O sole mio”, uma das can��es italianas mais conhecidas mundialmente, n�o ficar� fora do repert�rio. A m�sica, que por 104 anos n�o tinha autor reconhecido – em 2002, a Justi�a italiana reconheceu Alfredo Mazzuchi como seu compositor –, � um marco no projeto “Os tr�s tenores”.

Trata-se da �ltima can��o apresentada no concerto de encerramento da Copa de 1990, aplaudido de p� pelo p�blico, empolgado com repert�rio t�o ecl�tico, na �poca, para um concerto de cantores l�ricos.

� “O sole mio” que Arancam canta para o rep�rter durante a entrevista, trocando os versos “O sole mio sta 'nfronte a te” por “Belo Horizonte, estou chegando”.
 

'Quando voltei da Europa, em 2018, morei em BH por quatro meses. Tenho grandes amigos na cidade, e frequentemente volto para participar de a��es, ora no teatro, ora na igreja do padre Alexandre Fernandes'

Thiago Arancam, tenor

 

Carinho por BH

A anima��o para cantar na capital mineira n�o � sem fundamento. Al�m de se tratar da estreia da turn� – depois de Belo Horizonte, “Tributo aos tr�s tenores” chegar� a sete capitais, entre elas Curitiba, Salvador, S�o Paulo e Aracaju –, Arancam tem rela��o muito pr�xima com a cidade.

“Quando voltei da Europa, em 2018, morei em BH por quatro meses”, conta o tenor. “Tenho grandes amigos na cidade, e frequentemente volto para participar de a��es, ora no teatro, ora na igreja do padre Alexandre Fernandes, um grande amigo meu”, emenda, citando o p�roco da Par�quia Bom Jesus do Vale, em Nova Lima.
 

Em 2007, Arancam foi para a Europa estudar na Academia de Canto L�rico do Teatro Alla Scala, em Mil�o. Em seguida, participou da competi��o Operalia de Pl�cido Domingo. Ao vencer, foi apadrinhado por Domingo.

Com o padrinho, fez uma s�rie de apresenta��es na Am�rica do Norte e Europa. Al�m de “Carmen” (interpretava Don Jos�), foi dirigido por Pl�cido Domingo em “Madame Butterfly”, de Giacomo Puccini, “Cyrano de Bergerac”, de Franco Alfano, e “Cavalleria rusticana”, de Pietro Mascagni, entre outros espet�culos.

Tamb�m foi Pl�cido Domingo que preparou Arancam para a montagem norte-americana de “Adriana Lecouvreur”, �pera de Francesco Cilea.

Plácido Domingo

Pl�cido Domingo apadrinhou o tenor brasileiro e o orientou durante a prepara��o da montagem americana de "Adriana Lecouvreur"

Jorge Guerrero/AFP

“� fantasma da �pera”

Em 2018, Arancam voltou ao Brasil para protagonizar “O fantasma da �pera”, de Andrew Lloyd Webber. O musical ficou em cartaz no Teatro Renault, em S�o Paulo, de agosto de 2018 at� dezembro de 2019. Quando ele iniciaria a turn� nacional, chegou a pandemia.

“Foi sofrido”, relembra Arancam. “A gente j� tinha 35 cidades pr�-estabelecidas, tudo certinho. Mas acabou que foi tudo por �gua abaixo”, acrescenta.

Agora, com o fim das restri��es que a pandemia imp�s, Thiago Arancam retorna aos palcos n�o com projetos pr�prios, mas com o tributo ao trio que o influenciou.
 
 

Para conceber a cenografia do show, recorreu ao artista pl�stico e amigo Jotap�. Esse artista, que teve na �pera seu primeiro contato com a arte ainda na inf�ncia, desenvolveu o cen�rio da turn� a partir de elementos e proje��es que dialogam com o repert�rio por meio de cores e objetos c�nicos.

Mais que prestar homenagem ao trio de tenores, o brasileiro pretende trilhar o mesmo caminho. “O projeto ‘Os tr�s tenores' foi marco importante. Eles romperam barreiras do erudito, indo ao popular”, comenta Arancam.

“Se formos ver hoje, quem est� mais pr�ximo do que eles fizeram talvez seja (Andrea) Bocelli, que n�o deixa de ser ramifica��o da ideia prim�ria que foi o projeto ‘Os tr�s tenores’. No contexto mais atual, tem tamb�m o Il Volo, grupo italiano. Eu mesmo, nessa minha linha, deixei as grandes �peras para fazer algo mais voltado para o popular, para grandes plateias. Por�m, de fato, eles (Pl�cido, Pavarotti e Carreras) s�o os precursores do conceito, g�nero e estilo, al�m de serem refer�ncia para outros que vieram depois”, afirma.

Convite a Pl�cido

O show “Tributo aos tr�s tenores” n�o � a �nica homenagem de Arancam ao trio italiano. Ele conta que mant�m conversas com Pl�cido Domingo para traz�-lo ao Brasil.

“Estamos vendo a viabilidade de traz�-lo em breve. Quem sabe para apresentar repert�rio que relembre ‘Os tr�s tenores’. Estamos tentando encaixar agendas”, diz.

Perguntado se caso a vinda de Domingo ao Brasil se concretize, a estreia seria em Belo Horizonte, Thiago Arancam n�o garante, mas solta um sugestivo “por que n�o?”.
 

'Se formos ver hoje, quem est� mais pr�ximo do que eles fizeram talvez seja (Andrea) Bocelli, que n�o deixa de ser ramifica��o da ideia prim�ria que foi o projeto 'Os tr�s tenores'. No contexto mais atual, tem tamb�m o Il Volo, grupo italiano. Eu mesmo, nessa minha linha, deixei as grandes �peras para fazer algo mais voltado para o popular, para grandes plateias'

Thiago Arancam, tenor, sobre o famoso concerto de Pl�cido Domingo, Pavarotti e Jos� Carreras

 

THIAGO ARANCAM

Concerto “Tributo aos tr�s tenores”. No pr�ximo s�bado (29/7), �s 21h, no Grande Teatro Cemig Pal�cio das Artes (Av. Afonso Pena, 1.537, Centro). Ingressos: R$ 180 (inteira/plateia 1), R$ 120 (inteira/plateia 2) e R$ 80 (inteira/plateia superior), na bilheteria do teatro ou pelo site eventim.com.br. Meia-entrada na forma da lei. Informa��es: (31) 3236-7400.