Saiba quais s�o os trabalhos do roteirista e da diretora de "Os outros"

Nascido no Rio de Janeiro em 1978, Lucas Paraizo tem gradua��o em jornalismo pela PUC do Rio e em cinema pela Escuela Internacional de Cine y Televisi�n (EICTV), de Cuba. � autor do livro “Palavra de roteirista” (Editora Senac), que re�ne entrevistas com 21 profissionais da escrita para o audiovisual, entre eles Br�ulio Mantovani, Doc Comparato, Jean-Claude Bernardet e Jorge Furtado. 

“Sempre senti falta de material brasileiro escrito sobre a profiss�o do roteirista. Fiz um document�rio em 2008 sobre o mesmo assunto e decidi publicar o livro pela complexidade e a profundidade das conversas”, conta Paraizo, autor dos roteiros de longas-metragens premiados, como “Gabriel e a montanha”, “Aos teus olhos” e “Divino amor”. 

Na televis�o, ele trabalhou com os autores de “O ca�ador”, “A teia”, “O rebu” e “Justi�a”. Foi o roteirista respons�vel pelas cinco temporadas da s�rie “Sob press�o”, ambientada em um hospital p�blico. Destaca “a dimens�o r�tmica” como um dos elementos principais que levou para “Os outros”. 

“Aprendi a entender o cerne da cena e o tempo de cada uma. N�o costumo escrever cenas longas e o ‘Sob press�o’ me ensinou o poder de s�ntese”, conta. “Al�m disso, trago da s�rie m�dica a ambiguidade dos personagens n�o manique�stas que transitavam por aquele hospital e ampliaram meu olhar sobre as possibilidades da dramaturgia em muitas camadas. Ningu�m � uma coisa s�”, acredita. 

Tamb�m nascida no Rio de Janeiro e um ano mais nova do que Lucas, Luisa Lima trabalhou como diretora, sob dire��o art�stica de Jos� Luiz Villamarim, nas s�ries “O Rebu”, “Justi�a”, “Nada ser� como antes” e “Onde nascem os fortes”. A primeira dire��o art�stica veio com “Onde est� meu cora��o”, de George Moura e Sergio Goldenberg, produ��o que estreou no Globoplay e depois foi exibida na tev� aberta.

“Foi quando entendi que a dire��o de uma s�rie podia ser uma forma de me posicionar no mundo em que eu vivo, de colocar o meu olhar e assumir uma linguagem a fim de declarar um discurso. Assim, entender melhor o meu papel na televis�o, na arte e na vida”, acredita Luisa. “Para ‘Os outros’ busquei n�o perder o frescor e o atrevimento, porque vem a no��o dos aprendizados, de uma compreens�o mais madura dos desafios formais”, complementa a diretora.

 

Na constru��o da identidade dramat�rgica e visual de “Os outros”, o roteirista Lucas Paraizo e a diretora Luisa Lima buscaram pontos de afinidade mais no cinema do que nas s�ries.

 

“A gente trabalha com conceito e refer�ncias, mas sempre tentando chegar a um lugar forte, que n�o corra o risco de virar um showroom”, define Lucas. 

 

 

A seguir, algumas das refer�ncias cinematogr�ficas da dupla para o trabalho, al�m de “O deus da carnificina”, de Roman Polanski, inspira��o assumida para o primeiro conflito dos vizinhos do condom�nio.

Os cinco epis�dios da produ��o argentina serviram de inspira��o para a constru��o do que Lucas Paraizo e Luisa Lima chamam de “din�mica da espiral”, com fatos ordin�rios iniciando eventos extraordin�rios, inesperados e irrevers�veis.

A mistura de g�neros – drama, com�dia, suspense – e a sucess�o de eventos do filme sul-coreano tamb�m inspiraram a realiza��o de “Os outros”, ainda que Lucas Paraizo tenha escrito a primeira temporada antes da estreia nos cinemas brasileiros do vencedor do Oscar de 2020.  

A refer�ncia ao primeiro longa-metragem do cineasta pernambucano vem da forma de mostrar as rela��es tensas entre vizinhos de parede. E a escala��o de atores que trabalharam com Kleber, como Maeve Jinkings (uma das filhas de Sonia Braga em “Aquarius”) e Thom�s Aquino (o matador Pacote, de “Bacurau”), tamb�m ajudou a consolidar a liga��o.  

Os primeiros longas do diretor sueco, duas vezes ganhador da Palma de Ouro em Cannes, por “The Square: a arte da disc�rdia” e “Tri�ngulo da tristeza”, foram lembrados pelo olhar social e pelo uso de uma composi��o de Vivaldi em uma sequ�ncia-cl�max (na cena antes da avalanche em “For�a maior”, no desfecho do epis�dio sete de “Os outros”).

O longa-metragem russo sobre uma crian�a que sofre com o div�rcio dos pais foi uma das refer�ncias para as cenas da rea��o do adolescente Rog�rio (Paulo Mendes) durante as brigas do pai, Wando (Milhem Cortaz) com a m�e, Mila (Maeve Jinkings), no segundo epis�dio.

A produ��o brasileira de 2013, que tem Paulo Andr� (Grupo Galp�o) como protagonista, inspirou Luisa Lima na composi��o visual da sequ�ncia final do �ltimo epis�dio. A sugest�o veio do diretor de arte da s�rie, Marcos Pedroso, que trabalhou no longa filmado em Belo Horizonte.