Vi�vo de Z� Celso diz que n�o espera nada de Silvio Santos

S�O PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Neste domingo (6/8), a morte de Jos� Celso Martinez Corr�a, o Z� Celso, completa um m�s. Fundador do Teatro Oficina e um dos nomes mais importantes das artes c�nicas no pa�s, o ator, diretor e dramaturgo deixou a cargo do marido, o tamb�m ator Marcelo Drummond, a tarefa de preservar seu legado e dar Parte importante dela diz respeito � cria��o do Parque do Rio Bixiga, sonho antigo de Z� Celso, que queria um parque ao lado do teatro que fundou.

O terreno no centro de S�o Paulo, no entanto, pertence ao Grupo Silvio Santos, e o apresentador tem outros planos para o local, que j� chegou perto de virar shopping center.

Por anos, o dramaturgo conseguiu impedir a constru��o, reivindicando o espa�o de 11 mil metros quadrados, equivalente a um campo e meio de futebol, para a constru��o de uma �rea verde para a cidade. Agora, diz Marcelo Drummond, a briga pelo parque continua.

"Eu venho recebendo muitas promessas, de gente com vontade de fazer o parque acontecer, n�o s� como homenagem ao Z�, mas porque � uma �rea que precisa de um parque", diz o ator do Oficina. "Mas n�o espero que o Silvio Santos mude de opini�o. O neg�cio com ele e a fam�lia � 'pagou, levou'. Eles n�o est�o contra a gente, eles querem grana. Topa tudo por dinheiro � um quadro dele mesmo", diz, citando a atra��o exibida pelo SBT nos anos 1990.

Neste fim de semana, Drummond disse ao UOL que Silvio Santos � "um escroto que conseguiu uma televis�o, uma concess�o de televis�o durante a ditadura militar". � Folha, ele refor�a o que pensa sobre o apresentador: "O puxa-saquismo na ditadura � verdade, todos n�s sabemos disso".

"Se ele sentiu ou n�o sentiu a morte do Z�, eu n�o sei. Talvez ele at� entenda a dor que eu sinto, mas nem por isso vai mudar de opini�o ou dar o terreno. N�o espero nada dele nem do prefeito ou do governador. Quando era o PSDB, era outra coisa. Eles podiam n�o concordar com o Z�, mas davam import�ncia � discuss�o. Agora tudo est� muito obscuro", afirma ainda, em refer�ncia ao prefeito Ricardo Nunes (MDB) e ao governador Tarc�sio de Freitas (Republicanos).

De acordo com Drummond, v�rias personalidades o abordaram e se dispuseram a ajudar na batalha pelo parque, mas houve pouco avan�o desde a morte de Z� Celso.

O ator, que casou com o dramaturgo no m�s passado, falou com a reportagem ap�s entrar no apartamento onde os dois moravam pela primeira vez desde o inc�ndio que matou Z� Celso. Ele diz que o im�vel est� sujo e que muitos pertences foram prejudicados pelas chamas, mas que j� come�ou a reorganiz�-lo.

Na pr�xima semana, ele pretende levar uma equipe de limpeza especializada para analisar manuscritos e outros materiais de Z� Celso, para que depois sejam encaminhados � casa de produ��o do Oficina.

"� um momento muito dif�cil, de ter que viver o luto. E do jeito que foi, n�? Tem momentos que estou mais forte, mas por ter entrado no apartamento agora, estou num momento fr�gil", diz com a voz embargada.

Al�m do apartamento e do parque, Drummond tamb�m se preocupa com o futuro do Oficina, que segue com a programa��o previamente montada. "Queda do C�u", espet�culo que Z� Celso planejava lan�ar ainda este ano, tamb�m deve sair do papel. Reuni�es est�o sendo feitas para dar continuidade aos planos.

Neste domingo, Jo�o Carlos Martins e a escola de samba Vai-Vai far�o uma homenagem em frente ao Oficina, na rua Jaceguai, a partir das 12h.