05/09/2017. Crédito: Lanna Silveira/Esp. CB/D.A Press. Especial Enem. Dad Squarisi, jornalista do Correio Braziliense.

05/09/2017. Cr�dito: Lanna Silveira/Esp. CB/D.A Press. Especial Enem. Dad Squarisi, jornalista do Correio Braziliense.

(Lanna Silveira/Esp. CB/D.A Press)
Morreu, nesta quinta-feira (10/8), em Bras�lia, a escritora, professora de portugu�s e jornalista Dad Squarisi, aos 77 anos. Ela n�o resistiu �s complica��es de um c�ncer. Refer�ncia na l�ngua portuguesa e no jornalismo, Dad adotou o Brasil e Bras�lia como lar, e ensinou gera��es a escreverem e a se comunicarem melhor, com a generosidade e a destreza caracter�sticas dos maiores mestres.

 

Dad Abi Chahine Squarisi nasceu em Beirute, capital do L�bano, em 1946. A fam�lia se mudou para o Brasil depois de o pai sair derrotado da luta pela independ�ncia libanesa. Antes disso, Dad morou em pa�ses como Fran�a, Espanha e Argentina, o que lhe permitiu aprender diversas l�nguas. Al�m do portugu�s e do �rabe, ela dominava o franc�s, o ingl�s e o espanhol.

 

O primeiro estado em que viveu no pa�s foi o Rio Grande do Sul. Como tinha problema de asma grave, o m�dico recomendou a mudan�a para um local seco, e os pais da jornalista escolheram Bras�lia. Na capital, ela cursou letras na Universidade de Bras�lia (UnB) e atuou como professora no Instituto Rio Branco por mais de uma d�cada antes de passar no concurso para consultora legislativa do Senado Federal.

 

H� 30 anos, foi convidada pelo ent�o diretor de Reda��o do Correio Braziliense, Ricardo Noblat, para revisar a primeira p�gina do jornal. “Noblat, diretor de Reda��o da �poca, falava que se o leitor visse um erro na capa do jornal, desistiria de compr�-lo”, lembrou Dad em entrevista ao Podcast do Correio especial de 63 anos de Bras�lia. Poucos anos depois, tornou-se editora de Opini�o do jornal.

 

Sua qualifica��o era tamanha que a ent�o revisora tinha carta branca para mudar as chamadas de forma a garantir o entendimento. “Se o leitor n�o entende o que noticiamos, n�o � porque lhe falta conhecimento. O erro � nosso. Precisamos saber como escrever para que todos entendam”, disse, refor�ando um ensinamento que semeou durante toda a vida.

 

Foi ainda comentarista da TV Bras�lia e concluiu especializa��o em lingu�stica e mestrado em teoria da literatura. Machado de Assis, Graciliano Ramos e Guimar�es Rosa estavam entre seus autores favoritos.

 

Dad escreveu para adultos e para crian�as; para t�cnicos e para leigos; brasileiros e estrangeiros; jornalistas, professores, concurseiros… A rela��o de p�blicos e de livros publicados � imensa, ultrapassa as dezenas. Em sua sala, por e-mail, mensagem, carta ou liga��o, deixava as portas abertas para esclarecer d�vidas sobre o idioma que aprendeu a amar.

 

Ela � autora dos dois manuais de Reda��o do Correio. O primeiro Manual de Reda��o e Estilo, de 2005, virou item de colecionador.

Ainda � poss�vel ver exemplares circulando pelas m�os de jornalistas e de revisores, como refer�ncia para o exerc�cio di�rio da profiss�o.

 

Conectada �s mudan�as impostas pela tecnologia, Dad lan�ou, seis anos mais tarde, em 2011, o Manual de Reda��o e Estilo para M�dias Convergentes, incluindo orienta��es de escrita para plataformas digitais.

 

A navega��o entre plataformas, inclusive, era uma de suas especialidades. Nas p�ginas impressas do Correio, publicou, at� junho passado, a coluna Dicas de portugu�s. Uma vers�o para os pequenos — as diquinhas — circulou durante anos no suplemento semanal voltado ao p�blico infantil, o Super!. Na internet, o Blog da Dad � um dos mais completos reposit�rios de dicas de l�ngua portuguesa.

 

Experimente digitar a sua d�vida nos mecanismos de busca ao lado do nome Dad Squarisi. A resposta clara e did�tica certamente aparecer�.

Entrevista a J� Soares

O mais recente manual de Reda��o foi o motivo do emblem�tico encontro com J� Soares, no Programa do J� . A participa��o de Dad no talk-show, transmitido pela Globo, ocorreu em maio de 2012. “A internet j� tem um estilo especial. Funciona como aquelas bonecas russas, dentro delas v�o todas as m�dias, e � poss�vel encontrar jornal, revista, r�dio, tev�, blogs, sites, entre outros. Ent�o, h� uma converg�ncia de m�dia para a plataforma”, disse a escritora.

 

Pioneira, a jornalista tamb�m reunia hist�rias marcantes com a cidade, como a �poca em lotes em regi�es como Lago Sul e Lago Norte eram sorteados pelos jornais. “Quando eu cheguei a Bras�lia, s� havia a Asa Sul e a W3 Sul. � �poca, os lotes do Lago Sul eram sorteados pelos jornais e ningu�m ia tomar posse”, lembrou.

 

At� mesmo a equipe campe� da Sele��o Brasileira de 1958 recusou o regalo. “A Sele��o Brasileira de 1958, campe� na Su�cia, visitou Bras�lia nesse per�odo e cada jogador recebeu um lote de presente, e nenhum tomou posse. Cinquenta anos depois, eles voltaram a Bras�lia e perguntaram quanto custava um lote no Lago Sul. R$ 6 milh�es, R$ 7 milh�es. Zagallo disse: ‘Eu quero o meu, eu quero o meu'. Mas j� era tarde”, contou Dad ao Podcast do Correio, aos risos.

Luta contra o c�ncer

Ao lado do m�dico hematologista e hemo-oncologista do Hospital Israelita Albert Einstein, Nelson Hamerschlak, Dad lan�ou, no ano passado, o segundo volume do livro Desafios, que re�ne depoimentos de 35 pacientes que fizeram transplante de medula �ssea em decorr�ncia de leucemia. A escritora, que se submeteu duas vezes ao transplante de medula e seguia o tratamento contra o c�ncer, coordenou e editou as publica��es.

 

Em �rabe, Dad � um adv�rbio, quer dizer “graciosamente”, e s� pode ser usado com o verbo andar. Um significado po�tico para quem tanto ensinou durante a pr�pria caminhada. Dad Squarisi deixa o filho, Marcelo, a nora, Katilen, e os netos, Jo�o Marcelo e Rafael. Ainda n�o h� informa��es sobre vel�rio e enterro.