Diretora Paula Gait�n participa de sess�o de 'Luz nos tr�picos' em BH
Filme prop�e novo olhar sobre o Brasil e a Am�rica. Neste s�bado (19/8), cineasta se encontra com o p�blico no Centro Cultural Unimed, �s 16h
Beg� Muniz interpreta Igor, o protagonista de "Luz nos tr�picos" em busca de suas ra�zes no Alto Xingu
Aruac Filmes/divulga��o
A cineasta franco-colombiana Paula Gait�n se inspirou na expedi��o Langsdorff para construir o enredo do longa “Luz nos tr�picos”. Na incurs�o cient�fica realizada no s�culo 19, europeus vasculharam o territ�rio brasileiro em busca de amostras da fauna e da flora, tamb�m com o objetivo de conhecer os costumes dos povos ind�genas.
Entre 1825 e 1829, a expedi��o percorreu cerca de 17 mil quil�metros – rota parcialmente retomada pela equipe de Gait�n. Os di�rios do bar�o Georg Heinrich von Langsdorff, l�der da empreitada, s� foram publicados em 1998. Revelam olhar generalizante sobre os ind�genas e as riquezas naturais do pa�s.
Manuscritos como o do bar�o exportaram para o mundo uma ideia de Am�rica que desconsidera a vis�o dos povos origin�rios, al�m de imagens estigmatizantes sobre o continente. A iconografia constru�da pelo colonizador distorceu e at� mesmo apagou a cultura ind�gena das representa��es do chamado Novo Mundo.
Fio condutor
Em “Luz nos tr�picos”, a cineasta Paula Gait�n inverte radicalmente esse olhar: a vis�o dos povos origin�rios � o fio condutor da narrativa. O protagonista Igor (Beg� Muniz) busca reencontrar suas ra�zes, atravessando o continente para voltar � aldeia da na��o kuikuro, no Alto Xingu.
Filmado nos Estados Unidos e no Brasil, o longa-metragem navega pelos rios do Pantanal e da Amaz�nia, exibe a rica vegeta��o e as tradi��es populares da Am�rica.
Paula Gait�n descreve o processo de filmagem como “complexo”. Rodado de forma itinerante, toda a equipe e os atores foram juntos a todas as loca��es. Participando ou n�o das grava��es, estavam todos l�, incluindo a diretora. Com 68 anos, ela percorreu montanhas, rios e cavernas.
“O filme exigiu muito do nosso corpo e da nossa energia. Eu era uma das mais velhas da equipe e, mesmo assim, n�o podia me entregar ao cansa�o. Se n�o conseguisse subir a montanha, n�o teria cena ali. Est�vamos todos mergulhados no processo”, explica a cineasta.
Paula Gait�n tem prazer em participar de debates sobre seu trabalho. 'Adoro dividir minhas ideias e sentir que minha presen�a pode amplificar a experi�ncia do filme', diz ela
Leo Lara/divulga��o
Visualmente ambicioso, o filme contou com or�amento reduzido. Uma das solu��es foi abrir m�o de equipamentos de ilumina��o, utilizando apenas a luz natural.
“Criamos situa��es poss�veis para planos muito complexos, usando a natureza como filtro. O filme tem imagens ousadas, mas elas foram feitas com extrema simplicidade”, explica Paula.
O projeto, que teve in�cio em 2003, demorou cerca de 15 anos para se viabilizar. O roteiro foi modificado v�rias vezes. Segundo Paula Gait�n, ele buscou acompanhar as mudan�as ocorridas no mundo.
“O filme n�o ficou est�tico, congelado no tempo. Ele foi se aperfei�oando e metamorfoseando de acordo com as pessoas e lugares que foram me atravessando”, diz a diretora.
O longa dialoga com outras produ��es da cineasta, como “Uaka”, lan�ado em 1988, document�rio que aborda a vida e as tradi��es do povo kamaiur�. De certa forma, “Luz nos tr�picos” � fruto da experi�ncia de Paula Gait�n em seus 40 anos de carreira. Ela � vi�va de Glauber Rocha (1939-1981), m�e de Ava e Eryk Rocha, tamb�m cineastas.
“O contato com os povos do Alto Xingu n�o foi experi�ncia isolada na minha vida. Realizei o meu primeiro longa-metragem naquela regi�o. Por isso decidi voltar l�”, explica Paula.
“Essas rela��es se tecem muito lentamente. N�o � apenas um filme, tamb�m � um encontro. � um espa�o que vai se criando lentamente, para se ter acesso a ele de maneira org�nica e sens�vel. � algo muito mais profundo”.
Com mais de quatro horas, “Luz nos tr�picos” n�o tem narrativa linear, apresenta cenas em diferentes ambientes, espa�os e s�culos. O longa estreou no Festival de Berlim, em 2020, e percorreu v�rios eventos no exterior.
Desde o m�s passado, Paula Gait�n participa de eventos especiais no Brasil, encontrando-se com o p�blico. Neste s�bado (19/8), a cineasta chega a Belo Horizonte para participar, �s 16h, de sess�o no Centro Cultural Unimed-BH Minas. Os ingressos s�o gratuitos e a exibi��o faz parte da programa��o da Virada Cultural.
Na capital da Alemanha, as cinco sess�es ficaram lotadas, conta a diretora. “Era muito interessante ver quem conseguia chegar at� o final, mas sempre t�nhamos debates muito intensos”, afirma Paula.
“Adoro dividir minhas ideias e sentir que minha presen�a pode amplificar a experi�ncia do filme. Fazer deste filme um evento � mais interessante do que apenas deix�-lo numa sala de cinema”, conclui.
“LUZ NOS TR�PICOS”
Filme dirigido por Paula Gait�n. Com Beg� Muniz, Carloto Cotta e Clara Choveaux. Exibi��o gratuita neste s�bado (19/8), �s 16h, no Centro Cultural Unimed-BH Minas (Rua da Bahia, 2.244, Lourdes). Sess�o com a presen�a da diretora.
* Estagi�ria sob supervis�o da editora-assistente �ngela Faria
*Para comentar, fa�a seu login ou assine