Cena da exposição Oceanus

Mostra digital 'Oceanvs - Imers�o em azul' busca oferecer ao visitante a sensa��o de percorrer o fundo do mar

Luiz Maudonnet/Divulga��o

Uma das obras mais emblem�ticas da hist�ria da arte brasileira, a “Cosmococa”, de H�lio Oiticica (1937-1980), acaba de completar 50 anos. Radical e fortemente experimental, o artista carioca afirmava que “o museu � o mundo” e h� cinco d�cadas j� criava instala��es que convidam o espectador a participar ativamente de ambientes cercados por proje��es e trilha sonora. 

A partir de 2019, as chamadas exposi��es imersivas se tornaram febre no mundo das artes. S�o exemplos dessa tend�ncia “A tens�o”, do argentino Leandro Erlich, que em 2021 teve ingressos disputados no CCBB-BH, e a recente “Van Gogh & impressionistas”, no Shopping Del Rey, que vendeu mais de 3 mil ingressos somente no dia de abertura.

O motivo de tamanho sucesso divide opini�es. Alguns atribuem a ades�o do p�blico ao fato de tais mostras interessarem a diferentes faixas et�rias; outros argumentam que o sucesso se deve ao fato de tal modelo abra�ar o entretenimento como formato e prescindir de um espectador interessado em fruir de uma experi�ncia cultural. Independentemente das raz�es que movem o p�blico, este tipo de exposi��o tem ganhado cada vez mais espa�o. 

Mergulho no mar

Nesta ter�a-feira (12/9), a Casa Fiat de Cultura inaugura a mostra “Oceanvs - Imers�o em azul”, que promete proporcionar ao visitante um mergulho na imensid�o e nos mist�rios do oceano, por meio da arte digital.

Para o curador Antonio Curti, o f�cil acesso a imagens via aparelhos celulares afastou o p�blico dos museus, e as exposi��es imersivas surgiram como uma tentativa de reinventar o segmento. “A tecnologia e o setor cultural caminham juntos. A gente se apropria da tecnologia do momento para criar as nossas po�ticas”, diz. 

Na avalia��o de Curti, as exposi��es imersivas proporcionam uma experi�ncia positiva para qualquer pessoa. “Neste tipo de exposi��o, o visitante passa da contempla��o para a imers�o, ele faz parte da experi�ncia. N�s colocamos o visitante como agente ativo no centro da obra. Outro ponto � que, ao mesmo tempo em que ele est� dentro da obra de arte, ele n�o � capaz de entender logicamente como tudo aquilo � feito. Essa quest�o meio m�stica e m�gica tamb�m encanta muito o visitante dos centros culturais.”

Segundo o curador, � dif�cil comparar os custos de uma exposi��o imersiva �s despesas de uma mostra tradicional. Enquanto as obras de arte f�sicas exigem gastos com transporte, seguro e conserva��o, as digitais demandam grandes investimentos em equipamentos e softwares.
 
“Esse tipo de estrutura digital � bem onerosa na quest�o de tecnologia. O desenvolvimento desses conte�dos � caro, al�m do pre�o dos equipamentos que, nos �ltimos anos, subiu junto com o d�lar. N�o tem como dizer o que � mais caro”, afirma.
 

Com imagens criadas por meio da t�cnica de video mapping, as exposi��es imersivas demandam o uso de projetores laser de alta qualidade, capazes de fazer imagens superbem definidas. Al�m disso, existe uma extensa lista de profissionais por tr�s dessas montagens, que incluem os criadores de conte�do, os respons�veis pela trilha sonora, a curadoria, o projeto expogr�fico e as dire��es executiva e t�cnica. 
 
Mulhervê exposição Oceanus

Projeto Oceanvs usa o recurso do video mapping

Luiz Maudonnet/Divulga��o
 

Sustentabilidade em pauta

A exposi��o “Oceanvs” surgiu com o objetivo de levar ao p�blico uma reflex�o sobre a import�ncia da �gua, que envolvesse v�rios sentidos al�m da vis�o. “Queremos conversar com o visitante sobre esse tema que � t�o importante na sociedade como um todo. � um elemento primordial na constru��o das civiliza��es”, diz Curti. 

“A gente lida com esse elemento de uma forma art�stica, n�o literal. As sensa��es s�o mediadas por cor, luz, sombra e pela trilha sonora, que trazem para o p�blico reflex�es sobre sustentabilidade, abund�ncia, vida e morte”, completa. 

A mostra foi dividida em dois ambientes principais, com imagens transmitidas em looping, simulando a imensid�o do oceano. O primeiro conta com proje��o apenas no piso, servindo para ‘resetar’ a mente do visitante e prepar�-lo para a experi�ncia que ser� vivenciada em seguida, seria uma esp�cie de portal. J� o segundo espa�o oferece proje��es em 360° espalhadas por todas as paredes e no piso 

“� uma obra autoral brasileira criada nativamente na era digital. Isso traz uma for�a muito grande ao projeto. Queremos mostrar que estamos a par com tudo o que est� acontecendo l� fora”, afirma Antonio Curti. 

“Quando voc� transporta um artista ic�nico, como � o caso do Van Gogh, para a tecnologia, voc� tem limita��es de cria��o e de conte�do, o que, neste caso agora, a gente n�o tem. � um processo muito mais livre, no qual a criatividade pode florescer da forma mais rica poss�vel.”
 

'As sensa��es s�o mediadas por cor, luz, sombra e pela trilha sonora, que trazem para o p�blico reflex�es sobre sustentabilidade, abund�ncia, vida e morte'

Antonio Curti, curador

 

Bate-papo e visita mediada

Na abertura da exposi��o, �s 19h30 de hoje, Curti e o diretor criativo Felipe Sztutman conduzir�o um bate-papo sobre a cria��o da exposi��o, seguido de visita mediada. Os interessados em participar podem inscrever-se gratuitamente pelo Sympla.  

Aos s�bados e domingos deste m�s ser� oferecido um ateli� aberto de desenho das �guas. A participa��o � gratuita, para todas as idades e n�o h� necessidade de inscri��o ou de ter conhecimentos pr�vios. As crian�as menores de 12 anos devem estar acompanhadas por um respons�vel, e o espa�o est� sujeito � lota��o.  

“OCEANVS - IMERS�O EM AZUL” 

A partir desta ter�a-feira (12/9), na Casa Fiat de Cultura (Pra�a da Liberdade, 10, Funcion�rios). Visita��o presencial: de ter�a a sexta, das 10h �s 21h; s�bados, domingos e feriados, das 10h �s 18h. Entrada gratuita. At� 19/11.

*Estagi�ria sob supervis�o da editora Silvana Arantes