o longa colombiano 'Anhell 69'

O longa colombiano 'Anhell 69', que tem ganhado pr�mios desde o ano passado, � um dos destaques da mostra

CineBH/divulga��o

 

Em sua 17ª edi��o, a CineBH – Mostra Internacional de Cinema de Belo Horizonte centra foco, pelo segundo ano consecutivo, na produ��o da Am�rica Latina. Desta ter�a-feira (26/9) a 1º de outubro, ser�o exibidos 93 filmes brasileiros e estrangeiros, muitos em pr�-estreia, distribu�dos em oito mostras: “Continente”, “Territ�rio”, “Homenagem”, “Di�logos hist�ricos”, “Curtas”, “A cidade em movimento”, “Mostrinha” e “Cine-escola”.

 

Guiada pelo tema “Territ�rios da latinidade”, a 17ª CineBH vai ocupar oito espa�os da capital: Cine Theatro Brasil Vallourec, Funda��o Cl�vis Salgado (Cine Humberto Mauro, Sala Jo�o Ceschiatti, Sala Juvenal Dias, Jardim Interno), salas de cinema do Centro Cultural Minas T�nis Clube, Sesc Palladium, Cine Santa Tereza e Teatro Sesiminas, al�m da Pra�a da Liberdade e Casa da Mostra, no bairro Serra.

Mostra competitiva

Vinte e quatro filmes est�o programados para as sess�es latino-americanas, agrupadas nas mostras “Continente”, selecionados por equipe de curadores coordenada pelo cr�tico Cl�ber Eduardo, e “Territ�rios”, que inaugura o formato competitivo na CineBH, com oito t�tulos disputando tr�s pr�mios.

 

Paralelamente � CineBH, ocorre o 14º Brasil CineMundi – International Coproduction Meeting, conectando obras brasileiras e o mercado internacional por meio de parcerias de produ��o e da troca de informa��es e a��es.

 

A abertura da 17ª CineBH, na noite de ter�a, �s 20h, no Cine Theatro Brasil Vallourec, ter� a pr�-estreia de “Z�”, o novo longa de fic��o do mineiro Rafael Conde. O cineasta e Yara de Novaes, atriz e diretora, s�o os homenageados desta edi��o e receber�o o Trof�u Horizonte.

 

Cena do filme Zé

'Z�', filme de fic��o de Rafael Conde, resgata a hist�ria de Jos� Carlos da Matta Machado, morto pela ditadura civil militar no Brasil

Emba�ba Filmes/reprodu��o
 

 

Raquel Hallak, diretora da Universo Produ��o, respons�vel pela CineBH, diz que esta edi��o refor�a a convic��o de que a Am�rica Latina n�o se resume a um conjunto de pa�ses, mas � singularidade de cada uma das na��es que a comp�em.

 

“Existe a lacuna de festivais que fa�am essa abordagem. A ideia, desde o ano passado, � que a CineBH seja refer�ncia do cinema latino-americano”, destaca. Incluir se��o competitiva na programa��o � uma maneira de potencializar esse intento, acredita Raquel.

 

“A ideia tamb�m � dar oportunidade a cineastas em in�cio de carreira, com at� tr�s filmes no curr�culo, apostando no novo. S�o oito filmes in�ditos no Brasil em disputa. Queremos dar visibilidade a essas produ��es. A competi��o atrai o interesse de realizadores e produtoras, chama a aten��o. Nossa aposta � no recorte da cinematografia de realizadores que est�o iniciando a carreira em longas-metragens”, diz.

Se��o 'Brasil': fim do 'separatismo'

Produ��es brasileiras passaram a integrar as mostras “Continente” e “Territ�rios” – at� 2022, elas eram exibidas na se��o “Brasil”, que foi extinta. “A produ��o do pa�s agora entra no contexto da Am�rica Latina. Em sua maioria, s�o filmes fora do radar de festivais europeus, que normalmente buscam um padr�o de cinema latino-americano. A ideia de 'Territ�rios da latinidade' � mostrar a diversidade a partir de pontos em comum das produ��es do continente”, ressalta.

 

O curador Cl�ber Eduardo conta que, no in�cio do planejamento desta edi��o, a se��o “Brasil” ainda estava de p�. “Come�amos a perceber que n�o havia sentido em criar dois lugares, porque, bem ou mal, voc� estabelece uma divis�o, como se o Brasil n�o fizesse parte da Am�rica Latina. Entendemos que a latiniza��o da programa��o deveria englobar o cinema brasileiro”, diz.

 

Filme mexicano 'El reino de Dios'

Filme mexicano 'El reino de Dios', da diretora Claudia Sainte-Luce, conta a hist�ria de um garoto chamado Neimar, decepcionado com Deus e a primeira comunh�o

Jaqueca Films/divulga��o
 

 

Cl�ber chama a aten��o para o di�logo entre filmes de diversos pa�ses latino-americanos. “Eles respondem � l�gica 'Territ�rios da latinidade'. Todos t�m rela��o com vidas coletivas de um certo grupo, as individualidades e o mundo imediato que circunda essas vidas – a casa, a rua, o bairro, a cidade, o povoado; nunca o pa�s como um todo. O espa�o de que estamos falando n�o s�o as na��es. Os personagens est�o em algum tipo de atrito com o espa�o que habitam ou pelo qual transitam”, explica.

 

Fora de “Territ�rios da latinidade”, a 17ª CineBH traz v�rios destaques � cidade. Raquel Hallak cita a mostra “Di�logos hist�ricos”, em homenagem ao diretor Z� Celso Martinez Corr�a (1937-2023), que roteirizou, dirigiu e atuou em tr�s filmes, respectivamente, “Prata Palomares” (1970), “O rei da vela” (1982) e “Fedro” (2021).

 

“Tem tamb�m a mostra 'Cidade em movimento', com filmes feitos n�o necessariamente por profissionais, mas sempre relacionados com as cidades que comp�em a Grande Belo Horizonte, de onde v�m esses realizadores. S�o hist�rias carregadas de car�ter social ou de tens�es e conflitos, quest�es urbanas mesmo, de ocupa��o, por exemplo”, destaca Raquel Hallak.

 

Zé Celso Martinez e Reinaldo Gianecchini no filme Fedro

Z� Celso Martinez, g�nio do teatro brasileiro, ganha homenagem da CineBH. Ser� exibido 'Fedro', filme em que ele contracena com Reinaldo Gianecchini

CineBH/divulga��o
 

Retrospectiva Rafael Conde

O cineasta Rafael Conde ter� praticamente toda a sua obra inclu�da em retrospectiva realizada pela mostra. Al�m de “Z�”, que abre o evento, nesta ter�a (26/9), ser�o exibidos os longas “Samba can��o” e “Fronteira”, entre outros filmes.

 

“Acho muito legal esse reconhecimento, principalmente pela oportunidade de mostrar os meus filmes e o 'Z�', pela primeira vez, que fala de uma parte da hist�ria do Brasil e se passa em Belo Horizonte”, diz.

 

Conde se inspirou na trajet�ria do mineiro Jos� Carlos Novaes da Matta Machado, l�der do movimento estudantil morto nos por�es da ditadura militar aos 27 anos. 

 

O diretor tomou contato com a hist�ria dele por meio do livro “Z�”, do jornalista pernambucano Samarone Lima.

 

O embri�o do projeto, na verdade, remonta h� 20 anos, quando Rafael apresentou “Samba can��o” no Festival de Roterd�, na Holanda, e foi aprovado em um fundo para o desenvolvimento de longas-metragens.

 

“Convidei a Anna Fl�via Dias para escrever o roteiro, mas o trabalho, ao longo do tempo, foi sendo atropelado por v�rias quest�es. O Brasil passou por muitas idas e vindas, inclusive com a sombra de ditadura que pairou durante o �ltimo governo. Acho que ‘Z�’ chega num bom momento”, avalia.

 

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A mostra “Homenagem” apresenta tamb�m a com�dia “Depois a louca sou eu”, de J�lia Rezende, estrelada por Yara de Novaes. O encontro entre Conde e Yara, cuja forma��o � ligada ao teatro, foi estimulado por interesses convergentes envolvendo cinema, artes c�nicas, atua��o e a palavra. Entre 1998 e 2008, os dois  realizando seis filmes. Yara tamb�m integra o elenco de “Z�”.

 

“Conheci Yara na TV Minas. Ela tentando me levar para o teatro, eu tentando traz�-la para o cinema. Quando fui fazer o 'A hora vagabunda', um filme com n�o atores, a chamei para ajudar na prepara��o do elenco. A partir da�, estabelecemos uma rela��o bem pr�xima”, diz Conde.

 

L� Borges na pra�a

Raquel Hallak destaca “L� Borges – Toda essa �gua”, que ser� exibido na Pra�a da Liberdade, como filme com grande apelo de p�blico. “Tamb�m h� a pr�-estreia de 'Tia Virg�nia', com Vera Holtz”,  diz, aludindo ao longa de F�bio Meira.

 

Cena do filme 'Lô Borges - Toda essa água'

Cena do filme 'L� Borges - Toda essa �gua'

CineBH/divulga��o
 

 

O curador Cl�ber Eduardo chama a aten��o para produ��es que abordam quest�es LGBTQIAPN+, como o document�rio chileno “T�o imunda e t�o feliz”, de Wincy Oyarce; o colombiano “Anhell 69”, filme que vem ganhando pr�mios na temporada 2022/2023; e “Toda noite estarei l�”, de Tati Franklin e Suellen Vasconcelos, representante brasileiro na mostra competitiva.

 

“Esses tr�s filmes est�o dentro de um universo de personagens muito em voga hoje no cinema. A programa��o tamb�m oferece coisas inusitadas, como o filme do (J�lio) Bressane, o cineasta experimental mais reconhecido e mais longevo que temos. Destacaria, ainda, obras muito singulares como o cubano 'Chamadas de Moscou' e o chileno 'Outro sol', que fogem dos estere�tipos”, conclui o curador da 17ª CineBH.

17ª MOSTRA CINEBH

Desta ter�a-feira (26/9) a 1º de outubro, em oito espa�os da capital, com sess�es gratuitas. Programa��o completa: https://cinebh.com.br/