Alunas do Meninadan�a em C�ndido Sales, na Bahia: projeto tamb�m atua em v�rias cidades mineiras
Meninadan�a/DIVULGA��O
Nas �ltimas semanas, um convite incomum chegou � ONG Meninadan�a, projeto social com sede em Belo Horizonte que busca transformar a realidade de meninas em situa��o de vulnerabilidade por meio da dan�a. Tr�s alunas do projeto foram convidadas para se apresentarem em 16 de outubro no Parlamento ingl�s, em Londres.
A entidade, embora tenha sede na capital mineira, atua em cidades no entorno da BR-116 – a famigerada Rio-Bahia –, estrada campe� em pontos cr�ticos de explora��o infantil, de acordo com n�meros da Pol�cia Rodovi�ria Federal. O trabalho da ONG, portanto, � conscientizar as meninas que vivem nessas cidades sobre a gravidade da explora��o sexual infantil. Isso � feito por meio de oficinas art�sticas, sobretudo aulas de dan�a.
Assim, Moany Nascimento, de 13 anos; Maria Luiza Pardim (que ningu�m conhece por Maria Luiza, e sim por Maluiza), de 15; e Rany Pardim, de 14, embarcaram para a Inglaterra no �ltimo s�bado (30/9). Todas s�o de C�ndido Sales, munic�pio do interior baiano atendido pelo projeto.
Antes de se apresentarem no Parlamento, as tr�s j� fizeram uma pequena turn� pelo interior da Inglaterra e do Pa�s de Gales. Transitando pela dan�a contempor�nea e por passos tradicionais da dan�a brasileira, elas performam embaladas por can��es de mestres da MPB, como Chico Buarque.
O convite para a apresenta��o na Casa Legislativa inglesa foi feito especificamente pela parlamentar brit�nica Julie Marson, do Partido Conservador, e surgiu quando o jornalista brit�nico Matt Roper contou a ela a hist�ria do projeto. “Ela se sensibilizou e apoiou a nossa causa”, ressalta Roper.
A ONG, cumpre informar, faz um trabalho de acolhimento e preven��o. Portanto, dizer que as meninas atendidas foram resgatadas de situa��es de explora��o infantil � incorrer em erro e estigmatizar as pr�prias garotas, conforme explica o coordenador do Meninadan�a no Brasil, Warlei Torezani.
“N�s n�o sabemos da vida dessas meninas a menos que elas nos contem”, diz Torezani. “Nosso trabalho � empoderar as meninas por meio da dan�a e das demais atividades que promovemos.”
Nosso trabalho � empoderar as meninas por meio da dan�a e das demais atividades que promovemos"
Warlei Torezani, coordenador do Meninadan�a no Brasil
Rastros na lama
No entanto, para entender o motivo da cria��o do Meninadan�a, � necess�rio voltar ao tempo. Em 2012, Matt Roper estava apresentando o Brasil para um amigo canadense. Por j� ter morado aqui anos antes, ele queria mostrar a beleza dos tr�picos. No entanto, descendo a BR-116, deu de cara com uma face pavorosa do Brasil: a prostitui��o infantil.
“Devia ser duas da manh�. Est�vamos chegando em Governador Valadares para passar a noite l�. No dia seguinte, ir�amos cedo para o Rio de Janeiro, mas, entrando na cidade, vimos uma menina se prostituindo na beira da estrada. Aquilo chamou nossa aten��o, porque tratava-se de uma crian�a”, lembra Roper.
“Ela disse que tinha 14 anos, depois descobrimos que, na verdade, tinha 11, e que morava em uma favela ali por perto. Falou que cobrava o valor m�nimo para o programa, R$ 25, e que queria sair daquela vida”, continua o jornalista.
Roper e o amigo desistiram de ir para o Rio de Janeiro. N�o havia mais clima. Assim, no dia seguinte, em vez de continuarem descendo a Rio-Bahia, fizeram caminho inverso na tentativa de reencontrar a menina.
“N�o achamos. O �nico rastro que ela deixou foram as pegadas na lama”, lembra Roper.
Seguindo para o norte da BR, a dupla chegou em Medina, a cerca de 340 km de Valadares. L� viram mais meninas se prostituindo e perguntaram para uma moradora local se aquilo era comum. Ouviram uma resposta afirmativa, acrescentada da informa��o assustadora: a BR-116 � a campe� em pontos cr�ticos de explora��o infantil. Isso foi o suficiente para Roper criar o Meninadan�a.
The Pink House
O projeto ganhou forma com o tempo. Atualmente, o Meninadan�a atende cerca de 250 meninas nas cidades mineiras de Medina, Catuji, Padre Para�so e Ponto dos Volantes e em C�ndido Sales, na Bahia. Nesses locais, s�o mantidas as The Pink House, casas onde s�o desenvolvidas as oficinas com as meninas.
Para al�m da BR-116, o projeto iniciou ano passado a��es em cidades do Vale do Paraopeba, como Brumadinho, Betim, S�o Joaquim de Bicas e M�rio Campos. Como essas cidades n�o contam com as “The Pink House”, as atividades s�o desenvolvidas em parceria com escolas locais.
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