Jota Quest lan�a primeiro �lbum de in�ditas em oito anos
"Este disco � uma vit�ria da vida. A gente est� vivo, com energia e unidos como banda", diz Rog�rio Flausino, vocalista da banda, em entrevista na casa de show Vibra, na capital paulista. Ou�a:
Otimismo
A esperan�a e o otimismo permeiam a maioria das nove faixas do �lbum, como se elas fossem uma resposta � desesperan�a e ao pessimismo da pandemia. Isso fica evidente j� na primeira m�sica, intitulada "Numa Boa".
A can��o trata do fim de um relacionamento. No entanto, o que se ouve n�o � amargura, mas uma resigna��o otimista. "Eu tentei/ foi o fim/ s�o coisas do nosso amor/ o que conforta � saber que existe tanta vida pela frente", diz a can��o, composta com Vitor Kley.
Kley ganhou visibilidade com "O Sol", que tocou � exaust�o em 2018. A parceria � coerente, uma vez que o cantor dialoga bem com a proposta solar do disco. "Ele � um menino cheio de energia que a gente gosta para caramba", diz Paulinho Fonseca, o baterista.
Outra parceria � com Nando Reis, que comp�s "Do seu Lado", um dos principais sucessos do Jota Quest. Desta vez, ele assina a letra da a�ucarada "S� o Amor Liberta", uma ode ao romantismo.
"Nando mandou essa m�sica linda para a gente sobre amor e reconquista", diz Flausino. "Por meio da linguagem, a gente mostra essa vontade de ficar bem, de vencer e de querer o bem para o outro. O Jota Quest sempre foi assim. � uma banda alto astral."
Prova disso � que eles despontaram no cen�rio musical cantando que iam esquecer de tudo, inclusive das dores do mundo. Releitura do cl�ssico de Hyldon lan�ado na d�cada de 1970, a m�sica foi carro-chefe do primeiro disco do quinteto, lan�ado em 1996. Com elementos de black music, o trabalho vendeu cerca de cem mil c�pias.
A consagra��o, no entanto, viria no disco seguinte, intitulado "De Volta ao Planeta". O projeto trazia o hit "F�cil", no qual Flausino entoa um dos refr�es mais chicletes do pop nacional. "F�cil/ extremamente f�cil/ pra voc�, e eu e todo mundo cantar junto."
Alavancado pelo sucesso da m�sica, o �lbum vendeu 800 mil c�pias e posicionou a banda como l�der do pop rock no final dos anos 1990. Al�m disso, ajudou o grupo a construir a imagem "good vibes" que o acompanha at� hoje.
"A gente � muito feliz, cara. Sonhamos com essa parada de ser artista e deu certo. A gente est� sempre regando a plantinha e cuidando dela para continuar vivendo isso", diz Flausino.
Polariza��o pol�tica estremeceu a banda?
O trabalho tem sido frut�fero. Depois de "F�cil", vieram outros sucessos, como "O Sol", "S� Hoje", "Dias Melhores", "Al�m do Horizonte" e "Blecaute", parceria com a cantora Anitta.
S�o m�sicas que sintetizam os principais temas da banda --amor, supera��o e esperan�a.
Mas esse otimismo todo n�o ficou estremecido em meio �s �ltimas crises do Brasil? Quem responde � Marco T�lio, guitarrista do grupo. "O olhar mais contemplativo para a vida n�o nos torna alheios �s problem�ticas do Brasil. At� porque, � sua maneira, todo mundo vive elas. Ningu�m est� dentro de uma bolha. Estamos h� 500 anos patinando em uma s�rie de coisas."
Assim como aconteceu em fam�lias pelo Brasil, a pol�tica gerou na banda aquilo que Marco T�lio define vagamente como "pol�micas". Ao ser questionado sobre o que isso quer dizer, ele desconversa. "Pol�mica em rela��o a ponto de vista que n�o vem ao caso, porque a ideia n�o � aliment�-las, e sim trazer o assunto para um olhar mais l�cido."
A banda at� trata de quest�es pol�ticas, mas sem dar o nome aos bois, como aconteceu na edi��o de 2017 do Rock in Rio. "Ningu�m est� satisfeito com o que est� acontecendo no Brasil. O pa�s n�o � isso, e sim a verdade de cada um de n�s", disse Flausino no palco Mundo. "A paz � ainda mais importante do que todos os motivos que esses cara t�m para nos roubar."
Al�m da polariza��o pol�tica, a pandemia estremeceu os humores da banda. Em 2020, eles se apresentaram por meio de lives, mas essa alternativa logo se tornou enfadonha para os m�sicos. "Chegou uma hora que ningu�m queria mais cantar para c�mera. Em 2021, o lance de live perdeu a gra�a e foi a �poca em que a gente mais se afastou, porque n�o tinha disco e n�o tinha show", diz Flausino.
Turn� 25 anos
No ano passado, eles voltaram a se reunir para discutir uma turn� de celebra��o aos 25 anos do grupo, que teria in�cio em abril daquele ano. S� que eles foram pegos por um novo rev�s --a variante Omicron do coronav�rus.
A turn�, adiada, come�ou em julho do ano passado em S�o Paulo. Durante as apresenta��es, o quinteto empilha uma sucess�o de hits, que se tornaram parte da mem�ria afetiva do p�blico, seja porque embalaram o in�cio de uma paix�o, seja porque serviram de conforto em momentos dif�ceis.
"� um barato ver que a m�sica fez uma diferen�a enorme na vida das pessoas", diz Marco T�lio, o guitarrista. "A gente recebe v�rios tipos de relatos de que elas estiveram na dor e na alegria de muita gente. Isso � rico demais."
O show e o novo disco coroam tamb�m a longevidade do grupo, algo raro para bandas nacionais --muitas delas acabaram ou passaram por mudan�as profundas em sua configura��o original, como O Rappa, Raimundos, Sepultura, Na��o Zumbi e Charlie Brown Jr.
"Ainda temos objetivos em comum e estamos realizando um sonho de crian�a que deu certo", diz Flausino. "N�o � f�cil. � extremamente f�cil ficar junto. Mas tamb�m n�o � imposs�vel."
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