Bailarinas do espetáculo Isso é um poema que transborda

Bailarinas se ancoram na for�a da "audiodescri��o po�tica"

Christiano Castro/divulga��o

 
Concebido para pessoas cegas ou com baixa vis�o, o espet�culo de dan�a “Isso � um poema que transborda” estreia neste s�bado (14/10), �s 19h, na sede da Funarte-MG, em Belo Horizonte. Dirigida por B�rbara Maia, a trupe conta com as dan�arinas Carol Santiago, Clara Lins, Lu Lup�r e Vanessa Oliveira.
 
B�rbara Maia explica que o espet�culo nasceu do desejo de criar coreografias para n�o serem vistas. “Seriam dan�as para serem acessadas, sem o sentido da vis�o”, observa.
Durante o espet�culo, pessoas cegas ou com baixa vis�o podem escutar a descri��o feita em tempo real por algu�m na cabine encarregado de narrar o que acontece em cena”, explica.
 
Ela conta que nos processos de ensino e aprendizagem pelos quais passou, a vis�o foi priorizada tanto nos estudos quanto na atua��o dela como docente e professora de dan�a. “Em 2021, deparei-me com a situa��o de conduzir aulas para uma pessoa que estava perdendo a vis�o”, relembra.
 
Naquele momento de pandemia e isolamento social, B�rbara passou a refletir sobre a dan�a contempor�nea, em como transpor para a oralidade a descri��o dos movimentos. Passou a rever, inclusive, os m�todos por meio dos quais conduzia suas aulas.
 
“Eu estava criando videodan�as naquele momento, ent�o havia a prioriza��o da vis�o para que a obra pudesse ser acessada. Com o meu conv�vio com o aluno que estava perdendo a vis�o, comecei a repensar a videodan�a. Criei, ent�o, o curso de recolhimento junto de uma equipe e fui dirigir esse trabalho com a Maria Em�lia Gomes, artista de dan�a”, revela a artista e professora.
 
B�rbara ressalta o papel importante da parceira ao criar o que ela chama de audiodescri��o po�tica. “Al�m da camada da acessibilidade, Maria Em�lia trazia camadas que, a princ�pio, n�o eram vis�veis, mas diziam das sensa��es para al�m de aspectos f�sicos que poderiam aparecer nos v�deos”, diz.

Camada dramat�rgica

Naquele momento, em 2021, ela come�ou a pensar em um espet�culo de dan�a em que a vis�o n�o fosse priorizada. A audiodescri��o e o recurso de acessibilidade viraram, ent�o, uma camada dramat�rgica.
 
B�rbara passou a construir textos com as quatro dan�arinas. “Come�amos o processo com muito uso da palavra”, lembra. Cada pessoa escreveu seu texto, dizendo de seus aspectos f�sicos, “o primeiro elemento para contar no nossso espet�culo.”
 
O quarteto de bailarinas contribuiu com elementos subjetivos. “As quatro pessoas do elenco me trouxeram aspectos de profundidade e de subjetividade. Pude perceber que ali tinha material para trabalhar com identidades transit�rias.”
 
“Isso � um poema que transborda” estreia hoje cercado de expectativas. “Meu desejo � que as pessoas videntes sejam tamb�m atravessadas pela narra��o. Desejo que a descri��o n�o possa ser descolada do trabalho”, conclui B�rbara Maia. 

“ISSO � UM POEMA QUE TRANSBORDA”

S�bado (14/10) e domingo (15/10), �s 19h, na Funarte MG (Rua Janu�ria 68, Centro). Ingressos: R$ 12 (inteira) e R$ 6 (meia), � venda na plataforma Sympla e na bilheteria do teatro. Haver� receptivo para pessoas com defici�ncia visual, que dever� ser solicitado por formul�rio dispon�vel em bit.ly/receptivoespiralar ou via e-mail ([email protected]