Leo Jaime
E de fato, L�o tem muita hist�ria. Nascido em Goi�nia, o cantor se mudou para o Rio de Janeiro logo cedo. Interessado por artes, pela m�sica e pelo teatro, com 20 anos come�ou a ser "do rock", como ele mesmo diz. "Foi algo natural, espont�neo". Foi nessa �poca que conheceu a turma que efervesceu o rock nacional na d�cada de 1980.
Em bares da zona sul carioca, encontrava figuras que estavam prestes a virar estrelas da m�sica brasileira, como Fernanda Abreu. Viu de perto o nascimento da Blitz, banda que foi um fen�meno nacional no in�cio dos anos 1980. Foi nesta �poca que entrou para o grupo de rockabilly Jo�o Penca e Seus Miquinhos Amestrados, de letras bem humoradas como as da Blitz. Essa era a sua vibe.
Pouco depois, decidiu pela carreira solo, mas quase entrou de novo em uma banda de extrema relev�ncia no rock brasileiro. "N�o � que eu tenha recusado o Bar�o Vermelho, mas � que naquele momento eu j� era cantor de outros dois grupos, e uma terceira iria me sobrecarregar", explica.
Frejat lembra direitinho deste dia. "Foi uma conex�o imediata", afirma. "L�o foi a um ensaio e percebeu que a onda do Bar�o Vermelho era um rock mais pesado. Ent�o ele indicou o Cazuza, marcou um encontro entre a gente. Deu tudo certo desde o in�cio, a gente deve a ele esse presente", diz.
Ainda nos anos 1980, L�o Jaime conseguiu um contrato com a gravadora CBS e lan�ou seus primeiros discos. O sucesso na carreira solo veio em 1985, com cl�ssicos como "A F�rmula do Amor", "S�", "O Pobre", "Amor Colegial" e "Solange", uma vers�o em portugu�s da can��o "So Lonely", da banda The Police.
A onda da atua��o
Ao longo da d�cada, Jaime passou a explorar outros caminhos. Um deles foi a atua��o, algo que jamais pensou em fazer quando tudo ainda era mato em sua vida. Nada foi planejado, pelo contr�rio. Em "Beb� a Bordo" (1988), da Globo, ele n�o era a primeira op��o para o papel do personagem Zezinho. Nem o Plano B. Mas saiu-se muito bem e hoje ri disso.
"Eu fui a terceira op��o para essa novela. Queriam o F�bio Jr, mas ele j� estava deixando de ser ator. Chamaram outro, que n�o tinha agenda. De repente, uma produtora me liga e fala: 'L�o, quer�amos voc�. Topa?'. Eu topei, mas eu come�ava a gravar outro dia. Sequer me mandaram o roteiro direito. Fiz meio de improviso. E deu certo!".
Seu bom desempenho o credenciou a novos trabalhos no audiovisual. Fez filmes e participou de pe�as de teatro, como o musical Vitor ou Vit�ria, em S�o Paulo, ao lado de Mar�lia P�ra (1943-2015), e o musical Era no Tempo do Rei, baseado na obra de Ruy Castro, interpretando Dom Jo�o VI.
Para os mais jovens, L�o Jaime tem um personagem marcante. Foi o professor Nando em "Malha��o" (1995-2022) em duas temporadas distintas, em 2012 e 2014. Curiosamente, ambas foram escritas pela autora Rosane Svartman, uma das novelistas mais prestigiadas da Globo atualmente.
A dan�a que surpreendeu
L�o estava sem contrato com a TV e meio parado desde 2014, quando a produ��o da Dan�a dos Famosos, do ent�o Doming�o do Faust�o (1989-2021), da Globo, lembrou do seu nome para a edi��o de 2018 daquele quadro. L�o admite que titubeou.
"Eu tinha muita vergonha do meu corpo, de mim mesmo. N�o queria ser piada ou algo assim". S� deu o sim para o convite depois de ser incentivado pelo ator Felipe Simas, que participara de uma vers�o anterior. "Ele disse que eu deveria me divertir, n�o ficar pensando que � uma competi��o". Ok, voc� venceu. E l� foi o cantor mostrar seu talento para a dan�a --que, o Brasil percebeu depois, n�o era pouco.
L�o foi ganhando a aceita��o e a simpatia do p�blico. Tamb�m vieram os elogios dos jurados t�cnicos, e ele virou assunto nas redes, nas mesas de bar. "De repente, eu percebi que as pessoas come�aram a se identificar comigo, com o meu jeito, por dan�ar todo domingo na televis�o sem ter um corpo perfeito ou um padr�o est�tico", conta.
Mesmo contra duas participantes que estavam mais cotadas para a vit�ria, como Erika Januza e Dani Calabresa, ele fez uma apresenta��o na final considerada �pica. "Me falavam que eu estava dan�ando de verdade, mesmo nunca tendo dan�ado na vida", ressalta. Resultado? Foi o campe�o, levou o trof�u para casa, e at� hoje se emociona s� de lembrar.
O comentarista L�o Jaime
No fim dos anos 1990 e in�cio dos anos 2000, L�o Jaime passou a ter sua vis�o de mundo e seu talento para a escrita notada por empresas de comunica��o. Passou a publicar uma coluna na antiga revista "Capricho" (era a comprova��o da tese de que ele 'entende a cabe�a das mulheres'), colaborou em v�rias ve�culos, e em seguida, virou comentarista de futebol.
"Muita gente estranhou porque poucos sabiam que eu tinha registro de jornalista. [Ele � formado pelas Faculdades Helio Alonso, no Rio, celeiro de bons jornalistas cariocas]. E como sou ator, m�sico e jornalista, minha vis�o consegue ser mais ampla".
Inicialmente, L�o trabalhou na r�dio CBN como comentarista de partidas de futebol. Mas na televis�o, sua estreia na fun��o foi no SBT, de Silvio Santos. Neste per�odo, dividiu a bancada com um comentarista bastante respeitado hoje em dia entre os boleiros. Um dos narradores do Paulist�o no SBT era o novato Paulo Andrade, hoje considerado titular das transmiss�es da ESPN no Brasil.
"L�o j� era um artista consagrado e eu era um garoto de 23, 24 anos, desconhecido. Ele me abra�ou. Foi muito importante para mim", conta Andrade. "Nos tornamos amigos. De frequentar casa um do outro. Jantamos juntos, trocamos confid�ncias profissionais e pessoais", lembra.
O cantor-escritor-dan�arino foi parar no futebol por causa do Flamengo, clube do cora��o, em que chegou a ter um cargo diretivo durante um per�odo. Foi um erro, ele admite. "Estava sem contrato com gravadora, era um momento mais dif�cil naquela �poca, e fui trabalhar no clube de uma forma diferente. Foi uma experi�ncia, mas n�o quero repetir. N�o fui bem", assume.
A unanimidade
Aos poucos e com o passar do tempo, notou que seu neg�cio era mesmo m�sica, rock e festa. E � nessa tr�ade que pretende focar a partir de agora, no Festabaileshow, espet�culo que marca seus 40 anos de carreira. A primeira apresenta��o acontece neste s�bado (21), com casa cheia, no Qualistage, no Rio de Janeiro.
"Decidi chamar meus amigos, fazer um grande apanhado do que eu fiz na carreira e na vida. � dif�cil, claro. Mas estou animado com o resultado", afirma. Sua inten��o � correr o Brasil para apresentar o espet�culo em v�rias capitais, em uma grande turn�.
Coisa rara na feira das vaidades do showbusiness, L�o, a n�o ser que algu�m prove o contr�rio, nunca se desentendeu com ningu�m, em nenhuma das �reas em que trabalhou. Frejat o classifica como uma pessoa am�vel. "A ideia que eu tenho do L�o � uma pessoa bem-humorada, carinhosa. Ele nunca se colocou falando mal de algu�m. Al�m do senso de humor e do senso cr�tico que tem, sempre foi muito legal com todo mundo", comenta.
Sem falsa mod�stia, ele sabe que � benquisto. "Admito que as pessoas gostam muito de mim. As mulheres, os amigos que conquistei. Fui um cara que fiz tudo o que queria fazer, e sempre estive nos lugares certos e na hora certa".
Sobre mulheres, com quem fez muito sucesso durante a vida (� famosa a entrevista em que Monique Evans conta, em outras palavras, mas com a mesma mensagem, que daria o Oscar de Melhor Performance Sexual ao cantor), L�o admite que est� em outra fase.
Casado h� 19 anos com a psic�loga Daniela Lux, m�e de seu filho David, de 16, o cantor afirma que seu grande barato � a fam�lia. "Tenho orgulho de viver o que estou vivendo nesse momento. Sou um cara simples e vivo de forma simples".
Amado e com muito amor para dar, ele considera que nada � por acaso nessa vida. "N�o acho que canto 'A F�rmula do Amor' por nada. Acho que hoje, aos 60 anos, estou mais perto de encontr�-la do que estive quando era mais jovem. Hoje estou mais feliz com minha vida. Me descubro a cada dia".
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