J� pensou em cantar ou tocar "Pro dia nascer feliz" com o Bar�o Vermelho?

“Cazuza, aqui entre n�s, n�o podemos exigir muito. Nossas m�sicas n�o tocam em lugar nenhum”. Esta foi a resposta que Roberto Frejat deu ao parceiro na can��o “Pro dia nascer feliz” quando soube que Ney Matogrosso queria regrav�-la (o relato est� na biografia do jornalista Julio Maria, lan�ada em 2021, sobre o cantor sul-mato-grossense).

Corria o ano de 1983, o Bar�o Vermelho estava em seu segundo �lbum e ningu�m queria saber. A partir da grava��o de Ney (no disco “Pois �...”), a hist�ria mudou radicalmente, como confirma hoje o baterista Guto Goffi, de 61 anos.

“'Pro dia nascer feliz’ � muito simb�lica para o Bar�o, pois simboliza a chegada da banda no rock brasileiro. Foi nossa primeira m�sica que tocou em r�dio. O disco (‘Bar�o Vermelho 2’) estava indo pro ralo. Isto mostra como as r�dios s�o surdas, conseguem perder p�rolas. O Ney nos salvou.”

Quarenta anos depois, “Pro dia nascer feliz” est� ganhando novos int�rpretes. Muitos mesmo. At� 14 de novembro, cantores, bateristas, tecladistas e guitarristas, profissionais ou n�o, podem enviar suas grava��es desta can��o.

O criador da melhor performance ir� participar do show que a banda faz em 2 de dezembro no Qualistage, no Rio de Janeiro – o vencedor, que ser� definido pelos integrantes, pode ser de qualquer lugar do Brasil – o pr�mio inclui passagem e hospedagem na cidade, caso a pessoa n�o seja de l�.

A a��o � toda via rede social. Os quatro integrantes – Maur�cio Barros (teclados), Fernando Magalh�es (guitarra), Rodrigo Suricato (vocal), al�m do j� citado Goffi – gravaram, em est�dio, a can��o. H� quatro vers�es – uma sem bateria, outra sem guitarra, uma terceira sem voz e a �ltima sem teclados, todas dispon�veis no Instagram e no YouTube da banda (baraovermelhooficial).

O participante deve, ent�o, tocar um dos tr�s instrumentos (ou cantar) e postar sua performance no Instagram com a hashtag #BaraoEVoce e marcar a p�gina @baraovermelhooficial. Diariamente, o perfil da banda vem exibindo novas performances.

“Cada um se comporta de um jeito. Tem o cara que vai de pijama pra frente do computador, tem outro que se produz, bota maquiagem e faz a performance na sala de casa. S�o manifesta��es m�ltiplas, positivas para atrair as pessoas para o universo do Bar�o. E � tamb�m uma forma de a gente se inserir no mundo digital, j� que as pessoas querem mesmo � interatividade”, afirma Goffi.

Esta � a segunda a��o que o grupo faz neste modelo (mas a primeira em que o vencedor vai se apresentar com a banda). A anterior foi com “Por voc�” – mas, neste caso, s� valeu a grava��o da voz, n�o dos instrumentos. A vencedora foi a professora mineira �ngela Cristina Patr�cio, de Visconde do Rio Branco, na Zona da Mata. A ideia, diz Goffi, � continuar com a a��o, com outras can��es do repert�rio do Bar�o.

Dos quatro integrantes, Goffi � o �nico da forma��o original que nunca deixou o grupo. Foi dele e de Barros a ideia de nomear a banda com o codinome do �cone da avia��o, o alem�o Manfred von Richthofen.

“Tive a sorte de ter feito a primeira forma��o, de captar o D� (baixista), o Frejat e depois o Cazuza. Aquilo foi m�gico. E depois houve os desafios: perder o Cazuza, a recoloca��o do Frejat no posto de vocalista, trocar de vocalista pela terceira vez. Rock e estrada exigem sa�de, que tenho, ent�o n�o posso reclamar de nada. Falo com os meninos: quero continuar tomando u�sque, tocar bem, me divertir. N�o estou a fim de ficar discutindo ordem de m�sica, ou brigar com fulano de tal porque acho que a m�sica tal tem que entrar em algum lugar. N�o quero atrapalhar o grande prazer de tudo com besteiras.”

Estimular a intera��o dos f�s com a banda � parte de um esfor�o do grupo de continuar ativa em meio a mudan�as radicais no modo de consumo de m�sica. “Desde 1982, o Bar�o foi contratado por gravadora. As mudan�as, ent�o, eram assimiladas de forma mais f�cil, pois o dono do jogo (a gravadora) era quem estava no comando.”

Em 2005 a banda encerrou seu contrato com a Warner – o �ltimo disco por gravadora � “MTV ao vivo: Bar�o Vermelho”, gravado no Circo Voador. “Nesta terceira fase, independente, sentimos que o jogo � duro, tem a quest�o de direito autoral, e acho que a intelig�ncia artificial vai mudar muita coisa. O importante para o artista � estar sempre fazendo, independentemente de n�meros.”

O �lbum de est�dio mais recente da banda � “Viva” (2019). Goffi admite que depois de v�rias comemora��es em torno dos 40 anos, vem chegando a hora de voltar a gravar in�ditas.

“Venho propondo uma composi��o mais coletiva. N�o mais um ou dois sa�rem para fazer (m�sica). Temos que perder a vaidade de dizer ‘eu que fiz’. Como estamos trabalhando bastante, acredito que at� o final do ano poderemos come�ar a nos encontrar para fazer m�sica. Cada um leva o que tem de anota��es. Quero uma coisa descontra�da, todo o mundo relaxado, e n�o um encontro burocr�tico para compor”, conclui o baterista.  

Os v�deos para participar da a��o da banda devem ser enviados at� 14 de novembro. O vencedor ser� anunciado no dia 24 do mesmo m�s e o show ser� em 2 de dezembro, no Rio de Janeiro. Todas as informa��es e os v�deos com as bases gravadas pela banda est�o dispon�veis nas p�ginas oficiais do Bar�o Vermelho no Instagram e no YouTube (baraovermelhooficial).