
Entre 1877 e 1903, o Brasil recebeu, anualmente, cerca de 71 mil imigrantes – 58,5% deles eram italianos. S�o Paulo era o primeiro destino, Rio Grande do Sul o segundo. Terceiro colocado no ranking, Minas Gerais se tornou a morada de grande n�mero de trabalhadores e suas fam�lias. Muitos chegaram para ajudar a construir a capital mineira, inaugurada em 1897.
Percorsi italiani: 120 anos de hist�ria, exposi��o que ser� aberta nesta ter�a (26), na Casa Fiat de Cultura, pretende contar essa trajet�ria por meio de dois pontos de vista. Dos pr�prios imigrantes, e sua influ�ncia em diferentes aspectos da vida brasileira, e da pr�pria Fiat, j� que a montadora italiana completa 120 anos neste 2019.
“A exposi��o vai mostrar por que a italianidade e a mineiridade andam sempre juntas”, comenta Ana Vilela, gestora de cultura da Casa Fiat. “Gosto de pensar que a Fiat � um familiar que ficou aqui”, acrescenta a jornalista e historiadora Cinthia Reis, que assina a curadoria da mostra.
Percorsi italiani ocupa o hall, o mezanino e a Piccola Galleria da Casa Fiat. Criada principalmente a partir de imagens e documentos de �poca, ainda traz alguns objetos e documentos hist�ricos, como uma bola de 1921 do Palestra Italia (atual Cruzeiro), time fundado naquele ano por imigrantes, e um passaporte italiano datado de 1909.

GUERRAS
De acordo com Cinthia Reis, o primeiro fluxo migrat�rio ocorreu na virada do s�culo 19 para o 20. “Com a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), o n�mero de imigrantes diminui muito. Os homens foram para a guerra e as mulheres, pela primeira vez, entram para trabalhar na f�brica da Fiat”, ela conta. O mesmo ocorreu nos anos 1940, com a Segunda Guerra (1939-1945). Com a chegada da Fiat ao Brasil, na d�cada de 1970 (a inaugura��o da f�brica em Betim foi em 1976), o fluxo aumenta. A partir dos anos 2000, tem in�cio o terceiro fluxo migrat�rio.
A exposi��o come�a pelo painel trazendo 12 grandes imagens (representando cada uma das 12 d�cadas), que destacam diferentes aspectos (ind�stria, com�rcio, arquitetura, esporte, arte) da imigra��o italiana no Brasil. Ainda no andar t�rreo, a Piccola Galleria ressalta a rela��o dos italianos com Belo Horizonte. Nas fotografias, h� imagens de pontos comerciais comandados por imigrantes, de trabalhos art�sticos (como o altar da Igreja de S�o Francisco, na Pampulha, assinado por Candido Portinari, filho de Giovan e Domenica Portinari), e de outros lugares tradicionais de BH, como o Minas T�nis Clube, com projeto do arquiteto Raffaello Berti, um dos italianos que introduziram o art d�co na cidade a partir dos anos 1930.
A exposi��o tem continuidade no mezanino. A linha do tempo traz mais detalhes dessa hist�ria. No centro do espa�o est� um Fiat 147, o primeiro autom�vel produzido pela montadora no Brasil (foi fabricado entre 1976 e 1986). O ve�culo exposto � especial – � a primeira unidade do modelo movido a etanol. Tanto por isso, atende pelo apelido de “Cachacinha”. No vidro frontal do carro � exibido o comercial que o lan�ou.
Dando sequ�ncia � mostra, h� dois setores ligados � hist�ria da montadora. Um painel apresenta a evolu��o da logomarca da Fiat – ou Fabbrica Italiana Automobili Torino, como foi batizada em 1899. P�steres e v�deos acompanham a evolu��o dos modelos e do design publicit�rio.
MURAL
Por fim, o artista Fl�vio Vignolli, o coletivo 62 Pontos e o QuartoAmado criaram um grande mural com 200 p�steres lambe-lambe, propondo o di�logo com as culturas mineira e italiana atrav�s da poesia. A inspira��o veio dos poemas Nel mezzo de cammin di nostra vita (No meio da jornada da nossa vida, de Inferno, da Divina com�dia), de Dante Alighieri, e No meio do caminho (do livro Alguma poesia), de Carlos Drummond de Andrade.
Presidente da Casa Fiat, Fern�o Silveira lembra que Percorsi italiani � a segunda exposi��o consecutiva (vem na sequ�ncia de Beleza em movimento, dedicada ao design automobil�stico) que prop�e a aproxima��o da cultura com a empresa mantenedora do espa�o. “Mas n�o � uma mudan�a de rumo (da Casa Fiat). Tanto que, no primeiro semestre de 2020, haver� uma grande exposi��o de arte, in�dita no Brasil”, promete.