Pizza ganha vers�o mineira com massa de p�o de queijo e ingredientes locais

P�o de queijo e pizza. Imagina juntar duas paix�es nacionais em uma s� mordida. Foi exatamente o que fez a Nuu Alimentos, empresa fundada pela mineira Rafaela Gontijo.

 

A pizza de p�o de queijo � uma massa de polvilho coberta com bastante queijo e outros ingredientes mineiros, como lingui�a e doce de leite. Voc� sente a croc�ncia da casquinha do p�o de queijo e a sucul�ncia do recheio da pizza. Ou seja, o melhor dos dois mundos.

 

 

A ideia surgiu de um erro. Na �poca, a Nuu transformava o seu p�o de queijo em “p�o” de hamb�rguer. Para isso, descongelava e modelava a massa de um jeito diferente. Um dia, alguns pacotes descongelados sobraram e o chef Erik Nako, s�cio de Rafaela, resolveu fazer uma pizza.

 

Dessa experi�ncia at� o produto vendido hoje foram quase dois anos de pesquisa e desenvolvimento. Os s�cios chegaram ao tamanho de uma pizza brotinho para que a massa fique crocante por inteiro e caiba em qualquer fritadeira el�trica, uma das indica��es de preparo. Tamb�m d� para ass�-la em forno convencional, forno el�trico e frigideira.

 

A marca trabalha com sabores tipicamente mineiros. O pepperoni sai para a lingui�a defumada artesanal entrar, enquanto o requeij�o substitui o catupiri na pizza de frango defumado. Em vez de chocolate, as pizzas doces s�o cobertas com doce de leite e goiabada. Em todas elas, o queijo minas artesanal de leite cru ocupa o lugar que seria da mu�arela.

 

Com a exce��o do polvilho, todos os ingredientes s�o produzidos em Patos de Minas, onde fica a f�brica, ou nas redondezas. Manjeric�o e alecrim s�o colhidos na horta. “Temos o compromisso de trazer inova��o, mas tamb�m de preservar a nossa hist�ria e a nossa cultura”, pontua Rafaela, que nasceu e cresceu em Patos de Minas.

Como a massa n�o leva farinha de trigo (apenas polvilho), a pizza de p�o de queijo acaba atraindo quem n�o consome gl�ten. E a marca j� estava de olho nesse p�blico, acompanhando uma tend�ncia mundial.

 

“Vimos que nos Estados Unidos o mercado de pizza sem gl�ten estava crescendo e isso chegaria ao Brasil. S� que a maioria das massas s�o � base de couve-flor ou gr�o-de-bico, muito fitness, e as pessoas querem comer um produto gostoso.”

 

 

A hist�ria da Nuu come�ou h� sete anos com o p�o de queijo tradicional. Rafaela morava no Rio de Janeiro, trabalhando em uma multinacional, e costumava levar para os amigos a massa que comia na fazenda da fam�lia, em Patos de Minas.

 

O sucesso era tanto que ela quis pesquisar sobre esse mercado. “A verdade � que o p�o de queijo foi industrializado, virou quase uma commodity. Ent�o, de forma impetuosa, larguei tudo para empreender.”

 

Rafaela e Eric fizeram uma expedi��o de BH a Patos de Minas provando todo p�o de queijo que encontravam pelo caminho. No total, foram mais de 100. Antes dos testes, eles ainda buscaram em cadernos de receitas (inclusive da av� dela) o modo antigo de fazer a massa. “Vimos que n�o existe segredo nenhum. O que faz um bom p�o de queijo � a escolha dos ingredientes”, comenta.

 

Inicialmente, os s�cios vendiam o p�o de queijo em feiras. Depois entraram em uma grande rede de supermercados do Rio de Janeiro e chegaram a ter uma loja tempor�ria na cidade. A empresa dobrava de tamanho ano ap�s ano, at� que chegou a pandemia.

 

“Decidimos que �amos parar de crescer e mergulhar nos processos para entender o impacto que a nossa produ��o ia gerar para os nossos filhos.” Naquele momento, eles compravam queijo e leite de pequenos produtores e terceirizavam a produ��o.

A Nuu hoje se prop�e a ser uma ind�stria regenerativa, o que significa adotar pr�ticas sustent�veis e reduzir a emiss�o de carbono em toda a sua cadeia. Para isso, construiu uma f�brica pr�pria, inaugurada em outubro do ano passado, seguindo todos os crit�rios de sustentabilidade.

 

 

A empresa tamb�m investe em fazendas-modelo (as duas primeiras s�o de queijo e ovo) para incentivar seus fornecedores, que s�o pequenos produtores rurais, a seguirem o mesmo caminho.

 

“Demora mais ou menos 20 anos para transformar uma �rea do agroneg�cio tradicional em agrofloresta com biodiversidade”, aponta Rafaela, orgulhosa do pr�mio da Organiza��o das Na��es Unidas (ONU), que elegeu a Nuu como um dos 50 melhores pequenos neg�cios regenerativos do mundo.

 

Do ponto de vista das receitas, os s�cios trabalham pela valoriza��o dos ingredientes locais e querem sempre extrair o melhor deles. “No fim, tudo tem que ter sabor. Precisamos entregar produtos que fa�am o consumidor dizer 'nuu' de t�o gostoso”, destaca a empreendedora, em refer�ncia � interjei��o que os mineiros falam quando comem algo muito bom e que virou o nome da empresa.